Olá, habitantes de Eel!
O Festival de Eel foi um grande sucesso, graças as participações de todos que contribuíram com seus talentos.
Finalmente, o grande momento chegou! Hora de revelar nossos vencedores, vamos lá?
Escrita
Art — Lance
POV: Lance — planeta Terra — oito da noite — quarto de hotel.
Em algum momento, me vi preso dentro de um quarto.
E isso foi apenas UM dos problemas — ou poderia dizer vexame se me importasse de primeira mão com a visão externa — que eu e os rapazes enfrentamos no decorrer dessa jornada. O que deveria ser simples acabou num erro, e me perguntei até que ponto a tecnologia humana poderia destruir ou salvar alguém. Uma porta que denominavam eletrônica era para ser eficiente, e não para falhar.
Se tratando de falhas, sabia o quanto uma missão terráquea era considerada importante, e por conta disso precisei ficar me recordando de fazer um esforço para não suspeitarem de nós. Com exceção de Nevra — que sabe fingir ser o que não é, embora deixasse furos na atuação —, Leiftan e eu estávamos encontrando certas dificuldades pelo caminho. Mas não foi ele quem estupidamente se trancou num quarto.
Me recusava a acreditar que foi culpa minha.
Não vi como tão ultrapassada assim a tecnologia da Terra ao levar em conta os elementos que tinham em mãos. Chegava até a ser interessante.
A magia em Eldarya trazia, sim, benefícios em vários aspectos. Senti falta dela. Era como deixar de beber água após dias sempre hidratado. Seu corpo notaria.
— Lance? Irei ali na recepção buscar seu cartão reserva. Você sabe o que é uma recepção? — Erika se pronunciou atrás da porta com a maçaneta que deixou de funcionar.
— Certo — comentei, encostando-me na madeira fria, sem dar continuidade ao seu palpite sem fundamentos. Sorri, contrariado. O que a levou acreditar que não sabia o que era uma recepção?
— Já volto! — Ela não insistiu na pergunta e os passos abafados foram gradualmente se tornando inaudíveis.
Impassível, me afastei da porta e a examinei de cima a baixo. Presumindo fragilidade, eu poderia simplesmente derrubá-la se quisesse.
Balancei minha cabeça, afastando os pensamentos.
Girei o calcanhar e adentrei melhor o quarto, inspecionando o local. Olhei para um suporte preto e fino pendurado na parede. Um aparelho semelhante ao celular que o monitor poderia refletir coisas inimagináveis estava ligado. Tocava uma música barulhenta. Uma humana dançava e gritava em outro idioma desconhecido, nitidamente diferente do que Erika falava.
Se não me engano, aquilo se chamava televisão.
Lendo o texto que pipocou na tela brilhante, balbuciei — como que apenas por reflexo — o que aparentava ser o nome da cantora, quando ouvi uma voz diferente da que estava sendo emitida:
— Fale — disse a voz feminina.
Pareceu vir... De dentro do quarto? Ou será que foi fora?
Não. Não foi fora.
Enrijeci, inspecionando a área, meus instintos alarmando que havia alguém por perto. Uma espiã? Como entrou no quarto? Era eldaryana? Terráquea?
Silêncio.
— Sim? — Inquiriu a voz.
Vasculhei embaixo do meu casaco tateando pelo meu coldre oculto a faca que guardava e em seguida a ergui. Prontamente em posição de combate, serpenteei por onde a voz surgiu.
— Revele-se — anunciei com firmeza num tom ameaçador — ou avançarei.
— Sou sua assistente especial — qualificou-se a desconhecida. — O que você deseja saber?
— Qual seu propósito?
Silêncio novamente.
Não existiam motivos para permitir a circulação de estranhos nos quartos. Sem mais paciência, avancei e senti uma rigidez na mão assim que lâmina se chocou contra uma superfície dura. Em seguida, fios de eletricidade pairaram no ar.
Afastei-me ligeiramente.
No mesmo instante, a alguns metros, ouviu-se duas batidas e um clique com bipe agudo na porta.
— Oi! Demorei um pouco, pois o hotel está muito movimentado. Ainda bem que não levei os rapazes comigo. Consegui falar com o recepcionista e aqui está seu cartão reserva. Não imaginei que uma fechadura eletrônica estragaria tão fác... — Erika parou o monólogo assim que encontrou meu olhar e depois desviou sua atenção para se deparar com a cena: um homem — eu — virado para um canto em posição combativa e algo ali perto faiscando. A garota, estática e com um semblante misto entre confusão e riso, disse: — Não acredito. Você derrotou um robô. E um caríssimo! Coitada da Alexa! O que faremos a respeito disso?
— Alexa? — Repeti.
A voz, antes clara e precisa, agora estava distorcida e falhando terrivelmente. "Si-m? Es-ou o-indo. D-e acor-do com o Goo-gle, pr-opósi-t si-gni-fic-...".
— Quem é Google?
Finalmente relaxei ao constatar que o "robô" referia-se a um aparelho eletrônico, e este estava simplesmente pifando ao ter entrado em contato com o gelo — que agora derretia — que eu mais cedo havia monopolizado e aplicado no golpe com a faca.
— Pelo menos ela ainda está funcionando... Talvez tenha conserto? — brincou a guardiã, que se aproximou e me entregou um cartão enquanto comemorava sem muita convicção a sua afirmação, porém parou e ergueu uma sobrancelha ao notar a existência de uma faca enfiada na caixa. — Lance... O que eu disse sobre não trazer armas?
— Não trouxe arma — curvei os lábios para cima num sorriso de superioridade, como se não demonstrasse nenhum arrependimento pelo que acabou de acontecer. Erika semicerrou os olhos e eu expliquei, retirando o item da 'vítima' e recolocando no coldre debaixo do casaco. — Peguei emprestado do banquete cerimonial.
— Buffet — a garota corrigiu suspirando alto — Ainda bem que não tem detector de metais nesse hotel.
— Vou retirar esse objeto daqui antes que prejudique o resto dos móveis — Erika me encarou como se tivesse visto um monstro terrível. No passado, teria razão. — Tudo bem. Você tem ideia melhor? Colocar mais gelo?
No fim, ela fez uso de um dispositivo de transmissão localizado ali perto, dialogando com o nada e pedindo por ajuda. Abafei uma risada com a desculpa que inventou por ter destruído o aparelho.
Não muito tempo depois apareceram pessoas carregando coisas vermelhas. Do corredor, Erika e eu observamos a cena. Saiu pó branco dos instrumentos avermelhados.
— Aquilo resolverá o problema? — Perguntei à garota.
— Sim!
Se resolveria, então preferi abster-me de interrogatórios.
— Que cheiro é esse? — Obviamente o timbre de Nevra.
Viramos para a direita. Nevra, Mateus e Leiftan surgiram no corredor.
— Pedi para esperarem nos quartos! Aliás, vocês estão todos prontos para a balada? — Questionou a guardiã ao ver eles usando roupas espalhafatosas.
Leiftan curiosa e silenciosamente analisou o quarto de onde saía uma pequena névoa, esboçando interesse na situação.
— Então Lance trouxe seus dotes artísticos para este Mundo — comentou Nevra, ajustando seu colarinho e dando uma espirrada.
— O que aconteceu exatamente? — Inquiriu Mateus, exibindo sua vestimenta descontraída e apontando seu polegar para cima em resposta à pergunta de Erika.
A meu ver, o traje deles parecia tão ridículo quanto como qualquer outro dos que vi nas ruas da Terra. Não enxergava nenhum sinal de fácil mobilidade nos movimentos de trapos tão justos.
— Rapazes, não comecem — cortou Erika.
— Vocês teriam feito a mesma coisa no meu lugar, ou até pior — dei de ombros. Ao me olharem, compreenderam que o assunto morreria ali. Entretanto, tinha certeza que futuramente se transformaria numa piada interna.
Aliiss — Leiftan
Indo às compras - Leiftan
Estávamos na Terra, Leiftan, Nevra, Mateus, Lance, Huang-Chu e eu (guardiã), viemos apenas com a roupa do corpo e precisávamos comprar outras para permanecer aqui durante uma semana.
Arrumei um cartão de crédito emprestado e juntei todos para irmos ao Shopping. Chegando lá, eles estavam muito desconfortáveis com a movimentação, barulho e coisas piscando o tempo todo, até mesmo eu estava desacostumada com esse tanto de pessoas em um único lugar.
Orientei todos para ficarmos juntos, pois aqui era um local fácil de se perder, até mesmo a noção de tempo fica confusa por conta da iluminação.
— Mateus, vou precisar que você me ajude aqui. Estamos numa missão e precisamos finalizar ela sem ninguém se perder! — disse diretamente para o Mateus enquanto os outros ouviam atentamente. — Quanto a vocês — continuei, agora falando com todos — Andaremos em uma fila de duplas, ficarei junto com o Leiftan na frente, Nevra e Huang Chu atrás seguidos por Lance e Mateus. — todos assentiram.
Caminhamos devagar para dentro do Shopping, para que cada um pudesse observar como era a vida humana. Conseguia ouvir alguns conversando no fundo e apontando para lugares igual criança vendo aquele brinquedo que só via na televisão e também, sentia um fio de desespero dentro de mim, mas sabia que esse sentimento não era meu.
— Ei, fica tranquilo… — falei encostando no braço do Leif.
— Sei que é tudo diferente por aqui, mas isso é bom até para ninguém perceber que vocês não são daqui — sorri enquanto ele me olhava com desconforto.
— Entendi — ele disse e continuou — Confesso que isso é muito fora do comum para mim, eu não sei nem para onde olhar e estou totalmente despreparado para qualquer coisa.
— Você não precisa estar preparado aqui, Mateus e eu tentaremos levar a frente da “socialização” — comentei e enfim chegamos na loja que ocupava todo o final do térreo do shopping — Chegamos! — virei para falar com todos.
— Pelo oráculo, eu quero sair daqui o mais rápido possível! — disse Huang Chu enquanto os outros concordavam com ela.
— Vamos ser rápidos, precisamos de pelo menos dois trajes a mais cada um. Todas as roupas já estão prontas, precisamos apenas escolher, pagar e ir embora, simples, não é!?
— Bom, acho que podemos nos dividir para isso — Mateus falou com o braço levemente levantado — Nevra, Lance e Leiftan podem vir comigo na sessão masculina e vocês duas vão para a sessão feminina. — falou apontando para a gente e assenti.
Fomos divididos para escolher as peças, e isso foi mais rápido do que pensei, em torno de 40 minutos conseguimos escolher tudo e nos encontramos perto do caixa. Para não lotar a fila fomos apenas Leiftan e eu para fazer o pagamento, enquanto os outros esperaram num banco fora da loja.
Tinham umas 6 pessoas à nossa frente, o que demoraria um pouco para sairmos dali. Enquanto isso, Leiftan ficou curioso quanto a forma de pagamento, vendo que eu segurava apenas um cartão na mão além das sacolas.
— Como você vai pagar tudo isso? vejo que não está com sua bolsa — ele falou.
Mostrei o cartão para ele e dei um sorriso animado enquanto ele fez uma careta.
— Isso é um cartão de crédito — coloquei na mão dele — você pode ver que nele contém algumas informações como nome, marca e também esse chip aqui — falei enquanto apontava. — Nele tem informações quanto aos dados e senhas da conta do banco do dono. Cada cartão possui uma senha e também um limite de valor que pode ser usado, esse valor pode ser dividido por meses…
— Um momento — ele me interrompeu — você tá me dizendo que isso aqui — falou mostrando o cartão — vai pagar tudo isso aqui? — apontou para as sacolas assustado.
— Exatamente! Existe um sistema do banco que sabe o quanto podemos gastar usando isso aí! — falei sorrindo — É meio complicado, confesso.
— Isso é bem confuso, mas pelo o que diz, parece ajudar muito nessa correria vivida por aqui — me surpreendi quando ele disse isso, pois realmente, na Terra estamos correndo o tempo todo! — Carregar esse cartão pequeno deve evitar bolsas maiores — ele deu um sorriso humilde.
— Isso é totalmente verdade! Mas, nesse tempo todo que não vinha aqui, surgiram outras formas de fazer isso ficar mais prático que um cartão. — Ele me olhou surpreso, enquanto tinham apenas 3 pessoas na nossa frente.
— Eu acho que não devo me surpreender o tempo todo com as criações daqui — ele falou e colocou a mão na cabeça, senti que ele estava confuso.
— Para ser sincera, algumas coisas é bem mais fácil a gente só saber como funciona e não entender o motivo por trás. — falei pensativa. — Então… você vai realizar o pagamento!
— Q-que?? - ele arqueou as sobrancelhas — você só pode estar de brincadeira! Você disse lá fora que ficaria encarregada disso! — enquanto ele falava tentava devolver o cartão que não fiz questão de segurar.
— Calma, vai dar tudo certo, você só vai precisar entregar o cartão para a vendedora e depois digitar a senha, que são esses quatro números aqui — mostrei os número anotados no meu braço com uma caneta.
— Eu não vou fazer isso, ela vai rir de mim… Você vai rir de mim! — ele estava suando frio — Vão perceber na hora que eu não sei o que estou fazendo.
— Eu estarei do seu lado e prometo não rir — falei e faltava apenas uma pessoa em nossa frente — Se você continuar gesticulando assim, vão te olhar mais ainda - apontei que as pessoas atrás da gente estavam observando nossa conversa e esse foi o momento que ele percebeu que era fora de questão continuar negando a situação.
— Tá bom… — falou pouco convencido.
Chegou a nossa vez e o Leiftan estava muito nervoso. No caixa a moça começou a passar as etiquetas das roupas e guardá-las numa sacola.
O loiro estava confuso com a situação, pois aquele procedimento não tinha sido explicado para ele e isso fez com que ele me encarasse quase implorando para tirar essa responsabilidade das suas costas.
— Como será a forma de pagamento? — perguntou a atendente.
— C-cartão — falou Leiftan não confiante de si mesmo entregando o cartão para ela
— Crédito ou débito? — continuou o questionamento da atendente.
— Cré-crédito — demorou um pouco para responder, acho que ele lembrou quando falei essa palavra.
— Por favor, digite a senha. — a atendente falou e mostrei meu braço para o Leif, que bem lentamente colocou os números e confirmou.
Demorou em torno de 5 segundos para reconhecer o pagamento e ficamos livres dessa etapa. Pegamos as coisas e fomos para fora da loja.
— Eu falei que não seria complicado! — dei um tapinha no ombro dele.
— Você me pagará por isso… — ele disse enquanto passava a manga da blusa na testa para limpar o suor.
Não consegui conter a gargalhada e nesse momento os outros nos olhavam sentados no banco sem entender a situação de viam.
— Missão cumprida — falou o Leiftan enquanto os outros levantavam.
— Finalmente — Lance falou baixinho.
Voltamos sem muita dificuldade e não faltou assunto de tudo que foi visto durante o dia.
Malmai — Nevra
Quando pisamos para fora do portal, a primeira coisa que fiz foi correr para os braços de Huang Chu, abraçando-a o mais forte que eu podia. Claro que poderia ir qualquer um que não fosse Nevra, mas ela-!!!
— Ficou doida?! — berrei. — Eu- Eu poderia-
— Não poderia, Malmai. Tá tudo bem. — ela sorri. — Eu consegui e não morri, é o que importa.
Enquanto estava em seus braços, me permiti olhar bem ao redor, me deparando com um lugar que me era familiar.
Me livrei dos braços de minha amiga quase que de maneira grosseira, comecei a andar em círculos, observando as árvores, o gramado, uma mesa de madeira que servia para piqueniques.
— Eu- Eu conheço este lugar. — engoli em seco, involuntariamente fiquei apavorada. — Eu conheço… Eu… Foi aqui onde eu sumi. — me virei para eles. Estavam impassíveis, mas Nevra e Mateus pareciam me entender de alguma forma.
Conversamos e bolamos um plano sobre o que deveríamos fazer ali e chegamos à terrível conclusão de que precisávamos de dinheiro. Infelizmente é assim que a humanidade funciona, tudo gira ao redor do dinheiro. E me lembrei de que sabia muito bem onde meu pai guardava o dele. E não faria diferença pegar um pouco roubado- emprestado.
Decidimos que eu iria, e Nevra se voluntariou para ir comigo. À princípio não disse nada, mas queria beijá-lo sem parar para mostrar minha gratidão. Ir sozinha à casa dos meus pais definitivamente não me faria bem. Eu nunca admitiria isso em alto e bom tom, mas era verdade.
Pedi para que ele me seguisse e andei determinada até a casa dos meus pais. Eu ainda lembrava perfeitamente de onde era, as casas e os botecos por onde passava… Os botecos!
Eu sabia que deveríamos ser ligeiros, mas ouvi uma música tocar. Meu olhar se iluminou quase que instantaneamente, e eu não consegui ficar parada. Era simplesmente Lambada que estava tocando. Os velhos do bar balançavam a cabeça no ritmo da música e tomavam cerveja, devia estar terrivelmente quente, mas ainda estavam felizes, e com o tão famigerado “dinheiro de bêbado” em cima da mesa. As mulheres estavam ao redor da caixinha de som, dançando no ritmo da música.
Cravei meu olhar em Nevra e sorri grande, me lembrando de todas as vezes que passei por ali e parei meus pais para que pudéssemos ouvir um pouco de música, ou quando assim que fiz 18 anos, a primeira coisa que fiz foi tomar uma cerveja naquele mesmo lugar.
E pensei de repente, que ele não sabia o que uma caixa de som era. Tudo que ele conhecia era música tocada ao vivo e em cores.
— Seu coração acelerou. — ele sorriu gentil. — O que foi?
— Por favor. — eu pedi, supliquei. — Vamos parar um pouco aqui. Apenas alguns minutos! — não esperei que ele respondesse e corri para dentro do lugar. Ele não teve outra escolha a não ser me seguir.
— Nós temos que-
— Eu sei, eu sei! Mas olha isso.
Fiquei atrás dele e o segurei pela cintura, empurrando-o gentilmente até o aparelho de som. Era a mesma da última vez que estive ali, assim como eu me lembrava. O aparelho ao meio, duas caixas de som ao lado tocando a música alta, vários botões grandes que eu nem me lembrava mais para que serviam, a entrada do USB e do CD.
Não me contive e inclinei o rosto para o lado dele, querendo ver sua reação. Ele tinha a sobrancelha arqueada, mais assustado do que surpreso.
— O que é isso? É magia?
— Não, não! — eu ri com gosto da reação dele, que era exatamente a que eu esperava. — É tecnologia humana. São vários fios e… Ah, eu também não sei explicar, são várias coisinhas aí dentro que-
— As pessoas estão aí dentro cantando? — ele fez uma cara aterrorizada. — Que cruel…
— Não!!! — gargalhei. — Não, não tem ninguém aí dentro! São… É… — eu não soube nem explicar o que era internet e luz elétrica, imagine uma maldita caixinha de som!!! — Pense que assim — comecei a gesticular estupidamente. —, a música fica guardada e aí ela vai passando por todas as caixas como essa em todos os lugares do mundo, basta que tenha uma caixa. Entendeu?
— Não. — ele deu um sorriso amarelo. Eu podia ouvir o pensamento dele, eu tinha certeza de que ele pensava o quão mal eu explicava as coisas. — Mas entendi que não tem ninguém aí dentro. Pode continuar explicando, de qualquer forma. — Nevra cruzou os braços
— Engraçadinho. Eu não vou ficar me humilhando pra explicar-
— Mas é uma festa?
— Não. — balancei a cabeça. — É só mais uma… — procurei um calendário de farmácia na parede. — Só mais uma quarta-feira.
— Impressionante o entusiasmo humano. Achei que vocês- — ele se interrompeu imediatamente, o sorriso divertido dele morreu por alguns instantes. — Eles. Achei que eles fossem mais desanimados.
— Não somos- — fechei os olhos com força por alguns segundos antes de retomar a minha fala. — Não são… Mas, você me concede a honra de conduzi-lo a uma dança, meu querido Nevra?
— Com prazer, Malmai, a última aengel de Eldarya, a unificadora dos dois mundos. — disse num tom irônico. — Se você perdoar a minha estúpida gafe. — ri dele e o coloquei para segurar minha mão com força e com a outra segurar minha cintura.
Eu não era nenhuma dançarina profissional nos meus dias comuns de humana, mas eu tinha uma noção de como deveria dançar. Coloquei nossas pernas encaixadas enquanto mexia meu quadril para os lados e balançava o cabelo também. Quando achei que ele estava se acostumando com a dança, ousei fazê-lo me girar por uns instantes até que realmente fiquei zonza e tive que colocar as mãos em seu tronco para que não caísse. Ele me segurou forte.
Uma mulher bateu palmas e me ofereceu uma cerveja. Eu ri e tive que recusar. Afinal, estava prestes a subir muros e roubar dinheiro do meu pai, então não era uma boa ideia beber. Ela fez uma careta triste e foi se sentar.
— Já aprendi duas- Não, três coisas com os humanos. — ele sorriu de lado. — Um, vocês tem uma caixa mágica que sai música, sem pessoas minúsculas dentro, mas que a música fica guardada até que todos usem. — não era bem isso, mas eu só assenti, sem conseguir parar de sorrir. — Dois, fazem festa sem data comemorativa. Três, não gostam que se recuse cerveja.
— Mas se fosse um vinho quente… — eu enruguei o nariz para falar, puxando-o para fora dali comigo. — …talvez eu aceitasse.
— Um vinho quente. — ele me olhou pelo canto dos olhos. — Você está mais tranquila agora?
— Sim. Obrigada por ter me deixado dançar um pouco.
— Te ver bem me deixa tranquilo.
— Sabe, — decidi admitir logo antes que não tivesse coragem. — eu sempre sonhei em te mostrar essas coisas do meu mundo. — umedeci os lábios. — Mas nunca pensei que a primeira coisa que você conheceria fosse lambada e uma caixa de som. E que você fosse um ótimo dançarino!
Nevra abriu a boca para responder, mas decidi interrompê-lo beijando-o gentilmente, acariciando seus cabelos escuros. Sorri contra seus lábios e olhei no fundo dos seus olhos, me deixando imaginar como seria se essa fosse só mais uma quarta-feira.
Desenho
Kaccall — Tradicional
brunavrd — Digital
Edição
Caméllie
Look
Bruuh
Cada um dos vencedores irá receber 150 MO.
Observação: Os prêmios serão entregues o mais breve possível. Agradecemos pela paciência.
A Equipe Eldarya agradece a todos por suas participações únicas!
Lembre-se: cheque sua caixa de mensagens para coletar um mimo especial, caso sua participação tenha sido validada.
Sua contribuição foi muito importante para nós, por isso, também preparamos algo especial para você! ♥
Até o próximo concurso!
Atenciosamente,
Equipe de Moderação