Eu sinto que a guardiã está muito distante do nosso controle. Na maior parte do tempo, não podemos decidir sua personalidade, o que me incomoda BASTANTE. Ela parece uma personagem independente, e nós, apenas conselheiras às quais, casualmente, ela perguntaria "o que você acha que eu digo pra ele?". Ela toma as decisões cruciais por si só e o jogo apenas nos permite tentar lidar com a reação dos personagens, geralmente nos oferecendo opções que contornem ou agravem a situação.
Vou usar a docete como comparação, pois tenho certeza que pelo menos parte da equipe foi preservada. Com ela, temos opções de como iniciar a conversa e como desenvolvê-la e, em certo grau, de como nos sentimos frente a determinadas situações. O Amor Doce nos permite explorar nossa personalidade dentro do jogo em maior escala. Eldarya mais parece um quiz para tentar acertar qual das alternativas aumenta a afinidade com o outro personagem, porque todas elas não se distanciam da personalidade limitada da guardiã, o que faz com que eu sinceramente não me interesse por nenhuma das escolhas dispostas, visto que quaisquer não me dizem nada.
Sobre os acontecimentos do episódio: eu descreveria esse episódio como semi-filler, se se tratasse de um anime. Algo que poderia ser abordado de forma sucinta tomou todo um episódio, que mais se baseou em voltinhas aleatórias pelo QG, que foram prolongadas pela dificuldade em encontrar os personagens. Em pleno mundo mágico, com a liberdade de criar e DESENVOLVER culturas, leis naturais, artefatos e criaturas místicos, nós vamos cozinhar e papear sobre romances mundanos? Sério? O pior nem é isso, mas a forma rasa com que a guardiã lida com toda informação que se apresenta: ou ela é praticamente indiferente ou faz tempestade em copo d'água. É frustrante ver a tolice dela em ação. Agora ciente de que os conhecimentos gastronômicos de Eldarya são limitados, ela não chegou a se compadecer por um instante e cogitar compartilhar os seus? Não! Ela usa disso como uma arma secreta, algo com o qual barganhar. As atitudes dela são jogadas, como se os roteiristas presumissem que fôssemos entender a fonte delas, quando, na verdade, na maior parte do tempo, sua forma de agir é quase absurda, ao meu olhar. Aliás, isso acontece com todos os outros personagens. Muitas vezes, eles têm atitudes questionáveis, as quais justificam com os valores, responsabilidades, etc. de seu mundo, que NÃO são explorados na história! Ou seja: os personagens estão em seu direito, de acordo consigo mesmos, mas não podemos entender por quê, pois, sempre que buscamos informação, isso quando a guardiã decide fazê-lo, nos dizem que "não é tão simples assim" e fica por isso mesmo. Sinceramente, isso me parece plena preguiça dos roteiristas, que fazem com que a guardiã pergunte só para que não nos revoltemos mais com a protagonista, mas tampouco nos fornecem respostas.
Eu sinto que esse episódio foi muito mais focado em um comic relief frustrado, o que é decepcionante em se tratando de uma história fantástica, REPLETA de oportunidades. Talvez, as reais crises do mundo estejam, sim, sendo desenvolvidas, mas nos bastidores, entre a Miiko, Ykhar, Kero, etc., sem o conhecimento de nossa guardiã. Por isso que friso que ela é o maior defeito do jogo, pelo seu alheamento.
Quanto à parte gráfica, nada a declarar. A arte do jogo é linda. Só o desenvolvimento da história e dos personagens que deixa muito a desejar.
Sobre a adaptação: acho a adaptação da versão brasileira ruim, sinceramente. Toda vez que vou comparar a formulação das alternativas com a versão francesa, me revolto ao perceber que, se tivesse sido mais fiel, eu entenderia o que foi dito de uma outra forma e não teria escolhido a alternativa em questão. Já perdi a conta de quantas vezes perdi loveô por uma adaptação malfeita, que não fazia jus às intenções das palavras, tanto que, na maioria das vezes, a reação dos personagens me parecia estranha, pois não acompanhavam o que eu havia dito.
"E eu que esperava alguma diversão..." difere muito de "E eu que esperava que você fosse me divertir...", pois a última o coloca como um palhaço, verdadeiramente, que foi o que o Ezarel me disse em resposta. A versão americana, a única outra que já comparei fora a francesa, dá de dez nesse quesito. Não duvido que isso seja interpretado como "amargor" por ter perdido loveô, mas, mesmo quando eu aumento o loveô, ao comparar as alternativas, vejo que, se fosse formulada de acordo com a original, eu não a teria escolhido. Cabe a vocês avaliarem a validade da minha crítica.
Por outro lado, gostei de me aprofundar na personalidade do Ezarel, que me parece um dos personagens mais desenvolvidos e cuja rota eu segui, mesmo que, por conta disso, eu tenha deixado de gostar dele como pessoa.