Texto com spoilers, contendo a minha opinião sobre o jogo, especialmente o final.
A impressão que tive no final do episódio é que a Guardiã ficou desacordada por muito tempo e neste período teve alucinações. Talvez tivesse sido atingida durante a guerra, não vendo o que realmente aconteceu depois. Com isso, seria possível fazer com que os paqueras regressem, mantendo o suspense até o começo da nova temporada, que explicaria o que aconteceu enquanto ela estava desacordada. Mas, isso seria sonhar e se iludir demais, não é?
Mas, voltando ao foco, vou elencar tudo o que, a meu ver, ficou sem sentido, ou no mínimo, desenvolvido de modo duvidoso...
No meio de uma guerra, a Guardiã, além de não conseguir matar ninguém (golpeia, mas deixa fugir), ainda ficou sapateando de um lado ao outro, como se fosse uma moça de recados. Se ela é incapaz de matar, por motivos morais, então deveria ter permanecido na enfermaria, cuidando dos feridos. Ou deveria ter desenvolvido o seu poder para ajudar na proteção dos seus aliados.
E por falar em matar... A Guardiã mostrou desde o começo que tinha horror a assassinatos. Ficou extremamente abalada com a execução da Yvoni, uma ilustre (e perigosa) desconhecida, e, no entanto, perdoou o Leiftan com grande facilidade, mesmo ele tendo matado a Ykhar, uma amiga dela. No mínimo, incoerente.
Desde o começo fica claro que a Guardiã era uma espécie de escolhida, predestinada, alguém que não estava em Eldarya por acaso. Então, o seu sacrifício não foi particularmente chocante, ainda que o seu propósito naquele lugar pudesse ser outro (uma salvação metafórica, por exemplo). O ponto falho é que não faz sentido apenas duas pessoas, por sinal enfraquecidas (Leiftan com metade da vida, e ela uma faelien), conseguirem não apenas restaurar o Cristal e consequentemente salvar Eldarya, mas também tornarem a produção das terras nutritiva. O sacrifício de milhares foi necessário para criar Eldarya, como então apenas dois seres conseguiriam tamanha proeza? Seria mais aceitável se o sacrifício da Guardiã e do Leiftan tivesse restaurado apenas parte do Cristal, mantendo o mundo ainda instável.
Isso sem contar na súbita vontade do Leiftan de salvar Eldarya sendo que, poucos episódios antes, seguia normalmente com os seus planos. Uma personagem pode, sim, mudar, mas precisa de um processo de regeneração, algo que não aconteceu por completo. A impressão que ficou é que ele se dispôs a lutar e se sacrificar unicamente porque o seu plano tinha sido descoberto. Faltou um processo de sincero arrependimento nesse percurso. Algo que poderia ter começado a acontecer quando Lance passou a ameaçar a Guardiã.
Como dito, desde o começo foi sugerido que a Guardiã seria importante para Eldarya. Então, eis que, do nada, aparece uma profecia para o Valkyon no último episódio. Outro grande furo, a meu ver, pois uma boa história se constrói com pistas. Deveriam ter, pelo menos, sugerido essa profecia logo que visitaram os dragões em Memória. Ou o Valkyon poderia ter tido alguma espécie de sonho profético alguns episódios antes, logo que descobriu a verdade sobre o Lance. Outra falha é que uma profecia costuma não ser interpretada corretamente logo que aparece, ou é tratada como um mistério, que longamente atormenta quem a recebe. O Valkyon, por sua vez, a compreendeu de imediato, e pareceu não se incomodar com isso. O pior é terem feito todo um ritual complexo só para que ele soubesse dessa profecia, que não alterou em nada a história, uma vez que o Valkyon já estava disposto a enfrentar o irmão e sabia dos riscos: um deles acabaria morto, ou ambos. Essa profecia, a meu ver, parece uma desculpa esfarrapada para eliminar “plausivelmente” uma rota.
Mesma desculpa utilizada para eliminar o Leiftan, uma vez que em nenhum momento tinha sido sugerido (exceto neste episódio) que o seu sacrifício poderia salvar a todos. Deveriam ter sugerido uma profecia, envolvendo os Daemons e Aengels, logo quando os problemas começaram a se agravar. Por exemplo, algum livro profético, encontrado pelos Fenghuangs (já que a biblioteca de Eel foi destruída).
Aliás, durante todo o jogo, a Guardiã foi exaltada como "A prometida", e também a elogiaram por ter mudado a vida de todos. Mas, sinceramente, não vi mudança alguma. Os membros da guarda passaram a ponderar mais os seus comportamentos depois de terem errado ao obrigarem-na a beber aquela poção do esquecimento. No entanto, esse tipo de redenção poderia ter acontecido caso errassem com qualquer outro membro da guarda. E tendo vindo da Terra, um lugar desenvolvido tecnologica e cientificamente, ela poderia ter dado contribuições muito mais significativas àquele mundo. Mas, a única ideia que teve foi a de utilizar uma máscara de oxigênio na caverna tóxica. Claro, não seria coerente ela implementar a internet em Eldarya, ou começar uma revolução industrial. Mas, não era impossível usar os seus conhecimentos para facilitar a vida naquele lugar. O que quero dizer é que, de novo, essa empresa apresentou uma protagonista muito fraca e desenvolvida de modo falho.
Outra bizarrice foi o Nevra precisando de sangue da Guardiã para se controlar. Com tanto cadáver no chão, ele não poderia ter se saciado facilmente? Aliás, tive a impressão de que a Karenn estava justamente fazendo isso. Não me parece coerente ter que beber o sangue de uma aliada, correndo o risco de enfraquecê-la, tendo opções melhores. Nesse ponto, podem dizer que o sangue humano é melhor, é mais nutritivo, ou algo do tipo. Se for assim, como ele se nutria antes da chegada da guardiã? Além disso, litros e mais litros de sangue eldaryano não seriam tão eficientes quanto apenas um pouco de sangue faelien?
Outro ponto que me pareceu, no mínimo, peculiar, foi abordar a sexualidade da Ewelein (que apenas sabíamos ter se relacionado com o Ezarel, um homem) e a Huang Hua no final. Isso poderia ter aparecido muito antes, para não ficar aquele clima de "hum, conheço isso de algum lugar". Isso mesmo, estou falando da Docete. A impressão que tenho é que colocaram essa relação no final para transformar uma das duas em paquera na próxima temporada (e eu aposto na Huang Hua, visto que ela se sacrifica por amor, mas não fica nitidamente claro quem é a sua amada, visto que a Guardiã também foi salva). Se isso acontecer, vamos ter uma reprise do que foi AD: de repente, a protagonista resolve ser bissexual, acontecendo uma abordagem muito falha de um tema tão sensível e importante. Acredito que, sim, deve haver diversidade no jogo, mas isso parece acontecer por pressão das jogadoras, e não por vontade da empresa, que sempre começa os seus jogos com paqueras exclusivamente masculinos (e, por sinal, alguns deles de caráter muito questionável), o que sugere que a protagonista é heterossexual. Até mesmo Brookly 99, uma série de humor, abordou mais sobria e sensivelmente o argumento bissexualidade.
Quanto ao dito cujo, me parece claro que se tornará um paquera na próxima temporada, isso porque a Guardiã vê arrependimento em seu olhar. Se o arrependimento do Leiftan já parece questionável, imagine o do Lance. Ele teve todas as oportunidades para se arrepender e parar com a sua vingança, e então, eis que se arrepende só depois de matar o próprio irmão? O Lance, assim como o Valkyon, sabia que a profecia envolvia morte. De modo que se insistiu na vingança, é porque estava disposto a matar e a morrer. O que está feito, está feito. Não me parece haver espaço para o arrependimento neste ponto. Seria sincero caso ele tivesse avançado para matar o Valkyon e, neste exato momento, hesitasse e desistisse.
Aliás, essa vingança é algo que ainda precisa ser esclarecido, uma vez que Lance parece ter mudado da água para o vinho sem um motivo plausível. Descrito por todos como alguém bom, por que mudou tanto? Só por causa do sacrifício dos seus antepassados? Se assim o fosse, nunca teria mentido para o próprio irmão, que também é um dragão. Teria sido mais coerente se ambos tivessem vivido sozinhos e em segredo, desenvolvendo os seus poderes e, quando preparados, tivessem saído em busca de aliados. Mesmo que tenha descoberto tardiamente sobre o sacrifício, quando já estava na guarda, ainda assim não faria sentido abandonar o seu irmão.
O Leiftan, nesse aspecto, foi construído de modo um pouco mais coerente, uma vez que visava vingar a morte de entes queridos, buscando construir um mundo ideal (e não me parece que ele queria destruir Eldarya, apenas reconstrui-la) para as pessoas que amava, ainda que isso envolvesse certos sacrifícios, como matar inocentes. Afinal, “os fins justificam os meios”. E, como dito, reconstruir, uma vez que ele precisa de um mundo no qual possa viver. Já o Lance parecia não pensar se haveria um lugar para ele próprio viver. Apenas queria destruir tudo, e pronto. Acredito que a graça da vingança é poder desfrutá-la, e como
o Lance poderia fazer isso estando morto?
Bem, essas são as minhas principais críticas ao jogo, excluindo muitos outros pontos falhos no decorrer da história, como: o fato de a Guardiã perdoar a todos com grande facilidade, sem sentir qualquer tipo de rancor; o apetite sexual incontrolável das personagens, que transavam nos piores momentos possíveis (depois de guerras, em meio a mortes e sumiços, depois de enterro, etc.); o fato de o Leiftan nunca ter tentado aliciar a Guardiã, mesmo quando ela estava com raiva da guarda (não seria mais coerente ter a amada ao seu lado, lutando do seu lado, e não do lado oposto?); o fato de a rota do Ezarel ter parecido banal e curta se comparada à rota do Leiftan e do Valkyon (aliás, mesmo sendo longas, estas duas últimas rotas se mostraram superficiais, pois pouco abordaram os sentimentos das personagens diretamente implicadas no conflito); a história de Ykhar, que ficou incompleta (como e quando Leiftan sequestrou os seus pais, o porquê de querê-la como aliada, etc.); o amor de Alajéa por Nevra que, de repente, simplesmente sumiu; a inexistência do arco do Nevra (poderiam tê-lo desenvolvido logo depois do Ezarel, antes dos principais arcos, que desencadeariam no fim do jogo); a inexistência do arco da própria Guardiã, uma vez que não sabemos como ela tem sangue Aengel, e o porquê de ser a escolhida; entre outros detalhes que me escapam agora.
Mudando novamente de assunto...
Vendo as imagens e tendo em mente alguns pontos do último episódio, tenho algumas apostas. "Um adeus solene": a impressão é que Ezarel ficará sumido por um longo tempo, arriscaria dizer, inclusive, que pode regressar com a personalidade completamente modificada, depois de passar por uma espécie de período sabático. "O Yin e o Yang": creio que a nova protagonista será a junção das personalidades e poderes da Guardiã com o Leiftan (uma espécie de “filha”), ainda mais porque no decorrer do episódio insistiram que o destino dos dois estava ligado. "O adeus do dragão": Valkyon não regressará, uma vez que está morto, mas o seu espírito pode agir como uma espécie de mentor (Grilo Falante) da nova protagonista. "Eu o salvarei": a empresa o salvará de sumir ou ser modificado. Acredito que pela popularidade e pelo fato de não ter tido um arco, Nevra estará na próxima temporada. Ressalto que acredito que Lance e Huang Hua serão os novos paqueras. Outra possibilidade: passou-se muito tempo desde o ocorrido, logo as personagens serão mais velhas. Nevra, Ezarel, Lance e os demais vivos estarão presentes, mas não como paqueras. Talvez o Chrome se torne um paquera, e/ou os descendentes de Nevra e companhia...
Quanto ao Lance: para se tornar digno de ser paquera, precisaria passar por um longo processo de regeneração, pagando pelos seus erros e sofrendo muito, tendo a consciência constantemente assombrada (e mesmo assim eu JAMAIS o teria como paquera, uma vez que sou viúva por sua causa). E, no entanto, sei que será apresentado já com a sua máscara de mocinho arrependido. Mais uma falha da história.
Quanto às rotas, sinceramente já não me importo, farei o mesmo que fiz com AD, caso realmente o meu paquera esteja morto, e a protagonista seja a mesma: fingirei que o jogo acabou assim mesmo.
Peço desculpas pelo tamanho do meu texto, e também me desculpo caso a minha opinião possa ofender alguma jogadora.
Obs.: esse texto é uma revisão daquele que postei na Wikia (página sobre o Episódio 30) anonimamente.
"Combatterò, non perderò l'orgoglio di un guerriero che non muore mai".