◈ Olá, Guardiãs e Guardiões do Cristal! ◈
Sabemos que todos devem estar esperando ansiosos pela divulgação dos resultados, por isso Huang Hua tentou agilizar o mais rápido possível, esperamos que estejam tão animados quanto nós!
Sem mais enrolações, vamos apreciar os vencedores do nosso grande festival!
@AoiHikaru
450 Maanas + 150 MO
Participação
@Miisa-Chanyan
450 Maanas + 150 MO
Participação
Valkyon
@Grishɑ
450 Maanas + 150 MO
Participação
ᴀ mais espessa escuridão lhe envolvia, como se estivesse a aprisionando em uma fria crisálida. Ocasionalmente, havia o eco de vozes que soavam distantes, mas ela não poderia distinguir a quem pertenciam, sequer as palavras que diziam. Não havia memória, consciência ou sentimentos, nada além do denso véu que obscurecia os seus arredores e a mantinha entorpecida em um sono sem sonhos.
Assim, durante longos sete anos, aquela que fora responsável por salvar Eldarya da destruição nada fazia senão existir. No entanto, o destino ainda não havia pontuado o fim de sua história; havia algo além de seu sacrifício para ser vivido naquelas terras.
Uma centelha faiscou nas sombras, tão insignificante e pequena que nada causou, mas continuava ali; persistia. Brilhando cada vez mais, aquele mísero lampejo tornava-se cada vez mais intenso, até que estivesse tão vívido quanto um raio de sol. Era impossível ignorá-lo, até mesmo para Celeste em seu coma induzido.
Então ocorreu à ela que não estava respirando, como se fosse algo tão dispensável ao ponto que tivesse se esquecido, e seus pulmões se encheram de ar tão logo que os olhos se abriram e contemplaram os seus arredores. Era como se houvesse mergulhado ao fundo de um mar azul anil e cristalino, cuja beleza não podia reprimir a sensação fria e sufocante que formava um nó em sua garganta. Haviam luzes, vozes cada vez mais nítidas que sobrepunham-se uma a outra, pareciam discutir energicamente, e a sensação de que estava sendo içada para fora de sua crisálida.
A luz era quem a envolvia agora, morna e convidativa como o abraço de um velho amigo, mas continuava forte demais ao ponto de ofuscar a visão de Celeste. A sacerdotisa fechou os olhos, apertando as pálpebras sobre eles com força, e com um solavanco sentiu que estava emergindo. Seu corpo agora repousava sobre algo sólido, e uma intuição formigava em suas têmporas dizendo-lhe que havia mais alguém junto de si; alguém além daqueles cujas vozes se prenderam nas gargantas assim que perceberam os dois corpos que haviam deixado o grande cristal.
Tentou abrir os olhos, que arderam e não conseguiam focar em nada graças ao descostume da claridade, então voltou a mantê-los bem fechados. Parecia que havia perdido o controle sobre o próprio corpo, que por sua vez negava todas cumprir as vontades de Celeste: os membros estavam dormentes e não agiam, a boca não se abria para que pudesse dizer algo, o cérebro aos poucos voltava ao estado entorpecido e tinha de lutar contra ele para não adormecer novamente.
Foi quando uma voz feminina fez quebrar o silêncio, num timbre controlado e gentil que ela bem conhecia:
━━ Esvaziem os corredores e levem-os até Eweleïn imediatamente. Corremos o risco de perdê-los se não formos rápidos ━━ Celeste reconheceu aquele nome, e seu coração deu um salto contra as costelas: ainda estava em Eel. Tentou fazer ou dizer algo, mas permanecia inerte, ainda que duvidasse que algo pudesse dissipar a tensão que pairou no ar como uma nuvem tempestuosa, e passos apressados e pesados começaram a executar as ordens vindas de sua líder.
Celeste começava a sentir uma pontada de frustração, pois seu corpo insistia em trair-lhe e permanecia imóvel e rijo feito mármore. Se ao menos pudesse abrir os olhos e ver quem eram aqueles que a ladeavam, quem repousava ao seu lado ou a quem pertenciam o par de braços bem torneados que a envolveram… mas não havia mais forças para lutar, e tudo tinha voltado a ser um sonho escuro e frio quando perdeu a consciência.
━━ É do meu irmão que estamos falando, Eweleïn! ━━ Celeste despertou num salto com a voz grave que cortou a calmaria de seu sono. Estava deitada sobre um colchão macio, e o cômodo tinha um cheiro misto de ervas e xarope. ━━ Será que posso, por ao menos um minuto…
━━ De uma vez por todas, deixe-o em paz, Lance! ━━ aquele nome… Celeste sentiu o estômago revirar. Mas se era o mesmo Lance que ela conhecia que fazia todo aquele estardalhaço por seu irmão, aquilo só poderia significar que… pôs-se sentada em um pulo e sua visão ficou turva, além de sentir-se tão enjoada que teve de voltar a se deitar. ━━ É muita coisa para absorver… o que você acha que vão pensar se te verem aqui?
━━ Valkyon vai me perdoar ━━ havia um fio de esperança contrastando ao receio na voz do dragão. Celeste sentiu um calafrio; conhecia o quão bondoso era o guerreiro obsidiano, para não dizer o quanto amava seu irmão apesar de todas as atrocidades que ele cometeu, e tinha certeza de que ele perdoaria Lance. Levando em conta que este agora parecia poder andar tranquilamente por aí, Valkyon não seria o primeiro a fazê-lo.
━━ E quanto a Celeste? Você acredita que ela seria capaz de te perdoar assim tão rápido depois de tudo que lhe fez? ━━ silêncio. ━━ Sinto em dizer, Lance, mas receio que não vai poder ver seu irmão até que as coisas esfriem. Agora, por favor…
Não demorou para que passos e o tintilar de uma armadura ecoassem cada vez mais distantes, e uma porta se fechou silenciosamente. Celeste piscou repetidas vezes até que as coisas entrassem em foco, e finalmente encarou o teto da enfermaria do QG das guardas de Eel. Um sorriso se apossou dos seus lábios, e todas as memórias que construiu ali, desde sua chegada ao que pensara ser o fim de sua jornada, retornaram. Pensou no que Eweleïn havia dito há pouco, decerto havia muito para ouvir e compreender, mas só havia uma preocupação afligindo Celeste.
Talvez não fosse a colocação exata, uma vez que seus olhos encontraram o guerreiro adormecido ao seu lado e sentiu seu peito explodir numa onda de emoções que ameaçavam afogá-la. Lágrimas escorreram copiosamente por suas bochechas, e Celeste comprimiu os lábios para não deixar escapar um soluço.
━━ Como…? ━━ murmurou com a voz embargada, esquadrinhando Valkyon dos pés à cabeça. Ele estava bem, tão belo e forte quanto se recordava. ━━ Graças ao Oráculo.
Escorregou para fora do leito, suas pernas ainda estavam molengas feito a gororoba que Karuto costumava servir às quartas, e assim Celeste engatinhou até Valkyon; que continuava adormecido. Agora ela mal conseguia reprimir os soluços que arranhavam sua garganta, e suas mãos tremiam tanto que resistiu ao ímpeto de acariciar o rosto do guerreiro. Ele estava bem ali, há uma distância de míseros centímetros, seu corpo era sólido e ele respirava tranquilamente. Em meio às lágrimas agradeceu ao Oráculo aos sussurros por aquele milagre; só podia ser um.
Valkyon soltou um grunhido que fez Celeste se sobressaltar, os olhos arregalados enquanto sua mão, por puro instinto, encontrou a dele e seus dedos fecharam-se sobre a pele quente. Mesmo em seu sono, Valkyon sorriu, e ela sentiu o coração disparar cada vez mais frenético no peito.
━━ Eu estou aqui ━━ Celeste aproximou-se ainda mais, a voz cheia de esperança soando em um murmúrio. ━━ Estamos juntos novamente, Valkyon ━━ o polegar dela acariciou o nó dos dedos do guerreiro suavemente enquanto engolia o choro.
As pálpebras de Valkyon tremeram, assim como o lábio de Celeste quando notou que ele começava a despertar. Ela pensou que seu coração fosse capaz de saltar para fora do peito quando um par de orbes âmbar se abriram para lhe encarar tanta ternura que não adiantava resistir, chorava em soluços de cortar o coração.
Mesmo que os olhos de Valkyon também estivessem marejados, ele puxou Celeste pelo cotovelo e beijou-lhe todo o rosto com devoção até que ela se acalmasse e as lágrimas em seu rosto secassem.
━━ Já faz algum tempo… eu estive esperando tanto ━━ apesar da rouquidão, Celeste conseguia sentir todo o amor que esbanjava em sua voz. ━━ Desta vez, não vou deixar que se livre de mim assim tão fácil.
Não havia o que dizer que não pudesse ser colocado naquele gesto quando inclinou-se para beijá-lo, sem a intenção de soltá-lo tão cedo ao enrolar os dedos nos fios esbranquiçados do cabelo macio de Valkyon. As coisas enfim pareciam certas, como sempre foram e como sempre deveriam ser; as almas cujo destino havia predito união por toda uma eternidade haviam enfim se encontrado mais uma vez.
Ezarel
@NerdKawaii
450 Maanas + 150 MO
Participação
Eu ando a passos largos. Não posso perder tempo, já que a bola de pelos avisou que a viagem deve ser breve, e que em cerca de 1 hora voltaria para me buscar.
Não me leve a mal, eu gosto do Purroko, mas ele deve ter algum tipo de queda por minhas maanas.
E para piorar, fui parar logo no calabouço. Nem para ter me mandado para a sala das portas ou para o mercado central. Custava, Purroko?
Subo as malditas escadas, em direção à Sala das Portas.
O lugar parecia mais brilhante, me impressiono com as habilidades de Miiko para decorações.
Observo mais um pouco, até que tenho meus devaneios interrompidos por uns ruídos vindos da Sala de Cristal.
Como uma curiosa de nascença, não hesito em ir atrás.
Ando silenciosamente até o corredor das guardas, me escondendo por trás da porta e concentrando todo o resto de concentração e audição que me restam para ouvir as vozes naquela sala.
—E por que você tem que ir embora? Depois de tudo... —sinto um aperto no meu coração ao reconhecer essa voz. Era o Nevra, mas por que ele parece tão magoado?
—Eu não consigo, Nevra! Todos eles se foram, Ykhar, Valk, ela...— essa voz é incrivelmente familiar, porém o embargo e a mágoa me impediam de reconhecer a identidade do interlocutor.
—Nem tudo é sobre o seu orgulho, Ezarel! —Nevra rosna, e fico surpresa. Ezarel vai embora? —Poderia ao menos uma vez parar de tentar de fugir? De tentar pagar de bonzão? Ao menos uma vez?!— ele se descontrola, e quase cedo ao impulso de separar os dois, até que ouço um suspiro — Você não conseguiria admitir, mas dá pra ver o quanto está infeliz. —o vampiro aparentemente está tentando consolá-lo.
— Deveria tentar olhar para si mesmo antes de falar qualquer coisa. —Ezarel bufa, a voz já mais controlada. Antes de Nevra o interromper, ele prossegue —Orgulhoso, eu? Você quem continua tentando agarrar o mundo com essa sua enorme teimosia. Mas eu não sou obrigado a ver e muito menos ajudar nisso.— noto o tom de deboche na voz dele. E, conhecendo-o como conheço, sei que por trás desse deboche há mágoa. Nevra não é ingênuo, e sei que sabe também.
O que havia acontecido para eles estarem brigando assim?
—Eu também sinto falta dela, Ezarel. Ela também era minha amiga.
—E quem disse que a Érika é o motivo de eu ir embora?! Nem tudo é sobre ela, Nevra.
Pera, eu?
—Se ela não tivesse se sacrificado, não estaríamos nesse ponto. E ela já teria te dado uma bronca por causa desse seu orgulho! —Nevra rebate, aumentando o tom de voz.
Espera, eu morri?
—Já disse que não sou orgulhoso!— eu havia listado diversas causas para aquela briga, mas nunca pensei que minha morte fosse uma delas.
Acidentalmente, esbarro de leve na parede, o que produz um barulho até que bem baixo, mas o suficiente para fazer Nevra sentir minha presença.
—Nevra? O que você...— por algum motivo ele se cala, fazendo meu sangue gelar. Considero se deveria correr. Porém mal tive tempo para pensar, já que estava sendo cercada. Eles me analisam da cabeça aos pés, se entreolhando, visivelmente confusos, mais o Nevra do que o Ezarel, este que volta a me encarar.
—Será ela mesmo?— Nevra murmura, espantado.
—Óbvio que não, Nevra. Claramente deve ser algum ser metamorfo. Se bem que... — ele aparenta considerar alguma coisa, desviando os olhos —Como ele poderia saber como a Érika é? O sacrifício aconteceu há anos, se houvesse um ser metamorfo há tanto tempo, com certeza saberíamos!
Nevra fecha a cara, virando-se para mim.
— Revele-se criatura. E responda: Como conhece a Érika?— ele usava um tom de voz autoritário, como se tentasse me intimidar. Reviro os olhos, e o vampiro assume uma expressão de dúvida.— Ezarel, e se for ela?
—Nevra, eu entendo que queira acreditar que ela está viva. Mas literalmente acabamos de ver a sombra dela no cristal.— falou, como se aquilo fosse óbvio.
Ok, agora eu estou realmente confusa.
—A minha sombra está no cristal?
Os dois arregalam os olhos, me analisando de novo. Ezarel é o primeiro a se recompor, indo até mim.
—Calado ser metamorfo, nós que fazemos as perguntas aqui. —e abre um sorriso ladino —Ou você prefere ir para o calabouço?
Isso soa extremamente familiar.
—Ei, eu não sou um ser metamorfo!—bufo, me voltando para os dois— Sou eu mesma, e nem ousem me colocar naquele lugar de novo!
—E isso é exatamente o que um ser metamorfo diria!— afirmou, como se tivesse ganhado na loteria— Se bem que a sua voz ficou perfeitamente nasal, idêntica à dela. Tenho que dar os parabéns, fico igualzinho!
—Não é melhor a gente tentar perguntar alguma coisa? Sabe, só pra ter certeza de que não é ela mesma?
Ezarel parece querer xingar o vampiro, porém se segura e se volta para mim.
—Então, “Érika”, se é você mesma, conte-nos algo que apenas você saberia.
Fico pensativa, analisando os resquícios da minha memória, que convenhamos não é das melhores. Fecho a cara ao ouvir um ouvir um ‘Eu sabia’ vindo daquele elfo rabugento, forçando ainda mais a minha mente a trabalhar.
Sorrio instantaneamente ao lembrar algo.
—Então, Ezarel... —caminho devagar circulando os dois, como se fosse interrogá-los — Se eu não fosse a Érika, como eu saberia que foi você quem roubou o pote de mel da ração do Nevra naquele dia?
O elfo instantaneamente fica com o rosto vermelho, e a expressão de irritação era quase imperceptível perto do cômico semblante de surpresa que o mesmo possuía.
—Então foi você? Poxa Ez, se você queria era só ter pedido!— o vampiro comenta, sério— Mas pensando bem, era bem óbvio. Até porque horas depois encontraram você na enfermaria passando mal.
Eu assinto, orgulhosa. E logo sou surpreendida por um abraço.
—ÉRIKA!— fiquei chocada ao notar que Nevra estava chorando— Sentimos tanto a sua falta, você... —o vampiro soluçava, tornando as seguintes palavras praticamente ininteligíveis.
Ezarel continuava imóvel, completamente supreso, consigo facilmente notar o semblante de mágoa no rosto do elfo. Aproximo dele, ainda com Nevra agarrado em mim, e o abraço.
Encaro-o, sorrindo, tentando transmitir confiança, mas logo em seguida lembro que estou no futuro.
—Certo, certo... Alguém pode me explicar o que diabos aconteceu?— como nenhum deles parecia em condições de explicar, eu suspiro e continuo— Mesmo que não entenda porque o meu eu do futuro está no cristal, ou o que aconteceu a ponto de vocês estarem brigando... Eu queria dizer que por mais que sinta a falta de vocês... eu vim do passado. Não sou a mesma Érika que sentem falta, me desculpem.
Consigo sentir os olhares fixos em mim, e surpreendentemente, não eram decepcionados, só... tristes.
Desisto da ideia de saber o que os feriu tanto. Procuro mentalmente algo para desviar do assunto, e rapidamente me lembro da conversa dos dois quando “cheguei”.
—Enfim...— os dois rapidamente saíram do transe— Por que estavam discutindo agora há pouco?
Ezarel desvia o olhar para o chão, rapidamente se recompondo, voltando a encarar o vampiro, este que assume um semblante irritado.
—Esta adorável princesa aqui estava querendo ir embora de Eel e abandonar a todos nós!
—Pera, o quê?!— eu falo indignada, e puxo o Ezarel pela orelha— Nos espere aqui, Nevra.— ele assente, com um visível sorriso de satisfação.— Não enche, se não vai ser o próximo.— rosno, e o sorrisinho rapidamente desaparece.
Puxo o elfo resmungão até a Sala das Portas, e assim que chegamos, eu o solto.
—O que você tem na cabeça, Ezarel?
Ele revira os olhos.
—Hm, vejamos. Cérebro, uma inteligência sobrenatural...
—Eu tô falando sério! Por que diabos ia abandonar a guarda?
—Eu não ia abandonar ninguém! Eu só... —ele desvia o olhar— não aguentava ter que lidar com tudo isso, todos... Esquece, você não entenderia.
—Eu não entendo, e pra ser honesta, prefiro não entender. Mas o que eu entendo é eu estou presa naquele cristal, e que houveram sacrifícios. Ezarel, somos seus melhores amigos, eu entendo que dói, mas você tem a guarda. Eles... Nós não iremos deixá-lo sozinho.
O olhar dele vai em direção ao corredor das guardas, onde Nevra está. Percebo o ressentimento em seus olhos. Entendo que ele queira se livrar da dor, mas...
Meus pensamentos são cortados quando vejo uma silhueta peluda ao longe.
Droga, Purreko, justo agora?!
—Ezarel, me desculpe, tenho que ir agora.
Ele me encara, desesperado.
—Ir? Ir para onde, para o passa...?
Eu gesticulo com a mão, fazendo ele se calar.
—Já deu a minha hora, não se esqueça do que eu te disse.
—Érika, por favor...
Contra a minha própria vontade, caminho até a porta principal, a caminho do Mercado Central, e Purreko sorri.
—Você sabe que quando voltar para o passado as suas ações serão anuladas, certo?
Nego decepcionada, porém não surpresa.
—Espero que eles saibam se cuidar.
Boa sorte, Ez.
Mateus
@TheDreamer
450 Maanas + 150 MO
Participação
– Imagino que a Miiko vá querer falar comigo.
O rosto de Ewelein se entristeceu.
- A Miiko foi embora, Dreamer, e também o Ezarel, e o Kero - não que eu ache que você se importa com esse último. A líder do Q.G. agora é a Huang Hua.
Dreamer fechou a cara, apesar das suas divergências constantes com a Miiko ele gostava muito dela. Não podia dizer o mesmo sobre a Huang Hua. E Ezarel... bem, ele não ficaria pra sempre, nenhuma paixonite jamais ficava.
- Mas tenho certeza que ela vai querer falar com você, sim. Você pode encontrar ela na nova sala de reuniões, é só seguir reto até o fim do corredor da sala de alquimia.
- E se eu não quiser falar com ela? – disse desafiadoramente.
- Bom, eu não sei quanto a isso, só sei que aqui você não pode ficar.
Fora da enfermaria, Dreamer notou que a quantidade de vasos de plantas no Q.G tinha aumentado.
- Ótimo! Mais coisas pra eu esbarrar.
Ele parou em frente a porta da suposta sala de reuniões, sem ter certeza se batia ou simplesmente entrava, quando de repente a porta se abriu e uma garota de cabelos vermelhos esbarrou em Dreamer, fazendo com que este perdesse o equilíbrio.
- Eu sinto muito! – disse ela prontamente, juntando a bengala de Dreamer que caiu no chão durante a comoção.
- O que houve? – perguntou Huang Hua, aparecendo por trás da outra garota – Ah, Dreamer! Você já se recuperou? Que bom! Essa é minha irmã Huang Chu!
- Olá! – disse ela, entregando a bengala a Dreamer.
Mas Huang Hua não lhe deu tempo de dizer mais nada, ela puxou Dreamer para dentro da sala de reuniões e o fez sentar-se. Seguiu-se então meia hora de falatório que Dreamer ignorou completamente.
- Posso ir embora? – perguntou, quando Huang Hua parou de falar.
- Você ouviu o que eu disse?
- Sim! – só que não.
- Ok, aqui está a chave do seu quarto... – ela lhe entregou uma chave – E espere aqui só um minutinho que vou chamar o seu guia.
Ela saiu da sala deixando Dreamer sozinho e confuso.
“Guia? Que guia? Pra que? Pra onde? Talvez eu devesse ter prestado atenção...”
Alguns minutos depois Huang Hua voltou acompanhada de um sujeito que Dreamer só poderia descrever como “filhote de cruz credo”.
- Dreamer, este é o Mateus, ele também veio da Terra. Ele vai ser o seu guia para lhe apresentar o novo Q.G.
Dreamer deu uma rápida olhada para o rosto do tal Mateus e então tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Mateus sorriu e se aproximou de Dreamer com a mão erguida; quando Dreamer viu aquele sorriso, vinte anos de memórias passaram voando em frente aos seus olhos, suor frio escorreu da sua nuca, e no segundo seguinte ele estava em cima da mesa segurando a bengala apontada para Mateus como uma espada.
- Não chegue perto de mim! – sua voz geralmente sarcástica soava muito séria, e seus olhos arregalados refletiam um medo que os outros presentes na sala não pareciam entender.
- Dreamer, mas o que...? – perguntou Huang Hua.
Com uma expressão confusa, Mateus desembainhou sua espada e a deixou cair no chão.
- Não sei o que você está pensando, mas eu não sou perigoso, eu juro!
Diante do olhar preocupado de Huang Hua, Dreamer baixou a bengala e respirou fundo, não queria voltar para enfermaria para “checar se tinha batido com a cabeça” ou coisa parecida.
Ele desceu da mesa, passou reto por onde Mateus e Huang Hua estavam, olhou para trás e disse:
- Você não ia me guiar?
Dreamer saiu na frente e esperou pelo “guia” no meio da sala das portas, ele imaginava que Mateus e Huang Hua deveriam estar fofocando alguma coisa sobre a situação anterior.
Quando viu o brutamontes descer as escadas e se aproximar, Dreamer mais uma vez ergueu sua bengala na direção de Mateus.
- Você pode me guiar ou o que quer que seja, mas NÃO se aproxime demais e NÃO encoste em mim.
- Ok, ok. – disse Mateus, ainda confuso.
Eles seguiram em direção ao mercado. Logo que saíram lá fora, Mateus decidiu tentar puxar assunto.
- Então, Dreamer é um nome diferente, é seu nome de verdade?
Dreamer, que andava um pouco a frente de Mateus parou e olhou para trás, batendo a bengala no chão com força como fazia quando estava irritado.
- Pode ter vindo da Terra, mas parece que não aprendeu os mesmos códigos de conduta por lá. Nunca pergunte se o nome de alguém é de verdade! – disse, como quem repete uma citação.
Mateus fez uma cara emburrada enquanto Dreamer seguiu andando sem se dar ao trabalho de olhar se o outro o estava seguindo.
O mercado tinha crescido! O que antes eram apenas sete ou oito estandes de venda tinha se tornado um verdadeiro mercado ao ar livre. Animado com as novidades, Dreamer correu na direção de uma barraca cheia de armas ornamentais, empurrando outra pessoa que também olhava as armas.
- Ei! – resmungou o empurrado.
O garoto olhou para o lado e reconheceu Nevra, que ele costumava considerar seu “inimigo mortal” por causa das tendências mulherengas irritantes do mesmo. Mas o vampiro parecia ter mudado, bem, mudado de roupa pelo menos.
- Virou monge? – perguntou Dreamer, encarando a coisa que Nevra vestia.
Mateus se meteu antes que Nevra pudesse falar.
- Olá, Nevra... Eu-
- Nevra! – disse Dreamer, no tom mais dramático possível – Eu achava que te odiava, achava que não havia como ficar pior do que você. Mas hoje, com esse ser me seguindo pra todo lugar, hoje eu vejo meu erro. Queira aceitar as minhas mais sinceras desculpas.
- Vocês parecem estar se dando bem! – disse Nevra num tom sarcástico.
Mas outra coisa já tinha atraído a atenção de Dreamer, que saiu em disparada gritando:
- Desculpa, eu tenho algo a fazer.
Dreamer correu para fora do mercado, olhando de um lado para o outro, com Mateus em seus calcanhares.
- Onde está? – murmurava agitado – Eu sei que vi...
Enquanto ele estava distraído procurando, Mateus se aproximou por trás e segurou seu braço, fazendo o corpo inteiro de Dreamer tremer violentamente. No mesmo instante Mateus soltou-o lembrando-se do conselho que Huang Hua lhe deu mais cedo, faça o que fizer nunca chegue por trás dele, mas era tarde demais. Quase automaticamente o punho fechado de Dreamer voou em direção ao rosto de Mateus, atingindo-lhe em cheio na cara.
Percebendo o que tinha feito, Dreamer deu um pulo para trás, ainda tremendo levemente do susto. Parecia que o bom humor de Mateus tinha acabado.
De canto de olho Dreamer viu aquilo de novo, um flash de pele azul e longos cabelos brancos revelando algo que ele nunca tinha visto em Eldarya, um garoto bonito. Ele hesitou por um segundo, incerto com a situação de Mateus, mas já tinha corrido muito para perder o garoto de vista agora, então virou as costas para o humano e voltou a correr. Eles teriam tempo para resolver isso no soco como adultos mais tarde, se assim Mateus desejasse.
Dreamer correu por entre as casas do refúgio e pelo quiosque, até que na cerejeira centenária finalmente alcançou o garoto azul.
Mal se aguentando em pé de tanto correr, Dreamer parou a alguns metros do outro garoto, que também parou lhe olhando. Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa sua atenção foi atraída por uma estátua grande, estúpida e escandalosa próxima ao muro; uma estátua dele mesmo, e uma de Leiftan. Ele não conseguiu evitar uma careta diante daquela visão tão embaraçosa.
- Ah, você é aquele da estátua! – disse o garoto azul.
Em um segundo de coragem, Dreamer olhou para o rosto do garoto e o que ele viu fez que não quisesse mais desviar o olhar. Seu rosto era perfeito, e seus olhos eram completamente brancos, sem sombra daquilo que Dreamer tanto temia nos olhos de outras pessoas, ele poderia se perder naqueles olhos por toda eternidade.
- Dreamer! – a voz desagradável de Mateus quebrou todo o encanto do momento.
Mas não só isso, a intromissão do humano fez com que a última gota de paciência de Dreamer evaporasse. Ele virou-se na direção de Mateus e atirou sua bengala no chão.
- Eu já tive o suficiente da sua cara. – Dreamer puxou suas luvas do bolso e as vestiu – Vamos resolver isso de uma vez. Sem armas e sem magia.
- E-espe-
Dreamer não deu tempo para ele terminar a frase. Ele correu na direção de Mateus e chutou-lhe bem na direção da cara. Ainda meio confuso, o humano conseguiu desviar a tempo.
Era evidente que ele queria falar, mas o tempo para conversas tinha acabado, Dreamer continuava atacando sem parar com socos e chutes calculados, forçando Mateus para cada vez mais perto do muro.
Faltando ainda alguns metros para o objetivo, Mateus se irritou com os ataques e começou a revidar. Dreamer sorriu, era hora de colocar o plano em ação, ele correu para trás de Mateus e atacou-o pelas costas, mas o outro desviou e ainda conseguiu acertar Dreamer em cheio no ombro. Isso não estava nos planos, mas serviria melhor ainda para seu teatrinho.
Segurando o braço atingido, Dreamer desviou do próximo golpe e deu seu melhor sorriso insolente, deixando seu oponente ainda mais furioso. Agora na defensiva, Dreamer continuava recuando na direção do muro, desviando habilidosamente dos ataques de Mateus.
- Ah! – Dreamer murmurou em falsa surpresa quando suas costas encontraram a parede.
Incerto quanto a encurralar seu adversário, Mateus parou por um momento, sua mão preparada para um soco, ainda suspensa em meio ao ar. Por um momento pareceu que o plano falharia e tudo iria por água abaixo.
Dreamer sorriu da maneira mais desagradável possível e fechou um olho, o mesmo olho de Mateus que ele tinha acertado mais cedo e agora se encontrava um pouco inchado.
- Eu ganhei! – sussurrou.
O punho de Mateus avançou na direção de Dreamer que se abaixou no último momento fazendo com que seu oponente atingisse a parede na qual ele se encostava.
Exceto pelo fato de que não era na parede que ele estava se encostando.
Mateus assistiu boquiaberto a estátua de Dreamer, que ele tinha golpeado, cair e acertar a estátua de Leiftan como uma reação em cadeia de peças de dominó.
Enquanto ele estava distraído, Dreamer levantou-se e saiu correndo na direção da saída do jardim da cerejeira, pegando no caminho a sua bengala caída e o pulso do garoto azul que ainda estava ali, encarando a situação em desespero.
- O q-que? – disse ele quando Dreamer o puxou consigo pra fora dali.
- Você não vai querer estar aqui quando a Huang Hua chegar, não é?
Dreamer olhou para trás uma última vez antes de sair dali, as duas estátuas estavam no chão em pedaços e Mateus parecia questionar sua vida inteira.
Leiftan
@Navi
450 Maanas + 150 MO
Participação
Hoje foi o dia em que acordei da minha prisão criada pelo meu sacrifício. Estava liberta, eu não deveria estar feliz? Por que ainda me sentia presa, então?
Leiftan. Aquele que invadia a minha mente desde que acordei. Ele e o seu distanciamento eram a razão não só desse sentimento, como também do meu desejo de poder recomeçar este dia.
Eu estava tão ansiosa pelo nosso reencontro, precisava dele. Me senti atordoada desde a minha volta e o meu namorado era o único que entenderia os meus sentimentos. O que fiz de errado?
Eu gostaria de ter outra chance!
Convicta de que estava sozinha com meus pensamentos, fui surpreendida por Purroko que, inesperadamente, manifestou-se ao meu lado.
— Senhorita, eu consigo sentir a melancolia que habita dentro de você. — A fala do purreko me surpreendeu. Ele havia lido a minha mente? — Posso ajudá-la com a volta no tempo, não cobrarei muito em virtude da minha benevolência em relação ao seu sofrimento.
Era tudo o que eu mais ansiava, eu pagaria qualquer valor!
— Aceito a sua oferta, muito obrigada pela ajuda! — respondi, em um tom carregado de entusiasmo e esperança. — O que eu preciso fazer?
— Feche os olhos, minha querida. Logo após, pense no momento em que gostaria de estar agora. — disse, enquanto movimentava as suas patas que, por sua vez, irradiavam um brilho intenso e fascinante.
Eu vi o vazio. Esbocei no escuro a imagem do meu quarto, o lugar onde descansei minutos antes de encontrar o meu namorado. Quando abri os olhos, lá eu estava.
Não tive tempo para admirar a extensão do poder de Purroko, era de meu conhecimento a localização do meu amado e o que aconteceria posteriormente. Desta vez, seria diferente!
Corri para a enfermaria. Quando a adentrei, Ewelein estava checando o estado de Leiftan. Ambos ficaram surpresos com a minha brusca chegada na sala.
Isso não aconteceu da primeira vez, já estou mudando o meu destino!
— Ewelein, você poderia nos deixar a sós por um momento? — a questionei enquanto recuperava o fôlego. — Peço desculpas por assustá-los, eu preciso falar com Leiftan urgentemente.
A elfa não proferiu uma palavra, apenas assentiu e saiu da sala. O aengel, similarmente, permanecia calado e evitava o encontro dos nossos olhares. Cabisbaixo, aparentava estar formulando frases em sua cabeça. Eu não podia deixá-lo iniciar o diálogo pois sua intenção era me comunicar sobre a sua escolha de se afastar.
— Leiftan, desde a revelação da sua verdadeira identidade, tenho vivido o dilema de perdoar o homem que amo e, ao mesmo tempo, conviver com aquele que assassinou meus amigos e planejou a destruição deste mundo. — comecei a falar, enquanto caminhava em sua direção. — Tenho consciência da culpa que você carrega e do quanto está disposto a repensar as suas atitudes. Quero estar ao seu lado para o ajudar e apoiar porque a única pessoa da minha família que sobrou e quem mais preciso agora, é você. Eu acredito que não há necessidade de nos separarmos. — o abracei e, como resposta, Leiftan afundou a cabeça no meu pescoço.
Permanecemos assim, mudos. Eu queria garantir que esse abraço durasse mais que o primeiro, contudo o aengel não tinha o mesmo desejo. Meu namorado largou os meus braços e se afastou em pouco tempo, assim como fez antes.
— Desculpe, eu deveria ter pedido sua permissão antes de te abraçar. — pronunciei, constrangida.
— Não é necessário se desculpar, eu não me afastei por sua causa. Sentir o seu calor era um capricho que havia surgido com o meu despertar. — antes de expressar um sorriso que realçou sua angústia, ele falou. Em seguida, adicionou seriedade a sua feição e continuou. — Navi, não quero cometer os mesmos erros do passado e preciso de um tempo sozinho para digerir a minha culpa. Quando nossos olhares se cruzam, me sinto envergonhado porque lembro que você atualmente tem conhecimento de atos dos quais me arrependo. Pensamentos confusos rodeiam a minha mente e encaro a minha volta como uma oportunidade de organizá-los.
— Leiftan... — Agora que tomei conhecimento da sua perspectiva, fiquei sem palavras. Apesar do seu olhar repleto de tristeza afligir o meu interior, me contive com o intuito de respeitar a sua vontade.
Um silêncio constrangedor tomou conta da sala, como da primeira vez em que vivenciei este instante. Neste momento, eu soube qual seria o fim da nossa conversa e já o aceitava.
— Navi, preciso falar com a Huang Hua para me situar da atual situação do Quartel General. Agradeço por ter vindo me ver. Imagino que esteja cansada, por isso, por favor descanse. — dito isto, ele deixou a sala.
De início, eu me senti incapacitada. “Essa viagem no tempo foi em vão?”, foi o que eu pensei. No entanto, as mudanças ocasionadas pela minha volta me fizeram compreender o propósito dela. Não só falei o que não fui capaz anteriormente, como também verdadeiramente compreendi os sentimentos do Leiftan.
— Purroko, você esteve aqui nos observando? — indaguei, em esperança que o purreko estivesse presente para escutar a minha conclusão.
Similar ao nosso prévio encontro, aquele que me ajudou se manifestou ao meu lado subitamente.
— Minha jovem... Eu ouvi tudo, como você está se sentindo?
— Eu finalmente compreendi, Purroko! Não posso mudar a decisão do meu namorado, embora o desejasse. Entretanto, isso não significa que me darei por vencida. Em passos lentos, me aproximarei de Leiftan e, posteriormente, voltaremos a ser o casal que antes éramos! — A empolgação tomava conta do meu corpo ao mesmo tempo em que eu pronunciava essas palavras. Terei um longo trabalho pela frente e isso não me desanima. Pelo contrário, estou certa de que reconquistarei o meu amado!
— É maravilhoso lhe ver assim, senhorita. Inegavelmente, é visível a euforia exalada da sua ânsia pela realização dos seus objetivos. Finalmente, podemos falar sobre o pagamento pelos serviços prestados?
— Ah, claro! Já ia me esquecendo... — respondi e, em seguida, ri de nervoso. Purrekos definitivamente não fazem nenhum favor a troco de nada.
Nevra
@Juliannnna
450 Maanas + 150 MO
Participação
Reencontros são esquisitos. E eu tive muitos nos últimos tempos, principalmente porque uni a minha alma a de um cristal e só depois de anos despertei.
Mas dentre todos os reencontros pelos quais eu passei naquele dia, havia um em particular que eu queria muito ter.
Não sei se sabe, mas quando estamos em coma (mesmo numa coma mágica), nossa consciência flutua. Havia momentos em que eu captava lapsos de conversas, o que poderia ser bem frustrante, já que eu era incapaz de fazer qualquer coisa.
Mas nunca fiquei tão frustrada quanto durante a discussão entre Nevra e Ezarel. Ezarel queria sair da Guarda, e Nevra tentava convencê-lo a ficar, desesperado.
-Valkyon se foi. As sombras da Érika no cristal não me deixam esquecer. Eu não aguento mais! Me desculpe, Nevra, mas tenho que ir embora. Marie e Twylda disseram que vão comigo.
-Ezarel, por favor, você não pode nos abandonar. Talvez Érika volte! Huang Hua disse que ainda há chances...
-Eu sei que você ainda a ama. Eu também quero acreditar que ela vai voltar de um dia pro outro. Mas até quando você vai se agarrar a essa esperança? Huang Hua só quer te consolar, e eu sei que você quer acreditar nisso, mas já passaram anos! Nevra, eu te digo isso porque te considero meu amigo: aceite que ela se foi. Só assim vai poder superar tudo o que aconteceu. Eu já aceitei.
Ezarel saiu da sala enquanto Nevra ainda gritava. Foi doloroso não poder abraçá-lo, sozinho e vulnerável do jeito que estava.
-Érika.. quanto tempo mais eu tenho que esperar?
Quando eu despertei, ainda tentando reaprender a me apoiar nas minhas pernas, só pensava em vê-lo. Estava muito feliz de reencontrar meus amigos, mas o pensamento de revê-lo não deixava meu subconsciente.
Quando fui liberada da enfermaria, o procurei no Corredor das Guardas, passei pela Sala das Portas, me surpreendendo com as mudanças, e saí para o Jardim. Enfim o vi de costas. É incrível, por um momento é como se tempo nenhum tivesse passado.
-Oi, Nevra – eu disse, sorrindo.
Ele virou a cabeça devagar. Suas sobrancelhas se arquearam, e seus olhos se umedeceram. -Érika... É você?
Eu respondo com um aceno. Ele hesitou por um segundo, desconfiado de que eu fosse fruto da sua imaginação. Mas então ele me ergueu pela cintura e me girou, rindo e chorando. Foi como se nós tivéssemos finalmente parado de segurar a respiração. Quando nos acalmamos, reparei em como seus olhos estavam mais maduros e sérios. Seu cabelo tinha mudado também. Era impressão minha ou ele estava mais alto?
-Me conta tudo. O que vocês fizeram no pequeno período em que eu estive fora? – eu perguntei, piscando.
Nevra começou a contar os avanços da Guarda e histórias que ele achava super engraçadas (muitas delas envolvendo o Chrome). Ele não disse, mas no minuto de silêncio que se seguiu na nossa caminhada, pude entender a saudade que eu, Ezarel, Valkyon e muitos outros lhe causaram. Seu jeito de falar estava um pouco mais apático, e percebo como ele se porta de modo mais grave. Sabe-se lá pelo que ele passou durante esses anos.
Reencontros são esquisitos porque a pessoa que você conheceu e a pessoa que está diante de você entram em conflito. Temos que conhecê-la de novo, sem esquecer do passado que vocês têm juntos.
-Deve ter sido difícil, Nevra. Eu perdi tudo o que aconteceu nesses anos, mas você teve que ficar e lidar com as cicatrizes da guerra.
Ele olha pra baixo por um tempo. Mas depois ele balança a cabeça e abre um sorriso melancólico. -Não foi culpa sua.
-Ainda assim, foi decisão minha fazer o sacrifício. Me desculpe.
Eu seguro a sua mão e aperto forte. Ele mudou bastante, mas sei que vou aprender a amar mais essa versão dele.
De repente a chuva caiu, e corremos para o gazebo para nos abrigarmos.
-Quer dançar valsa, senhorita? – ele pergunta estendendo a mão.
Por um momento eu vejo um lampejo do Nevra brincalhão e galanteador de antes. Eu sorrio e seguro sua mão.
-Como eu poderia resistir ao charme fatal de um vampiro? - eu retruquei, entrando na brincadeira.
Entrelaço seus dedos nos meus devagar. Aperto os ossos das costas de sua mão para reassegurá-lo. Ponho a mão em seu ombro e sinto sua pele por baixo do tecido molhado. Não de um jeito erótico. Não sei, de um jeito factual, talvez.
Ele põe sua mão em minha cintura. Não consigo imaginar nenhuma música, mas consigo valsar ainda assim. Desenho triângulos por onde meus pés andam. Eu deixo as sapatilhas de lado enquanto ouço as pessoas correndo pra se abrigar. Essa dança é diferente, parece algo novo. Olho pra ele, e ele não está mais sorrindo com a boca, mas consigo ver riso no olhar. Nunca tinha reparado, mas ele tem olhos ligeiramente diferentes. Um é um pouco maior do que o outro. Olhos roxos, bem claros, mas agora, de perto, consigo diferenciar os diferentes tons de sua íris. Será que é verdade que conseguimos ver a alma da pessoa pelos olhos? Talvez. O seu cabelo está ensopado e achatado, mais afiado do que nunca. Tudo aperta em mim. Eu beijo ele.
Ponho a mão nos cabelos dele, e ele se contrai um pouco e aperta minha nuca. Continua sendo fácil beijá-lo. Já sei que ele gosta de ter o lábio mordido. Já sei que ele gosta de selinhos entre os beijos. Sei que ele tem um fraco por carícias na bochecha. Pressiono a testa contra a dele quando acaba, assim como sempre fazíamos. E ficamos assim, com a chuva nos ensopando.
-Desculpa por ter te feito esperar.
Tradicional
Pluvialily
@Kaccall
450 Maanas + 150 MO
Participação
Chimori
@Jujubaseldarya
450 Maanas + 150 MO
Participação
Warrifang
@Nathyy
450 Maanas + 150 MO
Participação
Digital
Pluvialily
@Fleur123
450 Maanas + 150 MO
Participação
Chimori
@Glinda-Draw
450 Maanas + 150 MO
Participação
Warrifang
@Lisstyle
450 Maanas + 150 MO
Participação
U M A L E M B R A N Ç A F E S T I V A
O festival acabou, mas você vai levar consigo uma lembrança a mais para manter na memória (e no perfil!) Se você teve uma participação válida, cheque a sua Caixa de Mensagens!
E o nosso mês de festas acabou, infelizmente. Mas não se preocupem, ano que vem teremos mais!
Esperamos ver todos vocês no próximo Festival de Eel!
Até o próximo concurso!
Atenciosamente,
A Moderação.
Os prêmios e selos serão entregues no decorrer da semana, fique de olho!