❝ ＮＥＦＥＬＬＥ ❞

〖 35 • Lorialet • Sacerdotisa • Neutral good 〗

☾ＨＥＲＥ☽

⚠ ＷＡＲＮＩＮＧ ⚠

Nefelle está disponível para relacionamentos de amizade, apenas.

ＦＩＣＨＡ　ＡＴＵＡＬＩＺＡＤＡ
Personalidade + Background adicionados!

A LÂMIA DA GRUTA DE EEL

A Lâmia da Gruta de Eel
PALAVRAS: 285     +16
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Desde o episódio onde crianças desapareciam, de forma misteriosa e inexplicável, do Refúgio de Eel, boatos começaram a surgir entre os moradores, os quais atribuíram os desaparecimentos a uma lenda em particular… a lenda da Lâmia.

[...]

A Lâmia está presente nas diversas culturas do povo de Eldarya, em diferentes formas e nomes, mas a forma que se popularizou foi a versão das queres da Ilha das Setes Cidades. De acordo com a mulheres, a Lâmia era um espírito de uma antiga rainha quer chamada Otrera. Poderosa, bela e benevolente, Otrera despertou o interesse do deus Zeus, com o qual se deitou e teve três filhos, uma mulher e, para a infelicidade da quer, dois homens. Porém, o romance da rainha para com o deus enfureceu Hera, esposa do rei do Olimpo, que, cega pelo ódio, matou as únicas coisas que os uniam: seus filhos.

Otrera, devastada e traumatizada pela de sua filha, abandonou seu posto e fugiu, aos prantos, para a terra, que, no futuro, seria chamada de Eel. A rainha se escondeu em uma gruta e, ali, se matou, cortando sua garganta e arrancando suas cordas vocais. Entretanto, o descanso eterno não veio para a sua alma, com era o esperado. Em vez disso, seu espírito ficou preso ao véu que interligava o plano terrestre com o plano dos espíritos, se tornando, assim, vingativo e violento.

Desde então, Otrera vaga pelas terras de Eldarya, buscando vingança pela morte de sua primogênita e tentando preencher o vazio deixado por ela, sequestrando/atraindo crianças para a gruta onde morreu e as matando, para que a fizessem companhia em sua “jornada” de penitência, até que pudesse, enfim, entrar nos Campo Elísios e reencarnar em uma próxima vida.

━ ✧ F I C H A  D A  G U A R D I à ✧ ━

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❝ Lets  s h r i n k  the space , I want to hear your heart  r a c e ❞
S       O       U       N       D       T       R       A       C       K
「 S u g e r i d o   p o r   @ G r i m o i r e 」
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J  U  N  I  P  A   H  Y  M  E  T  U  S
「"hyme" [princesa em japonês] "cetus" [monstro em grego]」
【 15 ✦ Hibrido Sereia-Vampira「sereia (mãe); vampira (pai)」✦ Demissexual ✦ Alquimista ✦ Absinto ✦ Ezarel 】
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❝ A P A R Ê N C I A ❞ 
Pele de um pálido azulado, com discretas escamas azul-anil junto às orelhas de guelras cortadas, escondidas pelo longo e reluzente cabelo cor de fogo.
Seus olhos são de um azul claro fantasmagórico, tornando-se quase brancos quando se encontra no seu estado sedento.
Em redor dos seus olhos tem olheiras profundas e negras, consequente do seu esforço mental que faz diariamente.
Os seus lábios são pálidos, gretados  e por vezes ensaguentados, devido ao tique nervoso que tem de arrancar as suas peles com os caninos afiados.
Tendo 1.53m de altura apenas com 49kl, o seu corpo é delicado e frágil, mas o seu andar é suave e flutuante, tão leve que seus pés sempre descalços parecem não tocar no chão.
Veste essencialmente roupas de tons claros, inclusive branco, azul claro e dourado. Tem preferência por saias e durante as suas missões gosta de vestir camadas sobre camadas de roupa, para se proteger do sol. Dentro das paredes de Refúgio de Eel, apenas se reveste com as suas longas saias e tops para cobrir o peito, sempre de ombros desnudados e pés descalços.


❝ P E R S O N A L I D A D E ❞
Junipa é uma criatura que transmite a ingenuidade típica das sereias no seu estado natural -sem estar sob influência da sede de sangue- bastante reservada e desconfiada desde que fugira das Profundezas e começara a viver em Refugio de Eel. Devido à sua desconfiança, aprendera a observar e a desenvolver a sua perspicácia, no entanto, é no seu estado sedento, com a sua outra metade vampírica, que Junipa fica mais vulnerável e revela os seus verdadeiros sentimentos, bem como a sua verdadeira pessoa.
Ela demonstra a sua faceta provocadora e sensual, fazendo piadas lascivas e os seus ciúmes derivados da sua insegurança e falta de auto-estima, porque, Junipa, após ver-se sozinha e sem ninguém em Eel, sente necessidade de ser amada e de amar alguém, tornando-se uma obsessão. Quando rejeitada no estado sedento, tem ataques de ansiedade e depressão, sem conseguir controlar as suas emoções, julgando-se odiada.
No fundo, Junipa ainda contém a sua ingenuidade e infantilidade do passado e tem igualmente necessidade de contacto, o qual demonstra bastante com Ykhar. No fundo, Junipa ainda age como uma criança, devido ao seu passado.
Após satisfazer a sede, retorna ao seu estado normal, e não se recorda de nada do que sucedera no seu estado sendento.
Ou pelo menos, é o que afirma, porque a sua vergonha pelos seus atos cometidos é tanta que prefere remeter-se ao esquecimento fingido.


❝ H A B I L I D A D E S ❞
「Poções」
As poções são a sua praia.
Após anos de vida de volta das suas experiências,
descobriu diversas misturas uteis que permitem curar ferimentos,
fazer explodir inimigos e fortalecer os aliados.
Com as suas poções, Junipa sente-se util e poderosa.

「Rapidez Silenciosa」
Apesar da sua figura ser magra e frágil,
Junipa consegue tirar proveito dela devido
às suas capacidades vampíricas. Tendo vivido
toda a sua vida submarina com uma barbatana
de sereia, na superficie Junipa conseguiu
desenvolver a sua agilidade e rapidez, sem
fazer o menor ruido, típicos dos vampiros,
e em caso de retirada, saber correr rápido
é sempre vantajoso.

「Cântico da Sirene」
As suas origens marítimas concederam-lhe
uma voz bela de encantar qualquer criatura.
Junipa desenvolve essa capacidade para atrair
vítimas, caso queira satisfazer a sua sede
e para matar os seus inimigos nas suas missões.

「Olfato e Audição Apurados」
Sendo outra característica dos vampiros,
o seu olfato permite-lhe localizar
e identificar os seus inimigos e aliados
através dos diferentes cheiros e a audição
facilita-lhe a escuta para conversas e sons.


❝ F R A Q U E Z A S ❞ 
「Ela Mesma」
A sua instabilidade emocional sempre prejudica
o seu desempenho e auto-estima. Sendo insegura
a tomar decisões, acaba por sofrer as consequências
mais tarde ou mais cedo. O facto de não conseguir
controlar a sua sede também destabiliza
as suas capacidades, mas, com a ajuda de
Nevra, tem havido algumas melhorias.

「Luz Solar」
Devido à sua descendência vampiríca paterna,
a luz do sol drena-lhe maana e Junipa
perde energia e agilidade caso esteja
exposta ao sol durante algum tempo,
ficando mais vulnerável.

「Ykhar e Ezarel」
São as suas obsessões, as pessoas mais importantes
para ela na sua nova vida. Junipa fará de tudo
para os proteger, mesmo o mais insensato.


❝ I T E M S  D E  C O M B A T E ❞
━ Poções com misturas explosivas Com o alargar de conhecimentos no estudo da Alquimia
em Refúgio de Eel, Junipa explorou o lado mortífero das poções e como se pode defender
com elas, um aspeto essencial para a sua sobrevivência no Mundo do Fogo.

━ Armas brancas [faca presa com uma liga à coxa] Valkyon concedeu-lhe uma faca durante
os seus treinos para Junipa aprender a manejá-la e para se defender em situações críticas.

━ Presas Mal as suas presas se ferram na carne da vítima, esta não tem hipótese.
Com uma substância que estimula sexualmente a vítima, esta não sente dor
enquanto Junipa lhe suga o sangue e perde a vida lentamente.


❝ H O B B I E S ❞
Fazer poções ✦ cantar ✦ tocar harpa e harmónica ✦ artesanato ✦ aprender a ler e a escrever ✦ aprender a assobiar


❝ B I O G R A F I A ❞
Junipa vivia nas Profundezas com a mãe doente e os seus oito meios-irmãos, sendo ela a mais nova.
Devido à sua natureza vampírica, não lhe era permitido ultrapassar os limites impostos pelos irmãos nas suas explorações no mar, pois as restantes sereias viam-na como uma ameaça a abater.
Junipa era sempre acompanhada por um dos meios-irmãos para a proteger, caso fosse avistada. Das suas explorações, recolhia materiais para as suas poções experimentais, embora o essencial fosse para uma poção que transformaria a barbatana em pernas, que Junipa tentava descobrir a mistura correta, pois queria levar a mãe para a superfície, e aí encontrar a cura para a sua doença. Mas enquanto se empenhava nessa exaustiva tarefa, a sede de Junipa intensificava-se, e os meios-irmãos já não a conseguiam satisfazer com os peixes libélulas que traziam das suas caçadas. Junipa necessitava de mais sangue, em maiores quantidades e melhor qualidade.
Contudo, um incidente numa das suas explorações entre si e Anantis, um dos meios-irmãos, obriga-a a fugir, sendo descoberta por outras sereias que a perseguem e a atacam. Junipa acaba por ser encontrada, inconsciente e ferida, por Lian, o meio-irmão mais velho,  que lhe dá a poção que tanto ansiara fazer para a mãe mas este diz que a poção é para si, para partir e refugiar-se no Mundo do Fogo, nome que a família dava à superfície. Junipa chega à Orla da Cidade de Eel nua, fraca e sedenta. Num acesso de loucura, corta as guelras das orelhas, bem como remove a sua pintura facial para não conter nenhuns vestígios das suas origens e para não ser associada às Profundezas.
No seu âmago, Junipa queria esquecer o seu passado, mas, agora que se encontrava na superfície, iria descobrir a cura para a mãe, custe o que custar.
Mas, após vaguear durante horas, o cheiro a sangue das suas guelras atrai um Black Dog e ataca-a na floresta, sendo salva por Ezarel que a leva para o Refúgio de Eel, julgando estar acompanhado por uma vampira.

━ ✦ ━

━ ✧ T R I V I A ✧ ━

━ ✦ ━

❝ E L A  S E  D Á  B E M  C O M  O  L Í D E R  D E  S U A  G U A R D A  ? ❞
Enquanto que a sede turva a mente vampira da guardiã, Ezarel destabiliza o coração de sereia nela. Sendo competitiva por natureza, Junipa esforça-se para cumprir as ordens do seu líder evitando demonstrar o seu ciúme silencioso para com os outros membros femininos da guarda.


❝ O  Q U E  E L A  P E N S A  D E  M I I K O  ? ❞
Apesar do seu ódio por mulheres, nomeadamente mulheres autoritárias como a kitsune, Junipa obdece-lhe como sua superior e ao longo das suas interações apercebe-se de que Miiko não é tão arrogante como transparecera no início. No entanto, não chega aos calcanhares de Ykhar para ela.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  A L G O  D E  A L Q U I M I A  ? ❞
Bastante. Junipa passou a vida enclausurada à ignorância da vastidão do mar a fazer poções e, mais tarde, a encontrar um método para levar a mãe à superfície.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  A L G O  D E  C O M B A T E  C O R P O  A  C O R P O  ? ❞
O seu meio-irmão mais velho ensinou-lhe técnicas de auto-defesa caso fosse futuramente necessário contra alguma sereia que a atacasse.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  M A N U S E A R  A L G U M  T I P O  D E  A R M A  ? ❞
Apenas armas brancas que os meios-irmãos traziam das suas explorações mais distantes, falando em intrigantes barcos naufragados que espicaçavam a curiosidade dela.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  T O C A R  A L G U M  T I P O  D E  I N S T R U M E N T O  ? ❞
Uma harpa que ela mesma criou nos seus dias nas Profundezas.
E uma harmónica oferecida por Paps.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  C O Z I N H A R  ? ❞
Junipa é o terror na cozinha. Embora a lógica não seja muito diferente da Alquimia, quando ela não queima a comida, deixa-a ou muito apimentada ou muito salgada...ou ambos, porque ela tem preferência por paladares agressivos.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  A L G O  D E  J A R D I N A G E M  ? ❞
Tendo em conta o tempo que passou debaixo do mar, desconhecia essa atividade até chegar a Eel.


❝ M O D I F I C A Ç Õ E S  C O R P O R A I S  ( T A T U A G E N S , P I E R C I N G S , E T C )  ? ❞
Junipa tinha uma pintura facial que removeu após a sua chegada ao Mundo do Fogo, que representava as suas origens como sereia das Profundezas, bem como cortou as suas guelras junto às orelhas, para a sua identidade não ser revelada.


❝ C I C A T R I Z E S  ? ❞
Uma. Na barriga de ambas as pernas, quando foi atingida na barbatana por um tridente enquanto era perseguida pelas sereias. Parecem três estrelas, cada uma corresponde ao furo dos dentes do tridente, um na perna esquerda, dois na perna direita.


❝ C O R  F A V O R I T A  ? ❞
Tudo o que lhe relembre o mar, incluindo o cabelo de Ezarel e os olhos de Ykhar.


❝ S O M  P R E F E R I D O  ? ❞
A ondulação do mar, a voz de Ykhar quando lhe conta histórias e o riso de Ezarel.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  C O S T U R A R  ? ❞
"O que é isso?" Pergunta Junipa.


❝ Q U E  V O Z  C O M B I N A  C O M  S U A  O C / Q U E M  G O S T A R I A  Q U E  D U B L A S S E  S U A  O C  ? ❞
Junipa tem uma voz aguda, baixa, controlada e rouca no seu estado normal, indo contra a habitual voz cristalina de sereia, pois essa "sujidade" na sua voz era vista como uma característica desvantajosa nessas criaturas.
Mas quando canta, sempre num tom baixo e melancólico, a sua voz é hipnotizante.
Durante o seu estado sedento, a rouquidão acentua-se, havendo ainda um descontrole de entoações graves e agudas.
Voz mais aproximada da sua [não foi inspirada nela]: Aqui


❝ S U A  G U A R D I à T E M  S O T A Q U E  ? ❞
Não.


❝ C O I S A  M A I S  E S T R A N H A  S O B R E  E L A  ? ❞
Todas as manhãs, sempre que acorda, a primeira coisa que faz é verificar se ainda tem as pernas e contar os dedos dos pés, certificando-se de que está tudo em ordem.


❝ S U A  G U A R D I à C O L E C I O N A  A L G O  ? ❞
Junipa coleciona sempre materiais para as suas experiências e, desde que aprendeu a ler e a escrever em Eel, nas suas missões e explorações, leva sempre consigo um bloco para apontar os nomes dos organismos desconhecidos.


❝ O  Q U E  S U A  G U A R D I à M A I S  T E M E  ?  E S S E  M E D O  P O D E  S E R  C O N S I D E R A D O  U M A  F O B I A  ? ❞
Teme perder a mãe e que descubram as suas experiências nas instalações do Refúgio de Eel para descobrir uma cura para a sua doença.
Tem medo de ser perseguida e medo da escuridão.


❝ S U A  G U A R D I à S A B E  C A N T A R  ? ❞
Sim.


❝ O  Q U E  S U A  G U A R D I à P E N S A  D O  O R Á C U L O  ? ❞
Considera uma criatura intrigante que a deixa curiosa, mas acima de tudo desconfiada. Porque Junipa nunca confia no desconhecido.


❝ Q U A L  F O I  O  M O M E N T O  M A I S  T R A U M Á T I C O  P E L O  Q U A L  S U A  G U A R D I à J Á  P A S S O U  ? ❞
Quando foi assediada por um dos meios-irmãos e, consequentemente, descoberta, perseguida e atacada por outras sereias. É um trauma que tem.


❝ E  O  M O M E N T O  M A I S  F E L I Z  ? ❞
Nenhum que se destaque, não de momento.


❝ A L G O  B O B O  Q U E  E L A  T E N H A  F E I T O  E  D O  Q U A L  S E  E N V E R G O N H A  ? ❞
Quando bebeu o sangue de Ezarel num momento em que se encontrava possessa pela sede.


❝ C O M O  S U A  G U A R D I à A G E  E M  M I S S Õ E S  ? ❞
Em missões de recolha de materiais ou de exploração, sente-se confiante e dá o seu melhor porque o seu espirito aventureiro desperta, como quando explorava o mar. Mas em caso de combate, inicialmente era preocupante porque, devido ao seu trauma, Junipa ficava petrificada, nomeadamente quando corriam na sua direção com alguma arma.


❝ S U A  G U A R D I à S E  P E R D E  C O M  F A C I L I D A D E  ? ❞
Não, devido à grande capacidade de memorização visual que tem.


❝ C O M  Q U E  F R E Q U Ê N C I A  S U A  G U A R D I à F A L A  P A L A V R à O  ? ❞
Pouca ou nenhuma. São palavras que lhe eram desconhecidas nas Profundezas, e em Eel, apenas repetia-as pela sua estranheza, ignorando a sua obscenidade.


❝ S U A  G U A R D I à B E B E  ( B E B I D A S  A L C O Ó L I C A S )  ? ❞
Sim, bastante. Desde que Valkyon dera a conhecer essas bebidas, Junipa tornou-se ligeiramente viciada, principalmente porque lhe permite limpar a mente . Mas é pouco tolerante ao álcool.


❝ S U A  G U A R D I à E X E R C I T A  M A I S  O  C O R P O  O U  A  M E N T E  ? ❞
Mente, pois não só se empenha em controlar as suas emoções instáveis como tenta controlar a sua sede, com a ajuda de Nevra.


❝ S U A  G U A R D I à T E M  A L G U M  D O M / T A L E N T O  ? S E  S I M ,  C I T E  Q U A I S . ❞
Fazer poções, cantar, fazer artesanato, tocar harpa.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  A L G U M A  O B S E S S à O  ? ❞
Ykhar e Ezarel.


❝ Q U A I S  A S  M E T A S  P E S S O A I S  D E  S U A  G U A R D I à ? ❞
Controlar a sede, salvar a mãe e compreender os seus sentimentos para com Ezarel.


❝ S U A  G U A R D I à L U T A  A  F A V O R  O U  C O N T R A  A G U A R D A  D E  E E L  ? ❞
Ela é neutra. Só quer arranjar a cura para a mãe e voltar para as Profundezas. Ou assim pensava.


❝ S U A  G U A R D I à J Á  T E V E  I N T E R E S S E  E M  V I S I T A R  A  T E R R A  ? ❞
Não. Ela desconhecia a existência de outros mundos até chegar a Eel.


❝ A L G U M  P A R E N T E  D E  S U A  G U A R D I à J Á  V I V E U  N A  T E R R A  ? ❞
Sim, o pai.


❝ S U A  G U A R D I à M A N T I N H A  M A S C O T E S  D E S D E  P E Q U E N A  ? ❞
Não, embora desejasse ter um na infância.


❝ S U A  G U A R D I à J Á  H A V I A  I N G R E S S A D O  N A  G U A R D A  D E  E E L  Q U A N D O  O  C R I S T A L  F O I  A T A C A D O  ? ❞
O Cristal tinha sido atacado quando Junipa vagueava horas perdidas em Eel. Ela sentia-se bastante fraca, julgando ser apenas efeito negativo da luz solar e da sua sede.


❝ O  Q U E  O S  P A R E N T E S  D E  S U A  G U A R D I à P E N S A M  D E L A  T E R  E N T R A D O  P A R A  A  G U A R D A  D E  E E L  ? ❞
Eles não têm conhecimento da sua entrada para a guarda de Eel. No entanto, é provável que mais tarde apareça algum parente que ande a vigiá-la de longe ~suspense~


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  U M  S O N H O  ? ❞
Voltar a ver a mãe e os meios-irmãos.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  U M A  A M B I Ç Ã O  ? ❞
Criar uma cura para a mãe.


❝ S U A  G U A R D I à É  S U P E R S T I C I O S A  ? ❞
Não, nada.


❝ S U A  G U A R D I à J Á  D E S O B E D E C E U  A L G U M A  O R D E M  D A  M I I K O  ? ❞
Diversas vezes, principalmente no início, quando não gostava da kitsune. Agora tenta conter-se.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  A L G U M  S E G R E D O  O B S C U R O  ? ❞
As suas origens das Profundezas.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  A L G U M  T I P O  D E  M A N I A  O U  T O C  ? ❞
Sendo ansiosa, Junipa arranca frequentemente a pele dos lábios e morde o interior das bochechas com os seus caninos, acabando por chupar o sangue proveniente dos ferimentos.
Ela fá-lo inconscientemente.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  A L G U M  P A R E N T E  D E N T R O  D A  G U A R D A  D E  E E L  ? ❞
Sim, Nevra é seu meio-irmão da parte do pai, bem como Karenn, embora todos desconheçam esse facto.


❝ S U A  G U A R D I à P O S S U I  E S C O N D I D O  A L G U M  P E D A Ç O  D O  C R I S T A L  ? ❞
Junipa recolheu vários pedaços do Cristal quando estava perdida em Eel, pois foi nessa altura que o Cristal quebrara.
Ela acabou por os guardar no frasco onde continha a poção para transformar a sua barbatana em pernas, sem se aperceber do efeito positivo que eles tinham na estabilização da sua Maana.


❝ S U A  G U A R D I à J Á  S A L V O U  A  V I D A  D E  A L G U É M  O U  J Á  F O I  S A L V A  P O R  A L G U É M  ? ❞
Junipa foi salva por Ezarel quando o Black Dog a atacou na floresta e, vendo o frasco com pedaços do Cristal, levou-a à presença de Miiko para a interrogar.

━ ✦ ━

━ ✧ C U R I O S I D A D E S ✧ ━

━ ✦ ━

✧ Junipa odeia mulheres.
Como parte da sua vida interagiu apenas com a mãe e os meios-irmãos, encara os seres do seu género como uma ameaça, não só por lhe ser praticamente desconhecido e não saber como reagir perante eles, como também por os considerar rivais.
A única mulher com quem tem afinidade é Ykhar, principalmente por a sua personalidade lhe recordar a mãe.

✧ É sonâmbula.
O seu sonambulismo não era alarmante até que começa a ser afetada pelos seus Sonhos Vermelhos, isto é, quando sonha que está no seu estado sedento. Caso esteja a ter um Sonho Vermelho, o sonambulismo é mais grave, levando-a à procura de uma vítima através do cheiro para lhe beber o sangue.

✧ Quando chegou a Refúgio de Eel, não sabia ler nem escrever.
Devido a essa limitação, desenvolveu a memória visual, à qual recorria quando necessitava de decorar os materiais para as receitas das suas poções.

✧ É mortal.
Devido às suas descendências mestiças e sendo meia-irmã de um vampiro puro que não é imortal, a esperança média de vida da sereia-vampira é longa, mas não imune à morte pela idade.

✧ Ama salsicha.
Mesmo tendo conhecimento de que não necessita de comida humana para se alimentar, pois Junipa nunca tem fome, apenas sede, desde que Chrome lhe deu a provar uma carne que lhe era totalmente desconhecida mas absolutamente deliciosa,
Junipa começou a gostar bastante de salsicha, principalmente quando acompanhada com Hidromel.

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━ ✧ S P O I L E R S ✧ ━

A V I S O   ✦   ━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━
Nesta seção irei incluir spoilers de desafios de escrita para melhor compreensão do roteiro e arco da OC.
No entanto, se tiveres preferência em ler os desafios de escrita sem spoiler, sugiro que não prossigas daqui e feches a seção.
Os spoilers serão descritos vagamente, para que os desafios de escrita não percam o interesse,
e só incluirei os que considero necessários para a compreensão da personagem.
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━   ✦    G R A T A


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❝ TODOS OS TEUS  A T O S  TÊM CONSEQUÊ N  C   I    A      S    .   .  . ❞
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✧ Ezarel não ama Junipa.
Embora admire a pequena vampira pelos seus conhecimentos de alquimia e se divirta bastante com ela, Ezarel não nutre sentimentos amorosos pela mesma.
Junipa acabará por se aperceber e descobrir a resposta pela qual há tanto esperava, mesmo não sendo a mais desejada.


✧ Junipa e Chrome tornam-se amigos "coloridos".
Após a rejeição de Ezarel, Junipa recorre-se à presença animada de Chrome, ultrapassando a dor com as reclamações do amigo e com os seus que a ajudavam a recordar-se como se sorria.
No entanto, à medida que a sua afinidade pelo pequeno lobisomem crescia, a sua preocupação pela cegueira amorosa que tinha por Karenn aumentava, pois receava que a frieza da vampira ferisse os sentimentos do amigo.
O pior sucede, e Karenn revela a sua verdadeira faceta numa conversa com Alajéa que Chrome calhou em escutar.
Este fica destroçado ao descobrir o desprezo que a sua paixão tinha por ele e Junipa, reconhecendo sua própria dor refletida no olhar do amigo que tanto desejara não ver, reconforta-o, sabendo quais as palavras e os silêncios que ele precisava de ouvir.
Desde então, a sua amizade estreita-se em algo mais quente, que lhes acelera os corações sempre que se encontram na presença um do outro e que lhes queima a pele quando se tocam sem querer.
Serão estas novas emoções que farão Junipa ultrapassar a sua obsessão por Ezarel. 


✧ Lian surge em Refúgio de Eel.
Um dia, Junipa é surpreendida pela presença humana do meio-irmão em Refúgio de Eel durante o seu treino diário com Nevra.
A tensão entre ambos não lhe passa despercebida.
Lian explica o motivo por ter ido ao seu encontro, informando-a que iria manter-se em Refúgio de Eel como novo membro da Guarda Obsidiana.
Numa conversa à parte, Lian revela a Junipa a ligação familiar que Nevra e Karenn tinham com ela, contando que eram seus meios-irmãos do lado do pai, e que ele já os conhecia antes, quando a mãe ainda se encontrava com o pai de Junipa. 
Lian torna-se um rival para Nevra, devido à sua popularidade no público feminino, mas mantém o seu espírito protetor sobre Junipa, sendo por vezes sufocante.


✧ Ykhar morre.
Este é um dos maiores e mais dolorosos spoilers.
Junipa só conseguirá ultrapassar o seu vazio angustiante com as palavras de Ezarel, que a mantêm firme na terra e a faz aperceber-se de que ainda tem alguém para a reconfortar, alguém que queria mais do que nunca perto de si, que não a deixaria afogar-se nas suas lágrimas sozinha: Chrome.

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━ ✧ E S C R I T A ✧ ━

⋅ ⋅ ━ ✦ ━ ⋅ ⋅
「A V I S O」
Os tópicos estão ordenados pela ordem cronológica da história
da OC, sendo alguns a continuação do tópico anterior.
Em alguns casos, ainda faltam alguns tópicos pelo meio.
⋅ ⋅ ━ ✦ ━ ⋅ ⋅

✦ ━ ⋅ ⋅ F O G O  E  M A R ⋅ ⋅ ━ ✦

━ ⋅ ⋅ Lágrimas de Sangue ⋅ ⋅ ━

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅
Esta One-Shot aborda mais aprofundadamente a Biografia da OC, revelando factores determinantes da sua história.
Para uma melhor compreensão da personagem, recomendo a sua leitura.
⋅ ⋅ L O C A L    ━    Profundezas
⋅ ⋅ P O V    ━   Junipa

Havia uma hora em que os primeiros raios da aurora rompiam a quietude do mar, numa dança ondulante que espreitava por entre rochas e despertava cardumes. A mesma claridade que não alcançava os mil metros de escuridão das Profundezas, reinada por rochedos e as suas sombras, como um poço infinito. Os seres desconhecidos que aí viviam, recorriam-se a outros métodos para se orientarem sem luz.
No caso de Junipa, era a tosse cavernosa da mãe que a sobressaltava do sono, anunciando um novo dia.
– Ju! – Lian surge na gruta de cabelos e guelras tão agitados como as correntes em seu redor. Mesmo parecendo um tufão em situações de urgência, o seu meio-irmão mais velho mantinha-se sempre belo e resplandecente. Excepto quando abria a boca e exibia as suas presas pontiagudas. E bastou ver a expressão dele para Junipa saltar da cama em busca da poção da Sirene Muda antes de nadar em auxílio da mãe.
Foi encontrá-la a contorcer-se na cama de algas, o cabelo outrora tão loiro como o do meio-irmão, empalidecia sobre a sua figura débil.
– Mã, estou aqui – Junipa procura as suas mãos, sentindo apenas ossos e doença e aperta-as suavemente, com receio em quebra-las – Estou aqui.
Enquanto lhe dava de beber da poção, os restantes meios-irmãos juntavam-se a eles, rodeando o leito da mãe como um muro inquebrável.
– Não se preocupem, meus amores, eu estou bem – a sua voz não passava de um arrastar rouco e sofrido, mas a tosse atenuara – A poção da vossa irmã deixou-me melhor.
– Mas não te esforces muito, Mã – preveniu Lian, pousando a mão na dela, o semblante franzido de preocupação e revolta reprimida – Ainda pioras mais.
Ela afaga os dedos do filho com um fantasma do seu sorriso e desvia o rosto para a filha mais nova. Junipa sente uma dor insuportável na cana do nariz perante o afeto e angústia derretidos que prendia o seu olhar aos dela. Belisca o nariz, numa tentativa vã de controlar as lágrimas.
Os seres do Mar não choram. Só os seres do Fogo é que choram.
– Adorava ouvir uma canção…Cantas para mim, meu peixe libélula?
Junipa era incapaz de negar um pedido da mãe, muito menos quando a abordava com o seu apelido carinhoso. Aclarou a voz e, engolindo as lágrimas, concedeu-lhe o desejo.
Por momentos, o mar parecera silenciar-se para escutar a melodia que acalmava o coração da mãe e a fazia cair no sono novamente. Porém, esta volta a ser cometida por um ataque de tosse abrupto, interrompendo a canção e deixando as correntes turbulentas. Os meios-irmãos debruçam-se sobre ela, enquanto Junipa observava de mãos desamparadas junto ao peito, mas a tosse só se intensificava.
Até que cospe algo. Junipa já havia reconhecido o cheiro antes do seu rasto rubro se elevar sobre as cabeças, longa e lentamente, como um indício de mau presságio. Os rostos alarmados presentes recaem todos no de Junipa. Esta tenta controlá-lo, evitando de arreganhar os lábios enquanto cravava as garras nas palmas das mãos. Mas as suas pupilas ficaram tão brancas como pérolas de energia, faiscando perigosamente. Lian foi o primeiro e o único a reagir, que rodeou os ombros hirtos dela com o seu braço firme e a afastou da cama enquanto lhe sussurrava:
– Vamos buscar a poção do Sono, pode ser?
Junipa limita-se a acenar com a cabeça, numa rapidez nervosa, mordendo os lábios convulsivamente sem deixar de sentir os oito pares de olhos cravados na sua nuca.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Junipa adorava o seu laboratório.
Era lá onde se sentia na sua praia, rodeada pelos reflexos dos seus frascos e pelos barris encontrados pelos meios-irmãos de barcos naufragados onde guardava os materiais para as suas experiências. Ela aprendera os básicos num livro de Alquimia que a mãe lhe dera, ainda nos seus dias em que era uma sereia sã. Segundo a mãe, esse livro pertencera ao seu pai, o qual nunca conhecera e pouco sabia dele, para além de ser vampiro e um ilustre Alquimista.
Não sabendo nem ler nem escrever, a mãe ajudara-a com o pouco que sabia das suas vivências com o vampiro, ensinando palavras como “misturar”, “gramas” e “ingredientes”. Mas não eram o suficiente. Graças aos poderes de Lian, Junipa conseguia executar as suas experiências numa bolha de oxigénio, sem estar completamente dentro dela, mas as explosões foram tantas que muitos rochedos ruíram à conta delas. Junipa viu-se obrigada a encarar as receitas como um puzzle, desenvolvendo a sua lógica em cada tentativa falhada. Era assim que passava os seus serões enclausurada nas suas grutas, quando não estava a explorar o mar em busca de novos ingredientes na companhia dos seus irmãos. E com muitos anos de prática e determinação, Junipa descobriu o mistério de cada receita, recorrendo às suas próprias técnicas.
Até que a mãe adoece.
Junipa já havia ouvido os seus meios-irmãos a falarem da doença da mãe, longe dos seus ouvidos, mas eles esqueciam-se que as suas capacidades iam além das de sereia, inclusive a audição. Chamavam Sirene Muda, a doença da voz, que ataca a garganta até a sereia ficar a sangrar por dentro. Nunca sarava, bem pelo contrário, só tinha tendência a afetar mais, deixando a sereia sem voz.  E o pior é a sereia ficar a sofrer para sempre. As vítimas desta doença que os meios-irmãos conheciam preferiam morrer a viver assim. Mas Junipa decidiu nesse dia que não ia deixar que os meios-irmãos matassem a mãe. Ela ia encontrar a cura da mãe. Com a Alquimia, tudo é possível.
Até hoje.
Passaram-se cento e trinta e quatro dias desde que a mãe adoecera. Para uma sereia é pouco tempo, mas cada dia era mais doloroso. E pela primeira vez, a mãe sangrara. Junipa procurara no seu livro a mistura ideal de receitas que curaria aquela doença, mas em vão. Chegou a criar as suas próprias receitas, mas todas foram um autêntico fracasso. Até que a sua única salvação encontrava-se na página duzentos e dez do livro de Alquimia do pai, uma poção que transforma a cauda de sereia em pernas. Se conseguisse fazer esta poção para a mãe e para si, poderia levá-la ao mundo do Fogo e procurar um Alquimista que a salvasse.
Só precisava dos ingredientes.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

– Tis, preciso de falar contigo.
Anantis, o seu segundo meio-irmão mais velho, interrompe o seu treino de espadas com outro meio-irmão e dirigi-se a Junipa, com o seu característico sorriso trocista.
– Sim?
A sereia-vampira perscruta com o olhar o ambiente em seu redor e puxa o meio-irmão de parte.
– Eu sei como salvar a mãe.
Ele ergue as sobrancelhas num arco de surpresa – Ai, sim?
– Sim, mas preciso da tua ajuda.
– Então porquê?
– Um dos ingredientes que preciso para a poção não se encontra nos locais onde exploro com os outros irmãos, apenas—
– Comigo, porque, como sou mais generoso, deixo-te explorar uma pouco além do Limite? – completa Anantis, erguendo o canto do lábio maliciosamente.
Junipa acena a cabeça, com os olhos a brilharem de seriedade.
O meio-irmão deixa escapar um suspiro, ponderando as opções. Por fim responde – Muito bem, mas – afaga o rosto dela com um dedo – terás de me dar algo em troca.
A sereia-vampira não pensa duas vezes antes de assentir, resplandecendo de júbilo – Tudo o que tu quiseres!

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Os meios-irmãos explicaram-lhe o motivo pelo qual não podia exceder os limites que eles impuseram nas suas explorações. Eles chamavam apenas o Limite. Para além que algumas características corporais suas evidenciarem o lado vampírico, como as presas que, ao contrário das de sereia que são todos os dentes afiados como a boca de um tubarão, eram pontiagudas apenas nos caninos superiores e inferiores. A sua cor de cabelo também não era muito característico nas sereias, de um vibrante tom de fogo, que queimava ao olhar. E sendo a sereia uma criatura que dá bastante importância à aparência, nomeadamente nos seus rivais de sedução, Junipa não se passaria despercebida. Para além disso, com a sua sede incontrolável, se se encontrasse numa multidão de sereias onde sucede o imprevisível, ainda acabaria num massacre sangrento.
Mas a alma aventureira de Anantis permitia-lhe quebrar ligeiramente as regras dos outros meios-irmãos, principalmente quando a sua adorada irmã lho pedia com tanto fervor.
– Encontrei! – Anantis observava a irmã a arrancar um coral luminoso com um sorriso tão brilhante como do recife que a rodeava – Com isto, consigo fazer a poção para a mãe ir para o Mundo do Fogo – Junipa cobre a boca quase de imediato mas era tarde demais.
– Mundo do Fogo? – Anantis aproxima-se dela, subitamente sério. Junipa estremeceu perante essa visão incomum – Estás a pensar levar a mãe para a superfície?
– É a única maneira, Tis! – exclama a sereia-vampira, desesperada. Os seres do Mar não choram. Só os seres do Fogo é que choram. – Eu não consigo arranjar uma cura para a mãe, mas no Mundo do Fogo há mais alquimistas e devem saber como a salvar, tem de haver.
– E até encontrares esses “alquimistas”, quem cuidará da mãe se ela se sentir pior?
– Não sou eu quem tem cuidado mais dela? Sou eu que tenho as poções, eu posso olhar por ela!
– Ju, Ju… - Anantis coloca a mão em concha no rosto da meia-irmã, meneando a cabeça – A superfície não é um lugar para uma sereia. Muito menos para uma sereia como tu – ele roça os dedos nas guelras sobressaídas que coroavam o seu cabelo acima do maxilar – Tu viste o que sucedeu no outro dia quando a mãe ficou pior. O ligeiro vestígio de sangue faz-te perder o controlo. E se tal acontecesse quando estivessem apenas vocês as duas lá em cima? – Junipa descai o queixo, que tremia – Ela…não chegaria viva aonde quer que fosse.
Junipa afasta-se num repelão, cuspindo as palavras – E achas que é melhor ela ser morta por vocês? Ao menos eu estou a tentar salvá-la!
– É o melhor para ela, Ju… – a sereia-vampira abana a cabeça freneticamente, negando as palavras do meio-irmão – Fica aqui connosco, Ju, é onde pertences. Connosco, comigo.
Subitamente, os lábios de Anantis estão colados aos seus. Numa onda de choque, Junipa arregala os olhos antes de o tentar empurrar, mas o meio-irmão já prevenira a sua reação, agarrando-a pelos pulsos e só se afastando dela quando ele tomasse a iniciativa.
– Eu sempre te amei, Ju…mais do que amor de irmão, mais do que qualquer tipo de amor – Ele abraça-a fortemente e enterra o rosto no seu pescoço – Sempre te quis ao meu lado, não vás agora, não me abandones agora…
As suas palavras eram um zumbido ensurdecedor aos ouvidos de Junipa. Sentia as suas guelras a palpitarem incontrolavelmente contra as faces de Anantis, que não a largava. Ela só queria fugir, fugir dali, daquelas palavras, daquela verdade que não queria aceitar, e o meio-irmão sabia disso.
– Tis, eu…
– Não – ele volta a cobrir a sua boca, desta vez com mais emoção – Não o digas, por favor, fica apenas comigo, não o digas…
As mãos de Anantis começam a percorrer-lhe o corpo e Junipa contrai-se de terror perante os arrepios de medo onde a pele dele deixava rasto. Isto não está certo, isto não devia estar a acontecer, isto não é real, não…!
– Não… - murmura num fio de voz.
– Não o digas, Ju, por favor… - ele beija-a no pescoço, no peito, em todo o lado.
– NÃO!!!
Junipa sente algo quente a salpicar para a cara, escorrendo para o canto dos lábios, de olhos vidrados no rasgão que as suas garras fizeram no peito de Anantis. Ela lambe o canto da boca e saboreia.
Agora quem tinha o rosto franzido de horror era o meio-irmão.
– Ju, espera… – gagueja, enquanto a pupila dela esbranquiçava, explodindo de luz – Por favor, Ju, sou eu, Anantis, eu amo-te, eu amo-te…
– Eu sei que és tu, Anantis – retorque ela, estranhando o quão controlada estava a sua voz, comparativamente à do meio-irmão – E tu, sabes quem eu sou?
Ela nada em movimentos lânguidos para Anantis, repousando as mãos nas suas faces, acariciando a pele arrepiada com as garras ensanguentadas. Encosta os lábios ao seu ouvido e sussurra numa doçura sedutora – Sou a tua morte.
E entranha as presas na carne.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Para onde quer que fosse só encontrava escuridão.
Não podia voltar para casa naquele estado, e os meios-irmãos perguntar-lhe-iam por Anantis. Mas se não fosse para casa, para onde iria? Quando deu por si, deparava-se com um recife de corais e de outros seres que lhe eram totalmente desconhecidos, que se estendia a léguas de distância. Porém, foi o vislumbre de outras sereias que a fascinou. Vê-las ali, tão perto e inofensivas, por instantes Junipa desconfiou se o que os meios-irmãos lhe contaram não seria apenas para a assustar, e o pensamento entristeceu-a. Subitamente, pressente uma alteração no ambiente e ergue o olhar. A maioria das sereias tinham abrandado o seu nado para a observarem de longe, numa troca de murmúrios expectantes e curiosos. Até que uma delas grita:
– O rosto dela está coberto de sangue!
Algumas sereias guincham, alarmadas, e uma outra voz, desta vez masculina aclama – Olhem os dentes dela! São dentes de vampiro! É uma sereia-vampira!
Agora, todo o recife estremecia de terror, fazendo coro àquelas palavras. É uma sereia vampira! É Uma sereia-vampira! Vampira! Vampira! Acudam, vampira!
– Esperem, não… – incapaz de acalmar as sereias, outrora tão junto a si que até lhes tocava, mas que agora fugiam para o mais longe era possível, não reparou num grupo de tritões musculosos de aspeto intimidante que nadavam na tentativa de a alcançarem. Todos eles erguiam lanças de ponta afiada, prontas a serem atiradas ao alvo. E Junipa não hesitou em nadar na direção oposta, pois sabia que o alvo era ela.
Uma dor agoniante na barbatana fê-la vacilar, mas Junipa continuou a agitá-la com todas as  forças que lhe restavam. Contudo, a dor aumentava e o cheiro do seu sangue também.
Tu consegues, não vais ficar aqui, tu consegues, vá lá…!
Como se o corpo tivesse bloqueado a sua mente, os seus incentivos morreram com a fraqueza que deixava a sua cauda dormente.
Não…
Sentiu o peso das pálpebras a ocultarem a claridade e, pela primeira vez, Junipa teve medo da escuridão.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

– Ju, acorda! Pelas criaturas do Mar, acorda de uma vez!
O seu corpo contrai-se num espasmo violento e os seus olhos encontram os de Lian. Devia estar a sonhar.
– Finalmente, pensava que te tinha perdido… – o rosto dele descontrai-se num alívio sofrido, e Junipa sente o seu peito contorcer-se. Isto é real, estou viva?
– Onde… – ela olha em redor, mas Lian pousa as mãos nos seus ombros, impossibilitando-a de se mover bruscamente – Como me encontraste? Onde estão os… – morde o lábio, receando invocar os seus perseguidores ao referi-los.
– Ei, ei, está tudo bem – apaziguou o meio-irmão mais velho – A hemorragia da ferida que tens na barbatana fez-te perder os sentidos, mas felizmente encontrei-te a tempo – Junipa baixa a atenção para a cicatriz de três furos na zona posterior da cauda – Eu…eu ouvi os rumores de um tritão ter sido encontrado em estado grave num recife de corais luminosos, e embora fosse fora do Limite, eu sei como o Anantis dá sempre o braço a torcer contigo e…
– Pensaste logo que tinha sido eu – concluiu Junipa, sem conseguir disfarçar a tristeza na sua voz.
– Presumi sim – confessou Lian, igualmente afetado – Mas só desejava que não. Pelos Mares, eu só desejava chegar ao recife para onde tinham levado o tritão, e deparar-me com uma cara totalmente desconhecida.
São e salvo, queres tu dizer.
– Mas quando cheguei lá, estava Anantis, em carne e osso e então…ele contou-me.
Ambos silenciam-se, ouvindo apenas os ruídos do mar.
– Tudo?
Ele acena lentamente em resposta e por fim encara-a – Tudo.
Junipa acena uma vez de volta e mantém os olhar pregado às mãos apertadas sobre a barbatana.
– Porque não me disseste, Ju? – ela ouve o desespero na sua voz – Porque não me disseste a tua ideia? Eu podia ter-te levado e assim evitado…isto…tudo.
Junipa acreditou nele. Junipa sabia que, de todos os irmãos, Lian era o que não concordava que a morte da mãe era a melhor solução. E por instantes, ela sentiu-se estúpida por se ter apercebido disso apenas naquele momento.
Lian pega no braço da meia-irmã e os seus olhos prendem-se na marca em carne-viva das presas dela que ela aí deixara. Soltando um suspiro pesaroso, murmura – Ele pede desculpa. Acho que teria chorado, se conseguisse.
Junipa morde o lábio inferior ao sentir as lágrimas a moldurarem-lhe as pestanas.
– Tens de partir, Ju. Aqui já não estás segura. Estão a fazer buscas em todas as Profundezas e nós não podemos fugir para outro lugar com a mãe no estado em que está – Ele retira a mão e vasculha a bolsa que trazia à cintura, retirando um frasco com um liquido azul vivo no interior – Bebe isto quando avistares terra e estiveres à superfície do mar, transformará a tua barbatana em pernas – Junipa tenta balbuciar umas palavras indignadas em resposta mas ele interrompe-a – Quando pisares o Mundo do Fogo, procura o teu Alquimista. Quando regressares, os ânimos estarão mais calmos.
– Mas como é que conseguiste…? – começa ela, alternando o olhar surpreso entre a poção e o rosto impassível de Lian.
– Isso agora não interessa – ele aperta os ombros encolhidos de Junipa com ambas as mãos – Traz a cura da mãe, Ju. A vida dela está nas tuas mãos.
Ela enlaça-lhe os punhos com os dedos, de olhos fixos nos dele –  Os nossos caminhos separam-se aqui – cerra os dentes ao sentir ao queixo a tremer – Mas os nossos corações caminharam lado a lado.

━ ⋅ ⋅ Lágrimas de Luz ⋅ ⋅ ━

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅
━    C O N T I N U A Ç Ã O     ━ 
A V I S O   O seguinte desafio aborda temas violentos, suscetíveis a ferir a sensibilidade de alguns leitores.
Para um maior prazer de leitura, sugiro que oiças esta música durante este desafio, a qual inspirou o seu nome.
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⋅ ⋅ D E S A F I O    ━    Escreva sobre um encontro de sua guardiã e um Black Dog.
⋅ ⋅ P O V    ━   Junipa

As ondas do mar lambiam a pele queimada pelo sol quando Junipa acordou na Costa de Eel. Cobriu os olhos com as mãos revestidas de areia perante a luz dourada que os cegou momentaneamente e gemeu de dor. O seu peito doía. A sua garganta gelava. Pousou a mão nela e aí a deixou por alguns instantes. Ela estava…a absorver ar? Apalpou o pescoço de ambos os lados com gestos frenéticos à procura das guelras. Tinham desaparecido. Agora sentia esta necessidade automática de encher o peito de oxigénio e em cada inspiração perguntava-se onde se acumularia dentro do seu corpo todo esse ar. Ao menos descobriu um outro propósito do nariz, para além do olfato.
Junipa enterra as mãos na areia húmida e impulsiona-se para se erguer nas pernas mas em vão. Era muita claridade, muito calor para uma criatura das Profundezas, a qual nunca vira uma fonte de luz para além da dos corais luminosos e dos peixes libélulas. E Junipa estava habituada às temperaturas negativas da escuridão. Passou a língua pelos lábios ressequidos e apercebe-se do quão sedenta estava. Se atenuasse a sede, talvez conseguiria recuperar algumas forças. Ela ferra as presas na carne do seu braço e suga o sangue. Sabia a sal, areia e ferrugem. Era o suficiente.
Numa segunda tentativa, conseguiu manter-se de pé, embora apenas por breves instantes. Os seus pés equilibravam-se a custo na areia enrijecida pela água do mar, mas na areia seca, os seus afundamentos faziam-na perder o controlo. E toda aquela luz parecia beber-lhe as energias.
Ela vira-se para trás e vê o oceano aos olhos dos seres do Fogo. Os seres do Mar não choram, só os seres do Fogo é que choram. Porém, a sereia-vampira pertencia à superfície agora. Não havia lugar para ela no mar.
E então, Junipa permite-se chorar. Chora pela mãe, por Lian, por Anantis. Solta golfadas de angústia, gritos reprimidos que ecoam até à luz que lhe queimava os ossos e o coração. Lava o rosto nas ondas que iam e vinham, arranhando-o até a tinta da pintura lhe arder na pele e sujar o interior das unhas. Soca a areia furiosamente quando uma lasca de cristal do comprimento da sua palma da mão lhe corta a pele, fazendo-a arquejar. Junipa interrompe o seu pranto e pega no pedaço com apenas dois dedos, girando-o contra a luz e observando os seus reflexos por entre soluços. Era tão lindo como os olhos de Lian. Ela aperta o cristal dentro da mão e o sangue escorre pelo pulso, manchando a areia de vermelho. Mas Lian não está aqui para lhe mostrar. Numa acesso de raiva, levanta o cristal de arestas afiadas e corta uma das guelras salientes, cuspindo sangue e gritos. Arqueja ruidosamente de olhos fixos no azul e vermelho na sua mão e corta a outra. Por mais dor que sinta, não se compara à que me corrói no âmago.
Junipa descai a cabeça para trás e semicerra as pálpebras, sentindo os fios de sangue a dançarem pelo seu pescoço. Nunca pensou que o céu seria tão bonito.
O tempo passou, e Junipa saiu da praia para se deparar com uma floresta. Ela estaca diante do matagal, absorvendo cada tronco e cada folha com o olhar. Que tipo de coral é este?
Pensando que dentro da floresta estaria protegida do sol, entrou sem desconfiar dos perigos que a esperavam.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Junipa nunca se perdera.
Por não saber ler nem escrever, desenvolveu a sua memória visual para reconhecer os materiais nas suas explorações, indicados no seu livro de Alquimia. Como conseguinte, Junipa tinha facilidade em se localizar através dos pormenores distintos que os seus olhos captavam. Mas na floresta, todas as árvores eram iguais.
Mesmo deixando um rasto de sangue por onde passava, os seus vagueios encontravam sempre terra sem vestígios escarlates. Para piorar, Junipa enfraquecia a cada passo dado, afetando os seus sentidos. E após tanto sangue perdido pelo caminho, não queria arriscar a sua vida uma segunda vez.
Subitamente, o seu olfato entupido deteta um cheiro desconhecido. Todos os aromas até agora eram-lhe uma novidade, no entanto, por muito fracos que estivessem os seus sentidos, Junipa estacou, alerta perante a intensidade deste. Fedia. A audição captou ecos de grunhidos, terra pisada e roçar de silvas. Um rosnar. Não tinha dúvidas: o que quer que fosse, significava perigo.
O que não soube distinguir a tempo foi a distância.
Uma sombra negra saltou sobre si e Junipa fecha os olhos até estremecerem de dor. Mas apenas sente salpicos por todo o seu corpo nu, acompanhados por uma explosão. Quando os volta a abrir, a sombra negra encontrava-se desfeita em pedaços, exibindo todo o seu interior derretido por uma substância de um verde tóxico. Mesmo sentindo o seu estômago a contorcer-se com a visão, a sua repugnância foi abafada pelo cheiro a sangue que dela emanava. Junipa atira-se ao pescoço da sombra, enterrando o rosto no pêlo fedorento sem se aperceber de uma figura a poucos metros a observá-la.
Só quando sacia a sede é que se permite erguer o olhar, toda ela era pele e sangue, como um recém-nascido.
A primeira coisa que lhe chama a atenção no indivíduo é o cabelo.
Era longo, não ultrapassava o comprimento do de Lian, mas era uma mistura bela do céu e do mar. Tinha duas saliências pontiagudas em cada extremidade da face, mas não eram guelras, o que a deixou intrigada. Seria característico dos seres do Fogo?
O semblante do desconhecido franze-se sobre o verde dos seus olhos.
- Quem és tu?
Junipa perscruta o seu redor, prendendo por fim o olhar no cristal que brilhava na palma da sua mão.
Lian, desculpa-me.
- Junipa…e sou uma vampira.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ✦ ━ ⋅ ⋅F I M  D E  F O G O  E  M A R ⋅ ⋅ ━ ✦ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

✦ ━ ⋅ ⋅ O  S O N H O  E  A  R E A L I D A D E ⋅ ⋅ ━ ✦

━ ⋅ ⋅ Se adormecer, sonho. Se sonhar, nunca mais acordo ⋅ ⋅ ━

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⋅ ⋅ D E S A F I O    ━    Sua guardiã não consegue dormir, o que ela faz?
⋅ ⋅ L O C A L    ━    Quarto da Guardiã
⋅ ⋅ P O V    ━   Junipa

Uma, duas, três, quatro.
Quatro manchas no tecto, seis horas até ao amanhecer. A luta contra o sono já lhe pesava nas pálpebras semi-abertas que lhe estremeciam de fadiga. Junipa rolou na cama pela décima quinta vez para impedir que o seu corpo cedesse ao cansaço. Não se podia deixar adormecer. Não podia permitir que o seu mundo dos sonhos fosse manchado de vermelho.
Uma, duas, três, quatro, cinco.
De olhos fixos na parede, apercebeu-se de uma nova mancha de humidade que a luz do luar não revelara na noite anterior. Porque todas as noites Junipa conta as manchas do tecto e das paredes. E todas as noites a sua mente não resiste ao sono profundo, receando a cor do sonho que a iria invadir daquela vez.

━ ⋅ ⋅ Pesadelo Vermelho ⋅ ⋅ ━

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅
    ━    C O N T I N U A Ç Ã O     ━ 
⋅ ⋅ D E S A F I O    ━    Escreva sobre a primeira briga de sua guardiã com sua paixão.
⋅ ⋅ P O V    ━   Junipa

O frio foi a primeira coisa que sentiu.
A sua pele arrepiada moldava-se às correntes de àgua que a puxavam para as Profundezas.
No lugar onde outrora tinha pernas, a sua barbatana de um azul reluzente tremeluzia com os movimentos violentos que Junipa não conseguia controlar, de tão forte era a corrente.
Estava a voltar para a escuridão. Espreitou por cima do ombro, sentindo uma dor fantasma na zona posterior da barbatana. As suas escamas permaneciam tão azuis como da parte da frente. Levou a ponta dos dedos, roçando o maxilar e apalpando em redor dos ouvidos e surpreendeu-se ao sentir as guelras sem qualquer dano.
– Junipa.
Ela ergue os olhos aterrorizados em direção à voz dele.
Não.
– Junipa – Anantis estende-lhe a mão, esboçando o seu sorriso de canto – Vamos explorar?
A sereia-vampira abana a cabeça freneticamente, de olhos vidrados no pesadelo que reencarnara diante de si, enquanto agitava a barbatana para fugir dali, para fugir dele. Mas a dor era três agulhas agoniantes e a corrente amiga do seu meio-irmão, que por fim a alcança e puxa-a pelo pulso. A sua íris, tão perto, tinha-se tingido de verde e o seu cabelo louro ficou da cor do mar.
– Vamo-nos divertir. Junipa. – disse Ezarel.
Nesse instante, inúmeras imagens invadiram-lhe a mente. O sorriso. As mãos dele e o corpo dela. Escuridão e sangue. Muito sangue. Sangue que lhe escorria dos lábios, da barbatana, do pescoço de Anantis, de Ezarel, agora, à sua frente, no mar, debaixo de si, nos lençóis manchados de vermelho, olhando-a, com um reflexo de medo surpreendido, ou seria um reflexo de si, pois Junipa já não sabia distinguir o sonho da realidade.
– Acorda de uma vez!
Junipa estremece violentamente.
Por entre as suas mechas de cabelo em desalinho, reconheceu o rosto que a encarava, o verde dos seus olhos tão ou mais intenso que as gotas de sangue salpicadas nas faces. A rapariga recuou de imediato, batendo num dos pilares da cama. Aquela cama não era sua. Aquele quarto não era seu. Aquele sangue não era seu.
O seu olhar deteve-se nos quatro furos de onde jorrava o sangue de Ezarel. O mesmo sangue que lhe escorria dos lábios, que lhe pingava a camisa de dormir, que lhe azedava a garganta.
Não, não, não, não, não, isto ainda é um pesadelo, por favor que seja um pesadelo…!
Junipa não ouve o ecoar de passos, a voz estridente de Miiko, a voz suave de Leiftan. Não sente o toque gentil de Ewelein, o roçar dos lençóis entre as suas pernas, o chão debaixo dos seus pés.  Mas o som que sentiu mais falta naquele momento foi da voz de Ezarel, trocista, jovial, irritante. O que queria mais ouvir era uma piada da boca dele, que se manteve cerrada, vincando-lhe os lábios num trejeito duro, escurecendo-lhe os olhos, densificando o silêncio.
Porém, o único som que ouviu foi da porta a fechar-se atrás de si.

━ ⋅ ⋅ Sede Morta ⋅ ⋅ ━

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅
    ━    C O N T I N U A Ç Ã O     ━ 
⋅ ⋅ D E S A F I O    ━    Como sua paixão reage quando sua guardiã está ferida/doente?
⋅ ⋅ P O V    ━   Ezarel

Já não falava com a sanguessuga há dias. Quantos eram, já não sabia dizer, mas recordava-se perfeitamente de qual fora o primeiro dia. Ou melhor, o que sucedera na noite anterior a esse dia.
Ezarel coçou o pescoço, um pouco abaixo do maxilar, sentido um prurido desconfortável em redor da cicatriz. Tornou-se um tique nervoso, muitas vezes indesejado por o desconcentrar durante as suas experiências. Como agora.
– Ezarel, preciso de falar contigo.
O elfo solta um suspiro entediado, revirando os olhos. Detestava ser incomodado enquanto trabalhava. E ultimamente, os sanguessugas eram os mais irritantes, voando em seu redor como abelhas à volta do mel. Terá o seu sangue adocicado devido às quantidades consideráveis de mel que ingeria? Ezarel afastou o pensamento cómico antes de encarar o vampiro, erguendo as sobrancelhas propositadamente para demonstrar o seu desagrado.
Mas Nevra estava estranhamente tenso, coçando a cabeça nervosamente. Seria um tique nervoso também?
– Não sabes bater à porta?
Nevra recompõe-se e esboça o seu sorriso descontraído. Forçado, mas descontraído.
– Eu bati, mas estavas tão concentrado no livro que nem me ouviste entrar – Nevra baixa o olhar para a pele que se avermelhara com a irritação na zona da cicatriz do elfo e levanta uma sobrancelha – Parece que estavas mais concentrado a acariciar o pescoço do que noutra coisa.
Ezarel reconhece um lampejo de preocupação a reluzir nos olhos do vampiro e ele desvia o olhar.
– Falta-me um ingrediente para a poção, e estava a pensar num que pudesse substituir – retorquiu, como se tivesse necessidade de se justificar.
– Porque não pedes a um membro da Guarda para o ir procurar?
– Porque—
– Não são tão bons exploradores como Junipa? – Nevra revela o seu canino afiado, num sorriso sabedor – Confesso que as capacidades de camuflagem e de memória visual elevadas dela são muito cobiçadas pelos membros da minha Guarda, e ela seria muito útil na Guarda Sombra mas quem sou eu para invejar o meu amigo por ter uma pupila tão dotada?
– Só estás a referir as virtudes dela – relembra Ezarel, virando-se de novo para a mesa e debruçando-se sobre o livro para esconder o rosto – Não te esqueças que ela é mais feita de defeitos do que qualidades.
– E nestes últimos dias, nem as qualidades vêm ao de cima.
Outra vez. Aquele tom de voz. O aperto no peito ao reconhecê-lo. Significava problemas.
– O que queres falar comigo, Nevra?
Ezarel ouve-o a suspirar nas suas costas. Quase que o vislumbrava a escarafunchar a cabeça de novo.
– Junipa não está bem. Ela não sai do quarto há dias, desde…tu sabes – o vampiro aproxima-se dele, apoiando uma mão na mesa para encarar o seu rosto, de cenho franzido – Ela não deixa ninguém entrar para além da Ykhar…e do nojento irmão dela e—
– Ela é uma ameaça para o Refúgio de Eel e para todas as Guardas – Ezarel endireita-se, direcionando-se para a cómoda com recipientes, sem se virar para o vampiro – Por mais que a treines, ela nunca conseguirá controlar aquela natureza… – Ezarel hesita, procurando a palavra certa – selvagem nela.
– Sabes bem que não é isso que tu pensas. Ou parte disso – Nevra deixa descair os ombros com um ar afetado. Ezarel tinha a noção do afeto que o vampiro nutria por Junipa – Ykhar disse-me que ela quer falar contigo.
– Quem, a Ykhar? – pergunta o elfo, adotando uma expressão confusa.
– Não. Junipa.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Ezarel já sabia que a brownie se encontrava prostrada diante da porta do quarto de Junipa antes de a avistar. Reconhecera o ecoar dos seus passos frenéticos e a sombra das orelhas nervosas que se projetavam pelas paredes do corredor escarlate.
Da cor do sangue que pingava da boca dela. Do meu sangue.
– A sanguessuga roubou um ovo ao coelhinho da Páscoa?
A súbita projeção da sua voz fez os pés de Ykhar saltarem do chão mas quando esta se virou na sua direção, a sua expressão sobressaltada foi rapidamente substituída por um desprezo franzido de reconhecimento.
– Eu não sou um coelho! Sou uma brownie!
– Oh, erro meu. Peço desculpa, lebre.
Estranhamente, Ykhar não se deixou afetar pela provocação, embora tenha inspirado profundamente antes de mudar de assunto. Toda a gente ficou estranha depois daquela noite.
– Ela está lá dentro – disse, fazendo sinal com o queixo para a porta ao seu lado – Com Lian. Foi a primeira vez que a ouvi a chorar nestes quatro dias.
Quem ficou com a cicatriz fui eu, não foi ela. Combateu o desejo de aliviar a comichão no pescoço.
Como se tivesse ouvido o seu nome, o meio-irmão de Junipa surge da escuridão do lado de lá da porta, querendo-o engolir de volta. De todos, Lian era o que tinha sido mais visivelmente abalado. O seu cabelo louro que lhe roçava os ombros, sempre resplandecente, perdera o brilho, e os seus olhos de um azul mais vivo e turquesa do que o da irmã, traziam vislumbres da escuridão que abandonara no quarto dela. Ele encara diretamente Ezarel, sem se aperceber da presença de Ykhar.
– Ela já está à tua espera. Está de rastos mas estável.
– Tens a certeza? Não quero mais quatro furos do outro lado do pescoço.
– Absoluta – confirmou Lian, ignorando o gracejo – Acompanhei os primeiros quinze anos de vida dela e as suas instabilidades. Ainda sei reconhecer quando a minha irmã está à beira de quebrar ou não – ele baixa a cabeça, desolado – Mesmo após quatro dias sem beber sangue, ela não demonstra qualquer sede.
– O que devia alarmar mais – retorquiu Ezarel. Sentia-se subitamente tenso. Não sabia o que o esperava, nem o que poderia esperar. Se ao transpor esta porta não estaria a encaminhar-se para a sua própria morte. Ou se apenas se ia deparar com a sombra do que Junipa fora há quatro dias atrás. Sim, quatro dias. Agora recordava-se.
– Eu estarei aqui – assegurou a brownie, como se tivesse lido os pensamentos inquietos do elfo.
– Ficaria mais reconfortado se tivesse sido Valkyon a dizê-lo – ele sorriu, ou apenas tentou que os cantos da boca se erguessem em algo mais para além de um fantasma de um sorriso forçado.
Lian olha para Ykhar como se só tivesse reparado nela naquele momento – Nós ficaremos aqui à espera. Qualquer coisa… – a frase morreu nos seus lábios, incapaz de admitir o perigo com que Ezarel se poderia deparar, incapaz de aceitar que a sua irmã era o perigo que ele ia enfrentar uma segunda vez, desta vez bem desperto e alerta.
– Eu grito “Encontrei o ovo!”.
Mas até essa piada morreu consigo, acompanhando os seus passos até à porta.

⋅ ⋅ ✧ ⋅ ⋅

Após fechar a porta, a única fonte de luz que iluminava debilmente o quarto provinha de uma janela circular alta, que desenhava halos esféricos dourados no soalho e nos pés nus de Junipa. Ezarel hesita antes de contornar a cama, no entanto Junipa encontrava-se tão absorta, que os seus sentidos apurados só a fizeram saltar quando sentiu o colchão a descair ao seu lado. Os seus olhos faiscam de medo e de expectativa, observando a imobilidade do elfo por entre as mechas de cabelo, como um animal amedrontado. Ezarel percorre o seu rosto, incapaz de conter a intriga que enrugara e escurecera o semblante. A sua pele azulada tinha amarelecido, as olheiras fundas enegreciam as suas faces até aos cantos dos lábios em carne viva, mordidos e ensanguentados. Mas fora o seu olhar, sempre tão cortante e garrido, que o fizera vacilar, pois agora não reconhecia nenhum vestígio da força interior que iluminava aquele azul vibrante.
Ezarel quis dizer uma piada sobre o seu deplorável aspeto, talvez para preencher o silêncio ou apenas para afastar a sensação desagradável que o fazia suar das mãos, contudo, foi a voz inesperada de Junipa que o surpreendeu.
– Não me olhes assim – pediu esta, o seu timbre tão afiado e frágil como um pedaço de vidro – Prefiro que me olhes com desdém do que com pena.
– É mesmo isso que sentes? – Pergunta Ezarel quase de imediato, sem ponderar nas palavras. Como que para impedir que o silêncio se instalasse entre eles.
– Não – Junipa deixa descair o queixo, pesando as palavras – O que sinto verdadeiramente, tu não queres ouvir – Ela volta a erguer o rosto para o elfo, o qual repara num brilho fugaz da determinação que lhe era característica – Também tenho medo de ouvir o que tens a dizer, mas já me cansei de me esconder…na escuridão – os seus lábios ressequidos são repuxados num sorriso torcido – Irónico, não é? Tenho medo do escuro e para fugir de outro medo, escondo-me neste – ela contorna os círculos de luz projetados no chão com os dedos dos pés e fita-o – O que sinto? Eu amo-te, é isso, amor, como amo Ykhar, mas ao mesmo tempo não é, é igual mas diferente – solta um risinho sarcástico perante a expressão de Ezarel – Parece que te fiz perder o pio novamente. Mas desta vez nem precisei de te morder.
Ezarel engole em seco. Junipa estava a ter uma atitude ousada que só lhe era habitual quando se encontrava no seu estado sedento. Porém, ainda não lhe tinha tocado uma única vez, bem pelo contrário, evitava a sua aproximação o quanto possível. A sua expressão também se mantinha passiva, comparativamente à que adotava quando estava com uma sede assustadora.
Talvez a escuridão elouqueceu-a de vez. Ou talvez tenha-a ajudado a controlar as suas necessidades. Afinal, como é possível que ele ainda não tenha sido atacado? A sanguessuga estivera quatro dias trancada neste cubículo, sem uma infortunada alma para sugar o seu sangue até à última gota. Mas não sabia o que o consternava mais, a sua aparência doentia, a sua súbita sensatez e autocontrolo, ou a sua declaração feita sem rodeios.
– Junipa, eu… – Ezarel desliza os dedos pela cicatriz, com um desejo de a arranhar agressivamente.
– O que se passa? Sem saber o que dizer? – ela encolhe os ombros e junta as palmas das mãos, visivelmente entretida com o momento, por mais razões que tivesse para ficar hirta enquanto esperava pela resposta – Isso é inédito.
Ezarel cede ao silêncio, sentindo-o a crescer como uma parede a separá-los e a sufocá-los. Junipa arqueja como se lhe estivesse mesmo a faltar o ar e fixa a luz no chão, juntamente com o elfo.
Até que o soalho é pintalgado por manchas de água em redor das esferas de luz e ele percebe que eram lágrimas. Ezarel arregala os olhos para a silhueta delicada que estremecia perto de si. Sem medir as consequências, o seu braço estende-se na direção de Junipa e ampara-a no seu peito, onde ela se desmorona, desfazendo-se em lágrimas, muco, sangue e gritos abafados. Ele repousa o queixo no topo da cabeça ruiva e esperou.
Esperou.
E esperou.
– O silêncio é assustador – murmura Junipa, quando apenas lhe restava o rasto seco de sal ao longo das faces – principalmente quando diz o que não queremos ouvir.
Pela primeira vez, Ezarel pensa duas vezes antes de responder.
E o silêncio instala-se na escuridão.

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ✦ ━ ⋅ ⋅F I M  D E  O  S O N H O  E  A  R E A L I D A D E ⋅ ⋅ ━ ✦ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

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━ ✧ D E S E N H O S ✧ ━

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✦  ━ ⋅ ⋅ V E R S Ã O  O R I G I N A L ⋅ ⋅ ━  ✦
Versão final de Junipa.
Ilustração da minha autoria.
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━ ⋅ ⋅ Concept Art ⋅ ⋅ ━

━ ⋅ ⋅ Estado Sedento ⋅ ⋅ ━

Ilustração da minha autoria.

━ ⋅ ⋅ Desenhos Antigos ⋅ ⋅ ━

Versão Atual

Ilustração da minha autoria.

Versão Antiga

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━    A V I S O     ━ 
Neste espaço encontram-se desenhos que representam a versão antiga da minha OC, apenas para exposição.
Portanto, nenhuma das seguintes ilustrações são fieis à aparência original de Junipa.

Ilustração da minha autoria.



Ilustração da minha autoria.

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━ ✧ O U T R O S ✧ ━

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━ ⋅ ⋅  B O A R D ⋅ ⋅ ━

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ＦＩＣＨＡ
Finalmente me aventurando/sendo uma maria-vai-com-as-outras e fazendo um arquivo no Docs pra ficar mais organizado! Eu preciso ainda adicionar mais coisas pra trívia e etc, então vai demorar mais um pouco antes de eu postar ela aqui ooops