Mensagens múltiplas apagadas. Por favor, leia as regras do fórum para evitar que seu tópico seja fechado.
- Início
- » Seres de Eldarya
- » A Guardiã dos Cervos por Salanderinlove
#27 12-08-2017, às 17h45
✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖
i'm senseless
✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖✖
Link da imagem externaOlá, jovem!
Menina, adorei ler sobre você! Você parece ser uma pessoa muito simpática e divertida <3 Eu gosto bastante da sua admiração por cervos, acho isso único de você, e isso te torna especial para mim.
Tipo, sempre que eu vejo algo em tom de verde pelo fórum (seja o de AD ou aqui) eu já penso que tem relação a você.
Que legal que você faz Design gráfico, acho que se eu não tivesse na faculdade que eu queria eu tentaria. E você tem ascendente em gêmeos, eu também <3 talvez por isso simpatizei bastante com você. Tenho a sensação de que a gente já conversou por outra rede social, eu acho seu mapa astral muuuito familiar.
Queria eu morar sozinha aos 18 anos, mas para mim é mais confortável morar com um dos meus pais.
Eu deveria ter pedido uma viagem também, meu aniversário flopou legal coisas da vida né
Foi um prazer ler um pouco sobre você :3Link da imagem externa
the wasted years, the waste youth, the pretty lies, the ugly truth
Offline
#28 13-08-2017, às 09h55
E aqui estou eu vagando pelos seres de Eldarya!
E você é mais uma amante do design! Parabéns!
Amei a história da sua guardiã, entendo que o Dalafa dela é um "grilo falante" que funciona como a consciência dela. É ótimo isso! às vezes perdemos a noção e ter um desses ajuda demais...
Quanto ao fato de ter nervoso de sangue e tals, isso você perderia se fosse trabalhar com os animais. Você simplesmente abstrai e vai seguindo. Falo de carteirinha, sou médica...
Medo de borboletas? Nunca conheci ninguém que tivesse! criei lagartas e borboletas na adolescência e as amo! Apaixonei-me por elas quando li o livro "o caso da borboleta Atíria", uma história de amor e suspense passada no mundo dos insetos... se um dia quiser perder o trauma, leia, é maravilhoso!
Ynuiasha é vida! Sesshomaru é... ui, crush!
Morar sozinha é ótimo. Ainda bem que sua nova casa não é assombrada, demoraria pra se acostumar, mas a gente domestica os fantasmas assim como eles nos domesticam... e a convivência é pacífica.
E seu guardião é um cervo! Coleciona cervos? Coleciono corujas! Tenho mais de 500! Mas estão encaixotadas, porque cansei de limpar o pó da coleção uma a uma...
Não liga se tem 18 anos e compra brinquedos. Eu tenho mais de 50 e to aqui, hahaha!
Meu Elfo Ezarel da vida real tem uma Harley. Mas te confesso que não ando de moto. Sou médica e já vi muito acidente feio na minha vida... Rezo todos os dias para todos os deuses e deusas para que ele volte inteiro pra mim...
Se gosta de desenhar, queremos ver seus desenhos. Participe do nosso chat de desenhistas!!!
Beijos!
Offline
#29 29-08-2017, às 03h22
OMG, ok, isso pode parecer estranho, mas tinha escrito uma mensagem completa e queria ver se dava para aumentar a letra. Quando mudou a tela e voltei para essa, a mensagem tinha desaparecido. Lei de Murphy, né?
Ok, esse foi um jeito SUPER educado de começar uma mensagem -sqn.
Oi Alissa, tudo bem?
Minha primeira mensagem pareceu muito formal, então de certa forma foi até bom ter dado um problema na hora H. Essa é a primeira vez em MUUUUUUITO tempo que interajo em um fórum. Pelo que me lembro, a última vez foi no Orkut (sim, aquela rede social tão amada pelos brasileiros que deixará saudades eternas <3). Me sinto uma tia velha falando isso, mas bem, deixa pra lá.
Gostei muito da história que você construiu pra sua personagem e mascote. Comecei o jogo hoje então nem pensei em algo para a minha personagem e mascote. Espero que eu consiga criar algo tão divertido como a sua plot.
Sobre você, o que me identifiquei foi a parte das tatuagens. Falar disso dá até aquele brilho nos olhos. Queria fazer mas algumas, mas três motivos me impedem: primeiro, não sei o que tatuar apesar de já saber o tatuador; segundo, não estou com a grana no momento; terceiro, isso me impediria de doar sangue por um ano. Sim, eu sou doadora e incentivo todos os maiores de 18 anos a serem também, pois isso pode salvar uma vida. Já tenho três tatuagens, então apesar de medo da agulha, sei que consigo lidar com a dor e o momento de pânico na hora.
Essa mensagem já está ficando grande demais. Não sei se estou nos padrões de postagem (apesar de ter lido as regras, por causa do horário posso ter me confundido) mas espero que corra tudo bem. Também espero que você consiga ver a mensagem e quiçá respondê-la. Foi um prazer ler sua descrição.
Aos outr@s usuári@s de Eldarya, é um grande prazer estar aqui com vocês!
Última modificação feita por YoonaSaito (29-08-2017, às 03h22)
Offline
#30 04-10-2017, às 16h10
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
Olá à todas as guardiãs! Desculpem ter abandonado meu próprio tópico, eu andei meio ocupada com aulas, formatura e quando entrava tinha tempo apenas de editar a ficha da minha guardiã.
@Bipolary Muito obrigada! Seja bem-vinda também, e pode me chamar quando precisar de ajuda ou apenas conversar!
@LunallyOda Muito obrigada! Seja bem-vinda você também <3
@Nasni Awwwn, sempre fico feliz quando ouço isso <3
Quem sabe nós não conversamos no tópico "Conte sua História"? Eu estou sempre por lá e meu mapa astral está na ficha da minha OC também! Sem contar que você me parece familiar também xD
@Especttra Olá!(adorei seu nick!).
Sim! É exatamente dessa forma que vejo o Chermont, mesmo atualmente minha guardiã estar com o Danalasm, o Dalafa continua agindo como sua consciência xD
Creio que para mim seria complicado, já que não é exatamente um medo, mas um problema psicológico meu ao ver sangue e essas coisas, que eu desmaio e tals, sendo que é apenas em situações específicas como quando falam de artérias ou ouço alguém contando sobre ataques cardíacos
Meus pais morrem de medo que um dia eu compre uma moto, tanto que não me deixaram fazer a carteira de moto (já que eles que pagaram a de carro né q), mas um dia ainda quero ter uma, nem que seja uma mera lambretinha kkkk
Morro de medo de borboletas! Minha mãe disse que provavelmente é um trauma de infância, pois quando criança borboletas enormes já me "atacaram".
@YoonaSaito Sofro do mesmo mal! Eu estou sempre editando as minhas mensagens, por mais que o erro seja MÍNIMO.
Ahhh obrigada! Quando pensar numa história, não hesite em compartilhar comigo!
Eu raramente interajo nos fóruns também, no de AD é raro me ver, sou um pouquinho mais ativa no fórum de eldarya mesmo q
Eu queria doar sangue, mas não posso, por causa do meu peso DDD:
Foi um prazer receber uma mensagem sua! <3
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h47)
Offline
#31 12-10-2017, às 22h19
A ficha mais legal que eu já vi por aqui. Hahaha
Paganismo é o que há.
Gostei dos teus interesses e até me identifiquei um pouco com eles. Você parece ser uma ótima companhia.
Tua OC também é bem dahora, cara. A história dela é muito boa. Aah, e como eu adoro fichas detalhadas de personagens! A tua ficou excelente. Estou pensando em fazer um post para a minha OC também, se importaria se eu me baseasse no modelo da sua ficha? hehe
Outra coisa: gostei bastante desses Desafios de Escrita. Isso é alguma brincadeira do fórum ou só um desafio pessoal mesmo? rs
Offline
#32 13-10-2017, às 13h26
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@Credens Poxa, obrigada! <3 Eu entrei de cabeça na criação da minha OC de Eldarya, sempre fui apaixonada por fantasia, então essa chance de criar uma oc nesse tema tirou tudo de mim q Se você não sabe por onde começar, dê uma passada no tópico da Selkie! Ela criou um tópico de criação de OC's, infelizmente ele vai ser fechado pois ela não está muito bem, mas a usuária @copy vai assumir o tópico e recriá-lo, no tópico tem várias ideias de coisas que você pode colocar na sua ficha! //www.eldarya.com.br/forum/t386,1-guardi%C3%A3s-conte-sua-hist%C3%B3ria-por-selkie.htm
Dalafas são maravilhosos, é uma pena que a sorte e energia são ruins
para os eventos, se não fosse isso eu ainda estaria com o meu ç-ç
@Yasunder Awwn que honra! xD
Aaaaa valeu mesmo! Eu realmente me dediquei nessa OC, viajei bastante na maionese para criar uma personagem mítica como os outros seres de Eel!
Pode sim!
Existe um tópico na seção de jogos, chamado "Conte sua História" criado pela @Selkie, foi lá que eu comecei criando minha ficha, lá tem várias ideias de coisas para colocar na ficha xD
//www.eldarya.com.br/forum/t386,1-guardi%C3%A3s-conte-sua-hist%C3%B3ria-por-selkie.htm
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h47)
Offline
#33 18-10-2017, às 22h32
Seja muito bem vinda (sei que você já é antiga no fórum, mas é sempre bom dar as boas vindas). rs
Já nos esbarramos em alguns tópicos.
Acho fascinante esse amor que você possui pelos cervos. São animais realmente lindos. <3
Admito que possuo uma leve queda por eles também, haha.
Não vou mentir, não entendo praticamente NADA de signos.Sinto como se estivessem falando em grego.
Aliás, amo Ilha dos desafios! Assistia bastante quando passava (se não me engano) na Rede TV.
Offline
#34 18-10-2017, às 22h48
"sei que você já é antiga no fórum, mas é sempre bom das as boas vindas!"
Primeiramente, parabéns pela disposição e pelo nível de auto conhecimento... Queria tanto conseguir escrever tanto assim sobre mim, mas realmente não dou conta... sempre acabo travando.
Achei muito linda toda essa sua ligação com os cervos... Eles são de fato, animais maravilhosos! A propósito, fiquei super curiosa para descobrir minha lua, e inclusive, encontrei a calculadora que você mencionou, mas infelimente não consegui compreender exatamente como funciona.
Encontrei alguns gostos em comum, principalmente em se tratando de Gwen e estúdio Ghibli!
Adorei muito ler seu perfil, e mais tarde irei bisbilhotar seu tumblr!
Um beijinho e até mais!
Offline
#35 19-10-2017, às 00h20
Eu realmente tenho que dizer que eu adorei o estilo da sua Guardiã, mas isso na cabeça dela atrás da foice é uma folha? haha Aliás, gostei de todo o seu perfil.
Você tem um gosto musical realmente incrivel e eu não estou falando isso só porque eu gosto de alguns que você citou ai. -q
Offline
#36 19-10-2017, às 16h15
Postagem alterada por ser considerado Flood.
Última modificação feita por Cicely (19-10-2017, às 16h16)
Offline
#37 23-10-2017, às 00h28
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@Valonqar Cervos são maravilhoso né não? Não tem como não ter nem que seja uma leve paixonite por eles, mesmo que seja apenas porquê são animais majestosos xD
Eu também sou uma zero à esquerda em signos UIHSIUAHSA Pra ser sincera não acredito em signos não, gosto de dizer apenas para quem entende dessas coisas pois sei como a maioria sempre quer saber o signo -qq
Fiquei triste quando o Owen ganhou da Gwen :c Mas pelo menos no boomerang eles fizeram ela como a vencedora num final alternativo <3
@Kazemaru Poxa, obrigada! Digamos que sempre fui (ainda sou, mas numa escala menor) uma pessoa solitária então acabei me conhecendo bastante pois sempre tirava um tempo para descobrir mais sobre mim mesma (amo psicologia, análise, testes de personalidade e assim por diante!). Mas é normal empacar, escrever quem sou é fácil, mas na hora de falar às vezes dá um branco q
Provavelmente a calculadora que você encontrou é a do Kin (que é uma espécie de signo maia mais ou menos, é bem interessante, tem até a frase que define o seu Kin xD), aqui nesse http://tzolkin.com.br/calendario/?dia=6&mes=3&ano=2017&moon=true tem um calendário, você coloca sua data de nascimento ali onde diz para converter para o calendário gregoriano, que aparecerá qual lua estava no céu aquele dia <3
Foi ótimo receber você aqui no meu tópico, beijos! *-*
@iAkasha Seja bem-vinda também!
Sim xD Eu adoro colocar todos os itens que tem folha na minha guardiã, então provavelmente não tem só uma folha atrás dela -qqqqq
Ahahah obrigada! <3
@Cicely Olá, bem-vinda! Olha, você pode se sentir a vontade para falar comigo pelas mensagens, qualquer dúvida que tiver ou se apenas quiser conversar, eu sempre dou um jeito de responder ou ajudar!
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h48)
Offline
#38 23-10-2017, às 00h44
Offline
#39 23-10-2017, às 16h10
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@iAkasha Aaaaa, obrigada <3 Eu vejo os looks das outras guardiãs e fico com vergonha do meu, por isso fico feliz pelo elogio <3
Eu misturo vários itens de vários eventos e até de exploração, por isso é normal não reconhecer alguns xD
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h48)
Offline
#40 27-10-2017, às 21h04
Postagem alterada por ser considerado Flood.
Offline
#41 09-11-2017, às 01h38
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@MaxinePrince Obrigada <3
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h49)
Offline
#42 19-11-2017, às 01h19
Enfim, seja bem vinda apesar do tópico já esta a bastante tempo -q AHSUAHSUAHS Aahh se eu tivesse dinheiro para fazer tatuagens -v- iria fazer várias! Eu sou ruim neste assunto de apresentação mas, sua guardiã é linda demais, fazia tempo que queria comentar mas não sei porque não vinha, não sei, talvez vergonha? ;v Mas me pronunciei -v-
Espero que esteja aproveitando os eventos! Boa noite\tarde\dia.
Offline
#43 19-11-2017, às 14h34
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@Morgiannah Olha que engraçado, quando mais nova, eu gostava de cervos, mas gostava mais de lobos xD Acho que somos ao contrário qqq
Aaaa obrigada! Seja bem-vinda também!
Eu estou economizando agora para fazer mais duas (mas pequenas, pois pra tatuagem grande o dinheiro não vai dar não q)
Muito obrigada <3 Eu achei sua guardiã muito linda também! Não foi você que fez um look com uma naga lilás e aquela máscara com bico? Me perdoe se tiver confundindo apesar de eu ter certeza pelo nick que foi você q já vou adiantar que estava muito lindo!
Poxa, que bom que veio! Não precisa ter vergonha, sei que pareço ser bem fechada e tal, mas adoro quando passam por aqui <3
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h49)
Offline
#44 19-11-2017, às 15h39
Só somos ao contrário mesmo AHSUAHSUH
Se esse mundo não fosse tão preconceituoso faria várias tatuagens pelo corpo! Provavelmente eu faça uma tatuagem de lobo <3' Como queria ter um wolf dog e-e' Pena que é proibido e eu também me sentiria mal por manter um animal desses preso em um lugar pequeno ç-ç seria só sonho msm :')
Offline
#45 19-11-2017, às 23h48
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
De nada! Ficou incrível mesmo <3
Ah mano, não vale a pena deixar de fazer as coisas por causa das pessoas babacas, se tu gosta de algo vai fundo <3
PUTZ, ELES SÃO LINDOS MESMO, principalmente os que são totalmente pretos <33 Meu sonho é ter cervos, mas pra isso preciso de uma fazenda para eles viverem bem ç-ç (Ou seja, preciso de muito dinheiro e isso tá meio longe de acontecer -q)
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h50)
Offline
#46 21-11-2017, às 22h49
⌦AI MEU DEUS!
Não acredito que eu não sabia, que tu tiveste apresentação.
Começando...
Olá, eu estou bem e você?
(Na parada de signo) "Não entendi, mas estou compreendendo"
Acabei de pesquisar sobre o sincronário da paz e descobri que sou a lua elétrica do veado, aí eu estou tipo: QUEEE??? Não estou entendendo nada.
Fiquei me imaginando aqui, deve ter sido meio estranho a reação dela ao se transformar numa líder de um enorme bando de cervos, quase que da água para o vinho, já que a algum tempo atrás a mesma era humana.
1-Como você teve uma ovelha e um tatu? Oh Deus! Isso com toda certeza não é uma coisa que se vê todo dia!
2-Também não me dou muito bem com sangue, e coisas do tipo, desmaio só de ver! (O que já aconteceu quando estava no primário - infelizmente)
3-Garota como tu pode ter medo de uma borboleta, e não de cobras, ratos e baratas? Acho que buguei com tua escrita, Oh, garota corajosa tu vi!
4-Meu Deus, garota, não me fala isso que depois eu não durmo nunca mais!
15-Acho que temos um sonho em comum: visitar o país kawaii/animes... - Japão - tirando somente a parte dos cervos, já que não sou tão ligada a eles.
Que isso, amei tê-la comigo por um tempinho ^^
Offline
#47 22-11-2017, às 21h04
"Everything in the forest has its season. Where one thing falls, another grows.
Maybe not what was there before, but something new and wonderful all the same.”
@Sellenie Oi! <3
Na parte dos signos eu também não manjo muito, só copiei os dados do meu mapa astral para quem gosta dessas coisas saber, mas se me perguntar agora eu nem lembro qual é meu ascendente e etc kkkk
Eu reagi bem dessa forma quando descobri minha lua. Eu fiquei tipo: "Tá brincando né? Não pode ser coincidência!"
Com certeza! Ela demorou para se acostumar, inclusive com a parte de sentir a floresta e as criaturas, no início ela tinha dores de cabeça devido ao peso das galhadas e aos sons da floresta. Mas logo ela pegou o jeito (imagina se ela não ia gostar de ficar ao redor de um monte de cervos né? q)
Bom, meu pai tem um amigo dono de uma fazenda, e um dia quando eu era criança fomos visitar a tal fazenda. Antes de irmos embora ele perguntou se eu queria uma ovelha, eu como uma criança que sempre amei os animais óbvio que eu falei que sim, meu pai levou na brincadeira, nem deu bola. Do nada o amigo dele aparece com uma ovelhinha! Ela tinha sido rejeitada pela mãe, pois a mãe tinha dado à luz à dois filhotes, e é normal elas escolherem apenas um para criar e abandonar o outro :c Meu pai ficou com pena e deixou eu levar ela pra casa <3
O tatu foi diferente, meu pai trabalha em uma fazenda, então quando ele estava voltando achou na estrada um filhotinho de tatu perdido, ele já tinha criado tatus na infância (morava no interior, época que só tinha mato e essas coisas) então pegou e eu e ele criamos o tatuzinho. Depois de grande começamos a acostumar ele a procurar comida e tudo e o soltamos perto da fazenda xD
Menina, ACHO BORBOLETAS EXTREMAMENTE NOJENTAS, AQUELAS ANTENAS, AQUELE ABDOMEN GORDO QUE PARECE SER CHEIO DE MELECA DENTRO, AQUELAS ASAS QUE FICAM ZUNINDO NO OUVIDO, UGH, ODEIO, NÃO DEIXO NEM CHEGAR PERTO DE MIM Q
Já cobras eu acho bonitas, já peguei algumas em alguns passeios que envolvem projetos de reabilitação e foi incrível (apesar de uma hora a cobra apertar meu braço com força um pouco q).
Bah, sobre a experiência da minha antiga casa, foi horrível, eu desenvolvi um medo de dormir sozinha que durou até meus 15 anos mais ou menos x-x
Não consigo imaginar alguém que não queira visitar o Japão, não importa o motivo, todo mundo deve querer porquê é incrível <3
Aaaaa amei que você passou aqui para ler um pouquinho sobre mim <3
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (27-11-2018, às 15h50)
Offline
#48 30-11-2017, às 12h19
Por favor tomem cuidado com flood (como postagens múltiplas) já que elas não são permitidas no fórum
*Regras do fórum*
*Regras da seção*
Offline
#49 05-12-2017, às 11h42
Escreva sobre um encontro de sua Guardiã e um Black Dog
Faziam exatos sete dias que eu estava vivendo em Eldarya. Era uma noite fresca de primavera e Chermont estava impaciente.
- Eu sei, eu sei... Está na hora de você explorar. Mas você devia comer antes.
Chermont virou a cara. Tirei uma fruta mel do pote em que eu as deixava. A segurei pelo cabo e botei na frente da cara do Dalafa.
- Vai recusar mesmo essa fruta deliciosa? (eu sempre odiei frutas, mas estava mentindo para o bem dele). Olha só o mel, está escorrendo. Se você não comer, eu vou.
O mel da fruta pingou, e uma pequena quantidade escorreu no focinho de Chermont. Ele lambeu e então abriu a boca para comer a fruta.
Gargalhei.
- Eu sabia que você não ia resistir.
Acompanhei Chermont até o portão, ele andava majestosamente com suas pernas delgadas e finas. Os cascos faziam plec, plec, plec, o reflexo do luar em seus cascos azuis faziam eles parecerem feitos de diamante. Chermont se esfregou em minhas pernas, eu me abaixei e fiz carinho em sua cabeça.
- Namarie, Mellon (“Até logo, amigo” em élfico, dos livros de Tolkien, em Eldarya eu sou uma guerreira, mas já fui uma nerd).
Chermont saiu correndo.
Faziam algumas horas que ele não voltava. Geralmente levavam apenas minutos! Comecei a ficar nervosa. Levantei da cama e fui até a despensa. Nem me preocupei em acender a luz, apenas comecei a tatear nas despensas, buscando algo para beliscar. Se algo acontecesse à ele, eu sentiria, certo?
A luz acendeu. Era Valkyon, por mais estranho que parecesse, ele ainda estava com a roupa de sempre. Será que ele não usava pijama?
Ignorei meus devaneios sobre a vestimenta do meu líder de guarda e parei para ouvir o que ele estava falando.
- ....Está bem?
Não entendi a pergunta, meus pensamentos o haviam cortado, não sabia se ele estava perguntando se eu estava bem, ou se tinha perguntando algo como que: olha, estou ocupado, faz uma comida para mim, está bem? Então banquei a desentendida do modo mais sutil que eu sabia.
- Eu?
Ele me encarou confuso. Certeza que estava me achando retardada.
- Sim. Você. Você está bem?
- Ahn... é meu mascote. Ele foi explorar e não voltou até agora...
Antes que eu pudesse continuar falando e falando sobre o quanto estava preocupada, Valkyon interrompeu.
- Vamos procura-lo então.
Em três palavras Valkyon conseguiu me fazer correr trocar o pijama por uma roupa apropriada e logo já estávamos nos portões, prontos para sair. Estávamos andando, ele nem havia trazido seu mascote, provavelmente para eu não me sentir pior. O silêncio reinava, afinal, o que eu falaria com meu líder de guarda? Não precisei me preocupar com isso por muito tempo, pois logo senti um tremor na minha perna direita, em meus olhos, como se fosse uma projeção, surgiu a imagem de várias árvores e de uma sombra negra se aproximando.
- Os arredores da floresta, Valkyon! Os arredores da floresta!
Ele apenas assentiu e corremos. Valkyon era bom para essas coisas por entender frases por mais curtas que fossem e não perguntar absolutamente nada.
Estávamos na borda da floresta, mas não havia nada lá. Com uma adaga em cada mão, eu comecei a entrar na escuridão causada pelas árvores muito próximas umas das outras. Valkyon puxou minha capa.
- Cavaleiros primeiro.
- Você não é exatamente um cavaleiro, nem está montado em um cavalo....
Ok. Admito. Coisa idiota para se dizer. Mas Valkyon estava mais para um bárbaro com boas maneiras. Continuei indo na frente. Os tremores na minha perna iam e voltavam. De repente senti minha perna presa. Não havia nada prendendo-a, mas ela não saía do lugar.
- Que porr* é essa?
Valkyon olhou a ridícula cena de eu parada, fazendo esforço para libertar a perna de algo invisível. Se fosse Nevra ou Ezarel, tenho certeza que nesse momento estaria ouvindo gargalhadas, mas não com Valkyon. Ele se aproximou, notei que ele estava pegando o machado que estava prezo em suas costas. Ele o empunho.
- HEY, VOCÊ NÃO PRECISA DECEPAR MINHA PERNA!
- Eu não vou decepar sua perna, só vou cortar o que está te prendendo.
- QUEM TE GARANTE ISSO?
- Eu.
- CLARO, NÃO É SUA PERNA QUE VAI SER CORTADA!
Comecei a me chacoalhar, fazendo de tudo para minha perna se soltar sozinha.
- PARE QUIETA!
- VOCÊ VAI CORTAR MINHA PERNA FORA, LARGUE ESSE MACHADO.
- QUANTO MAIS VOCÊ SE MEXER, MAIOR A CHANCE DE EU CORTAR SUA CABEÇA FORA!
Valkyon estava gritando. Nunca imaginei ELE fazendo isso. Eu me chacoalhava mais ainda. Foi quando vi o machado dele vindo em minha direção.
- PUTAQUEPARI*
Foi quando minha perna soltou, eu dei um pulo para frente e o machado de Valkyon passou raspando por mim. Senti o vento, o VUSHHH que ele fez.
- Ai. Essa foi por pouco.
Suspirei aliviada.
- A culpa seria sua se você ficasse sem perna.
Valkyon começou a rir, não aguentei e ri também. Toda a tensão havia ido embora.
Estávamos dentro da floresta, quando avistei uma figura de pernas compridas e anteninhas balançando.
- Chermont!
Corri até ele. Ele me olhou e eu senti que ele estava muito mais calmo agora. O dalafa virou a cabeça em direção a sua perna traseira direita, ele a chacoalhava constantemente, tentando se livrar da corrente. Chermont havia ficado preso em uma armadilha. Minhas adagas não serviriam para libertá-lo da corrente de ferro que havia o prendido, mas o machado de Valkyon sim.
- Por favor, não decepe a perna dele.
Ele sorriu.
- Vocês dois têm um sério karma com pernas.
Foi então que eu percebi: minha perna direita estava tendo tremores, Chermont estava mexendo a perna direita traseira, que era a que estava presa. Não podia ser mera coincidência. Me abaixei, tentei ficar com o mesmo ângulo de visão de Chermont. Enxerguei a mesma imagem da floresta que eu havia tido em minha visão. Só faltava o...
- Vulto negro.
Valkyon havia libertado Chermont. Ambos me olharam.
- Um vulto negro. Lá.
Apontei para uma das árvores, perto dela, um vulto negro, sobre quatro patas, parecia se aproximar.
Valkyon engoliu em seco.
- É um Black dog.
Ele me encarou, eu ainda estava de quatro no chão.
- Mas o quê...
Me levantei rapidamente, com minhas duas adagas apontadas para frente.
- Ele é perigoso?
- Se é perigoso? Entre ele e meu machado, você ia implorar para eu cortar sua cabeça fora com ele.
Chermont estava com os pelos eriçados, as asinhas de sua cauda batiam sem parar.
Valkyon guardou o machado e pegou Chermont no colo.
- Como novata da guarda obsidiana, você vai ter a honra de matar um black dog.
Eu sabia que não era uma boa ideia ter trazido meu líder de guarda. Eu nunca havia matado nenhuma criatura, eu passava mal nas aulas de biologia quando o professor falava em artérias. Eu não podia matar aquele cachorro. Quero dizer, até podia, mas eu ia desmaiar assim que visse o sangue jorrar. Bom, os psicólogos não resolveram meu problema com sangue, quem sabe um cão negro de outro mundo resolvesse?
O bicho foi se aproximando, cada vez mais visível. Uma criatura desse tamanho deveria se chamar Black Horse, não black dog. Era um cão negro, encorpado e robusto, com pernas longas e musculosas. Seus olhos eram negros e sem brilho algum. A criatura rosnava, bufava e babava, uma gosma púrpura escorria de seu beiço.
Fiquei em posição de batalha, joelhos flexionados, ambas as adagas em mãos, os olhos firmes no oponente. Eu sentia o Black Dog me observando e Valkyon também, ambos me analisando, e sinceramente, eu não sabia dizer qual era pior.
“Eu sou xamanista, eu não posso matar ele a não ser que ele me ataque” esse pensamento ecoava em minha mente.
O cão bufou e então correu em minha direção. Suas patas afundavam na terra. Dava para ver os músculos se contraindo na pele negra do animal.
Ele podia ser do tamanho de um cavalo, e ter a aparência de um demônio do submundo, mas ainda era um tipo de cachorro.
Corri em direção à ele.
Senti o baque do corpo do animal contra o meu. Foi como uma explosão. Mas eu estava convencida à não ferir ele, e se necessário não mortalmente pelo menos. Ele estava em cima de mim. Devia pesar uns 90 quilos, talvez menos, eu sou uma menina magrela de 1,59 de altura, não precisa pesar muito para parecer ter 90 quilos para mim.
Uma adaga estava contra o pescoço dele assim ele não poderia me morder. Com a outra, calmamente, de forma a não deixa-lo com mais raiva, fiz um corte em sua pata, a adaga apenas passou rasgando por sua pele, eu vi o sangue quente escorrendo. Foi um belo de um corte. Ele uivou e pulou para trás, eu me levantei. O black dog começou a rosnar (até eu rosnaria para quem me cortasse). Larguei ambas as adagas no chão e com o pé as empurrei para trás. Comecei a me aproximar lentamente. Os rosnados ocilavam. Era como se ele estivesse em dúvida: rasgo o pescoço dela ou não?
Me aproximei mais e estiquei uma das mãos. O animal cheirou e ficou quieto. Então ajoelhei e rasguei um pedaço de minha capa, novamente estiquei a mão em direção ao machucado e ouvi mais rosnados.
- Shhh, shhhh, shhhh. Não vou te machucar. Quero dizer, eu já machuquei, mas eu não tinha escolha e...
Tagarelando comigo mesma eu não percebi que ele colocou a boca em minha mão, vi apenas quando senti o hálito quente soprando em minha pele.
Valkyon deu um passo para frente com uma das mãos segurando Chermont e com a outra indo em direção ao machado. Fiz sinal com a mão livre para que ele continuasse parado. Fiquei paralisada. Não havia mais o que fazer. Fechei os olhos e agarrei a pata machucada. Mordi os lábios esperando uma onda de dor me atingir e ao abrir os olhos, ver minha mão jogada no chão, com um ou dois dedos entre os dentes da criatura.
Não senti nada.
Senti uma coisa viscosa roçando na pele de minha mão. Abri os olhos. Era uma língua roxa, igual a de um Chow Chow.
Quando ele parou de lamber, tirei minha mão tranquilamente de sua boca, e comecei a fazer o curativo. Enrolei o pedaço da capa no ferimento para estancar o sangue. Tirei do bolso uma fruta mel, e deixei em minha mão para ele pegar. Já tive uma yorkshire que comia brócolis, um cão gigante negro comendo uma frutinha não seria nada demais. Ele cheirou, lambeu e logo a abocanhou.
Me levantei e voltei para Valkyon e Chermont andando de ré, sem tirar os olhos da criatura. Ele podia até ser amistoso, mas não podia arriscar, ainda era um predador, se eu desviasse o olhar, ele poderia atacar.
O black dog observou nós três atentamente, uivou, e correu para longe.
- Bom trabalho, mas preferia que tivesse matado ele.
Meu líder de guarda me encarou sério.
- Isso vai contra meus princípios.
Valkyon me deu um tapinha no ombro e disse:
- Era um filhote de Black Dog dos grandes, com sorte ele vai se lembrar disso.
Eu peguei Chermont no colo e suspirei aliviada.
- Ou ele vai esquecer a parte do curativo e apenas lembrar que foi você quem deixou uma cicatriz na pata dele.
- Ou com sorte, meu líder de guarda vai enfrentar ele na próxima vez.
Falei rindo. E assim voltamos para o QG.
Escreva sobre a rotina de sua Guardiã, como seria um dia normal em sua vida
Em Eldarya, o dia começa cedo. Abri meus olhos e me deparei com meu “lindo” quarto de paredes rosadas e encardidas. Era um quarto simples, havia uma enorme janela no fundo, uma prateleira presa na parede por correntes de ferro com um pequeno jarro roxo em cima, uma cama de madeira cujo colchão de palha eu tive que pedir para Miiko me dar e um caixote ao lado que eu usava como baú para guardar minhas coisas. Numa das paredes também havia uma pequena fenda abobadada, onde eu deixava uma vela acesa à noite e a apagava antes de dormir. Chermont dormia aos meus pés, suas patas as vezes se mexiam, exatamente como um cão quando tem pesadelos.
Levantei da cama e troquei de roupa. Tire a camiseta verde, toda remendada com trapos que eu usava de pijama, vesti minha regata preta e uma calça também preta, coloquei minhas botas de couro e acordei Chermont. Retirei uma escova do baú e escovei seu pelo ralo, era mais um carinho, visto que ele adorava, toda vez que a escova corria pelo seu lombo, as asinhas de borboleta de sua cauda balançavam fervorosamente.
Fomos até a despensa. Karuto fazia o café da manhã e o deixava servido por um certo tempo, aqueles que se atrasassem não comiam. Na mesa haviam vários tipos de pães, geleias, ovos mexidos e algo muito semelhante à bacon (será que eles faziam bacon de algum mascote?). Me servi de pão com mel, bacon e duas colheradas dos ovos mexidos. Na Terra eu não costumava comer muito pela manhã, mas em Eldarya era diferente, se você não comesse, passaria sem comer até a hora do almoço, para alguém que treina com o Valkyon todas as manhãs, ficar sem comer não era uma opção. Chermont, é claro, também se alimentou, todas as manhãs enquanto eu tomava o café, eu lhe dava três frutas de mel.
Após estarmos alimentados, seguíamos para o jardim do QG, onde todos os novatos da Obsidiana treinavam com Valkyon. Nesse horário eu me deparava com os novatos das outras guardas. Os da guarda Absinto seguiam para o laboratório de alquimia, onde com toda certeza Ezarel os infernizava até não poder mais. Os novatos de Nevra, da guarda das Sombras seguiam para os arredores da floresta, provavelmente para treinarem seus modos de espionagem.
Modéstia à parte, eu era uma das melhores novatas, e a única a utilizar duas adagas ao mesmo tempo. Valkyon quem me sugeriu utilizá-las, aconteceu que uma vez ele me observou pintando um desenho com as duas mãos. Ele ficou impressionado e me pediu para ir até a forja. Fiquei testando adagas até encontrar uma que fosse do peso e tamanho adequados para mim. Dias depois, ganhei um lindo par de adagas, de um metal esverdeado, em seu cabo havia uma pequena escultura de um cervo. Achei estranho, com tantas criaturas esquisitas em Eldarya, existiam cervos? Quero dizer, cervos normais? De uma cabeça só? Com uma cauda? Com pintinhas brancas nas costas? Porém não comentei nada, apenas agradeci, eram lindas.
Mas essa história de como ganhei as adagas não vem ao caso, o caso é que eu sei que sou boa com elas e por isso continuo treinando todas as manhãs, até o almoço.
Na hora do almoço, todos os novatos saíam do jardim suados e doloridos e se encontravam com todos os outros das outras guardas para almoçar. Eu ainda não havia feito amigos, então me servia e ia comer em meu quarto apenas na companhia de Chermont. Ao contrário do café da manhã que era silencioso, na hora do almoço a despensa ficava agitada, ecoavam sons de riso e podia-se ouvir um monte de adolescentes e jovens adultos se divertindo enquanto devoravam a comida de Karuto.
A tarde em Eldarya era mais calma. Ás vezes eu encontrava Valkyon e treinava lutar com uma espada ao invés das adagas, a espada era enorme, quase do meu tamanho, pesava muito e era toda verde, um verde esmeralda, que ficava mais lindo ainda cada vez que eu conseguia empunhá-la acima de mim. Outras vezes eu recebia alguma missão fácil dele, como separar gemas de pedras na forja, dar algum recado à Miiko ou Kero e outras coisas assim, que ele só pedia para os novatos.
Mas na maior parte da tarde eu fico à toa. Chermont provavelmente deve enjoar de tanto andar comigo. Eu aproveito para desenhar, não posso perder a prática, mesmo estando em um mundo mágico com garotas raposas de três caudas e claro, eu, uma menina cervo, com orelhas pontudas, duas pequenas galhadas e um rabinho que por causa dele precisei fazer buracos em todas as minhas calças para ele ficar livre. Dormir também é uma opção. Mas o que eu mais gosto mesmo é andar por Eldarya. Já vi um garotinho meio dragão, que conseguia cuspir fogo! Ainda não encontrei nenhum Faerie que também seja metade cervo, Kero diz que não é muito comum, visto que os cervos foram trazidos da Terra para Eldarya (longa história que deixarei para contar numa próxima oportunidade).
Quando anoitece, apesar de todos estarem cansados, acontece um fenômeno cuja beleza restaura a minha energia. Existem vagalumes que brilham com uma luz turquesa, eles invadem o jardim do QG e é uma das coisas mais belas que já vi. Já levei Chermont para correr atrás deles, e é claro que corri junto. Há o jantar também, Karuto capricha nele, depois de comer, eu me retiro novamente ao meu quarto (sou uma corça solitária) e fico desenhando, brincando com Chermont ou lendo até o sono vir, e quando ele vem, durmo, feliz por estar em um mundo muito parecido com os dos livros de Tolkien, cujo quais eu desejava tanto conhecer.
Escreva sobre como sua Guardiã descobriu seus sentimentos por sua paixão
Valkyon finalmente havia terminado de decorar meu quarto. Havia uma estante enorme de livros, haviam samambaias penduradas acima da minha cama por grandes hastes de ferro, junto com vários chifres de cervo, uma das minhas plantas favoritas por motivos óbvios. A cama, que antes era apenas um monte de tábuas sem colchão agora possuía uma linda colcha zebrada, travesseiros macios feitos com pelo de crylasm e ao seu lado um tapete que ao acordar e colocar os pés nele, era como se eu estivesse pisando em uma grama fofa.
A esse ponto Valkyon já havia se tornado não apenas meu chefe de guarda, mas meu amigo. Ykhar havia me perguntado pelo menos umas cinco vezes se eu sentia algo mais pelo bárbaro misterioso e de cabelo platinado, mas a resposta era sempre a mesma: não. Eu realmente não sentia nada, considerava ele um irmão e um mentor de batalha.
Quanto a Ezarel, eu realmente não gostava do cara, apesar dele ser um elfo, e eu ter passado parte de minha adolescência na Terra falando em élfico porquê havia me apaixonado pelo Legolas de O Senhor dos Anéis, esse elfo de cabelos azuis com certeza não fazia meu tipo. Mas admito que era divertido trocar patadas e coices com ele.
Nevra também não fazia meu tipo. Vampiros nunca foram criaturas que me interessaram, mesmo quando eu era mais nova e gostava de Crepúsculo, eu preferia mil vezes os lobisomens. Além de ser um vampiro, Nevra também é um mulherengo, característica que abomino em qualquer criatura, seja bárbaro, elfo ou vampiro. Afinal, não entendo a necessidade de deixar pessoas por quem você não sente nada além de atração se aproximarem de você, e pior, deixá-las tocar e beijar você. É, no mínimo, nojento.
Mas a vida em Eldarya não se resume a apenas caras bonitinhos cujas sereias peitudas e garotas com orelha de coelho ficam tentando saber qual dos três você prefere. Não estamos no colegial. Estamos em um mundo mágico, com cães negros e espectrais, armas brancas, espíritos, bruxas, fadas, e kitsunes irritantes e nesse mundo, eu precisava acordar cedo para fazer as tarefas que me eram designadas.
Acordei antes do sol nascer, quanto mais rápido eu terminasse tudo que eu precisava fazer, mais rápido estaria livre. Encontrei Miiko no corredor e fingi não vê-la,não me julguem, apenas não gosto de pessoas mandonas. Contudo, ela me viu, e começou vindo em minha direção. Com uma cara amarrada ela apenas me disse:
- Humana, hoje você está livre das tarefas, tire o dia para treinar ou busque algo para fazer, não ouse ficar parada! Se roubarem algum pão na sua frente, eu juro que você volta para a jaula.
- Quanto vai cobrar a entrada? – Falei em tom sarcástico, mas Miiko não entendeu e apenas perguntou confusa:
- Entrada de quê?
- Do zoológico de faeries que te desobedecem. – Dei uma risadinha e a encarei, dava para ver a raiva em seus olhos azuis.
- Ora, sua insolente! – as chamas azuis surgiram de sua mão e crepitaram loucamente. Antes que Miiko pudesse me cremar viva, Kero surgiu.
- Ahn, Miiko, estou interrompendo algo?
- Não. Não, Keroshane. – ela guardou as chamas azuis e ajeitou o cabelo – O que você quer? Surgiu algum problema?
- Leiftan gostaria de vê-la.
- Claro, já estou indo.
Miiko saiu, rebolando suas várias caudas. Keroshane apenas me olhou, como se perguntasse: O que você aprontou dessa vez?
- Ei, eu não fiz nada, ela que não tem senso de humor.
- Você deveria tratar ela melhor. O temperamento dela não é o mais fácil, mas ela tem um bom coração. – A voz dele era calma e gentil, como um pai repreendendo o filho por pintar “eu te amo, papai” na parede.
Apenas acenei com a cabeça, concordando. Claro que eu não concordava, mas discutir com Kero, que foi o primeiro a me acolher em Eldarya, não serviria de nada.
Na despensa encontrei Valkyon. Ele estava devorando um tipo de hambúrguer, acompanhado de um caneco de hidromel. Ao me ver, ele sorriu.
- Está com fome? Ainda tem bastante aqui. – Disse, e então empurrou um prato com vários hambúrgueres para o meu lado da mesa.
Comecei a comer. A carne do hambúrguer parecia com uma carne bovina normal, como a da Terra. Mas o gosto era mais forte, lembrava carne de búfalo. Peguei um caneco igual ao de Valkyon e servi hidromel. Comemos, bebemos e conversamos.
- Está de folga hoje também? – Estranho, Valkyon falou como se ele também tivesse sido dispensado de qualquer tarefa. Líderes de guarda descansavam? Vendo minha expressão de incredulidade, Valkyon continuou:
- Sei o que está pensando, mas sim, líderes também descansam. Quer treinar um pouco hoje? Podemos beber muito hidromel e então lutar, muitos golpes novos e interessantes surgem depois de ficarmos bêbados! – Ele riu.
- Ok, quem é você e onde está o Valkyon? – Pela primeira vez em todos esses dias convivendo com ele, eu estava fazendo o papel de séria estraga-prazeres e ele o de louco que não pensa nas consequências.
- Estou brincando! Ykhar me pediu para ensinar uns golpes à ela hoje já que ela não sabe nem se defender.
Me segurei para não rir, como Valkyon podia ser tão cego? A única coisa que Ykhar queria defender era o próprio Valkyon, das outras garotas que podiam se interessar por ele, provavelmente era por isso que a coitada se preocupa tanto com a proximidade que eu tenho com ele.
- Pode fazer o favor de dizer a Ykhar que ela não precisa se preocupar comigo? Eu sei me defender sozinha. – Gargalhei mesmo sabendo que meu líder de guarda não entenderia nada.
- Darei o recado.
Terminei de beber o último gole de hidromel e saí.
O dia de folga veio em boa hora. Faziam alguns dias que Kero havia me contado sobre cervos existirem em Eldarya e também sobre eu ser a primeira menina-cervo entre todos os Faeries. Fui até a biblioteca, queria saber tudo sobre os cervos que haviam nesse lugar.
Encontrei apenas dois livros que continham informação sobre o assunto. “Terra e Eel: Diferentes, mas nem tanto” e “Enciclopédia dos animais de Eel”.
No primeiro livro dizia basicamente o que quero havia me contado: há alguns anos os cervos surgiram do nada em Eldarya. Um bando inteiro, ninguém sabe de onde. Cervos exatamente como os que haviam na Terra. Chegaram em Eel e se adaptaram. Costumam aparecer na floresta, mas poucos os encontram, e quando encontram, dizem que são abençoados, recebendo assim uma boa quantidade de sorte por anos.
Mas no segundo livro que surgiu uma informação interessante: havia uma lenda que dizia que um dia, assim como surgiram os cervos em Eldarya, também surgiria um faerie híbrido dos mesmos. Esse faerie seria capaz de se comunicar com o bando. O porquê de eles virem para Eldarya? Ninguém sabia. Havia algo de especial nesses animais? Mistério. Como souberam que um faerie metade cervo chegaria em Eel? Apenas dizia que o Oráculo previu. Esse faerie híbrido era eu? Talvez.
Eu estava concentrada nos livros, tão concentrada que quase não ouvi passos se aproximando. Rapidamente fechei ambos os livros e me levantei do chão, onde eu estava deitada de barriga para baixo, lendo.
- Ora, ora, está lendo algo proibido para sua idade, orelhudinha?
Era Nevra. Fiquei vermelha com a insinuação sacana dele, eu não lia essas coisas... Bom, talvez um pouco, mas já sou adulta, então não era como se eu estivesse fazendo algo errado... Senti minhas orelhas de cervo se encolherem ao redor do meu rosto, sempre acontecia quando eu ficava envergonhada.
- Orelhudinha é a sua mãe, e o que estou lendo não é da sua conta! - Esse vampiro conseguiria irritar até Buda com suas brincadeiras e flertes bobos.
- Hm, deixe-me ver o que você está lendo tão concentradamente... – com um movimento rápido e brusco ele pegou ambos os livros antes que eu pudesse me atirar em cima deles para impedir.
- “Terra e Eel: Diferentes, mas nem tanto” e “Enciclopédia dos animais de Eel”? Que sem graça, você é igual o Kero, fica lendo essas coisas chatas. Com certeza eu poderia te oferecer coisas bem mais divertidas. – Disse ele, enquanto lambia os lábios.
Novamente minhas orelhas se encolheram, senti que estava corando.
- Além de orelhudinha também não tem língua? Algum vampiro comeu ela antes de mim?
Aquilo era demais para mim, quanta bobagem. Tomei os livros das mãos dele e saí andando. Quando eu estava quase saindo pela porta, Nevra surgiu na minha frente, é claro, vampiros tem uma grande velocidade, devia ter lembrado disso. Ele apoiou o cotovelo em meu ombro e sussurrou em meu ouvido:
- Não fique brava, orelhudinha, só é divertido te irritar. Geralmente as outras garotas se derretem quando falo essas coisas.
Resmunguei baixinho e fiz ele sair de perto, então finalmente escapei.
Passei quase que a tarde toda na biblioteca, e só a deixei por culpa do intruso chamado Nevra. Deitei em minha cama, relendo cada palavra sobre os cervos e sobre o Faerie híbrido, em pouco tempo as palavras estavam grudadas em minha mente, eu poderia citá-las sem espiar os livros para qualquer um que perguntasse. Chermont dormia em meus pés, sua respiração era o único som que eu ouvia no quarto.
O sol já havia se posto e eu estava decidida a encontrar os cervos. Deixei Chermont dormindo, poderia ser perigoso demais. Vesti minha capa verde-petróleo e fui até o jardim do QG para então atravessar os portões. Parei por um momento em frente à fonte. Observei meu reflexo na água. Estava usando meus alargadores pretos nas orelhas, minha cara estava pintada com uma faixa verde escuro por cima de meus olhos. Em meus lábios o batom preto reluzia. Observei minhas tatuagens em meu ombro esquerdo: um dragão e uma personagem gótica de um desenho que eu amava, por um momento acariciei o dragão, fazer isso me dava coragem, como se ele fosse uma criatura confidente, cúmplice de minhas loucuras, que por acaso morava em minha pele.
- Vamos nessa – Sussurrei para mim mesma.
Havia traçado um mapa, com todos os lugares em que os cervos foram avistados.
A floresta era escura e úmida. Ouvia grilos e cigarras enquanto adentrava cada vez mais. Quanto mais eu adentrava a floresta, mais escura ela ficava. As árvores muito próximas umas das outras impediam a chegada da luz lunar.
A ansiedade aumentava a cada passo. Foi quando enxerguei: um cervo macho enorme, seguido de vários outros cervos, filhotes, corças e outros machos menores. As galhadas do líder do bando pareciam mais o galho de uma árvore, de tantas ramificações que possuíam. Ele caminhava majestosamente, como se nada pudesse derrota-lo, seu pelo era do mesmo marrom de uma barra de chocolate amargo, havia pelos longos no pescoço e seus cascos faziam o chão tremer. Diferente dos outros, ele era cego.
Me escondi atrás de uma árvore, e os fiquei observando. Pretendia segui-los.
Senti um puxão em minha cauda.
Grunhi e puxei minhas armas. Os cervos se assustaram com o som e fugiram.
- Bu! – Nevra apareceu, com as mãos posicionadas como se fossem as garras de um monstro. Ele estava sorrindo.
Ele podia me irritar no QG, mas numa hora dessas? Será que esse vampiro não se flagrava do quão desnecessário ele era às vezes? A raiva tomou conta de mim. Minhas orelhas de cervo ficaram em pé, como sempre ocorria quando eu estava brava, não percebi o que estava prestes a fazer e deixei a raiva me guiar. Com uma das mãos levei uma de minhas adagas em direção ao rosto dele. Sangue começou a escorrer do corte.
- Nunca, nunca. NUNCA, ouse ficar entre mim e os cervos. Na próxima vez você vai precisar arranjar um segundo tapa-olho.
Ele me fitou enquanto estancava o sangue do ferimento. Segui meu caminho, os rastros dos cascos dos cervos na terra úmida ainda estavam quentes, não devem ter ido muito longe.
Os encontrei comendo frutas mel, os cervos maiores as derrubavam para os menores também poderem comer. Eu precisava me aproximar, se eu realmente fosse a tal faerie da profecia, eles iriam saber.
Me aproximei, passo por passo, meu coração batia forte. Nunca os havia visto assim, livres, já vira cervos soltos num parque da terra, onde eles ficavam soltos e as pessoas podiam fazer um safári para observá-los, mas descer do carro e se aproximar deles era proibido.
Continuei me aproximando. A essa altura o cervo cego notara minha presença. Ele se virou exatamente em minha direção. Parei. Engraçado, eles eram cervos, quero dizer, totalmente, não híbridos como eu, mas quem estava paralisada como um cervo sob os faróis era eu.
Fiquei parada, o medo de assustá-los novamente era maior. O líder do bando parecia me analisar. Então ele trotou até mim, o bando veio logo atrás. A enorme criatura se curvou, fazendo uma reverência, todos os outros imitaram o gesto. Fiz o mesmo, afinal, o cervo cego que parecia merecer reverências, não eu.
Levantou-se, os outros permaneciam em posição de reverência. Ele chegou bem perto, pude ver seus olhos brancos e leitosos. Estiquei meu braço em sua direção e acariciei suas orelhas, por um momento ele fechou os olhos. Parei de acaricia-lo. O cervo se aproximou mais, ainda de olhos fechados, ele era tão grande que precisou se curvar um pouco para encostar a testa na minha. Abriu os olhos, aqueles olhos brancos e translúcidos, senti algo estranho, como se um buraco negro tivesse sido aberto em meu peito, algo parecia estar invadindo meu âmago. Fechei meus olhos para tentar ignorar a dor. O vento começou a ulular na floresta, folhas e flores voavam ao meu redor, meus olhos estavam fechados, mas eu conseguia sentir. E tão rapidamente quanto havia surgido, a dor sumiu. Abri os olhos.
O grande cervo havia sumido.
O resto do bando continuava em posição de reverência. Caminhei até eles. Sentia um peso gigantesco em minha cabeça, como se fosse uma daquelas mulheres de antigamente, que carregava jarros de água na cabeça. Me sentia fraca também. Mas, ao mesmo tempo, era como se meus sentidos tivessem se aprimorado. Cada farfalhar de folha, cada casco tocando no chão, cada uivo de black dog, eu sentia tudo. Mil e uma sensações tomavam conta de meu corpo. Enquanto eu passava pela fila em linha reta de cervos me reverenciando, eu sentia que estava me aproximando de um lago. Observei meu reflexo na água, e dessa vez não haviam apenas orelhas de cervo, mas galhadas. Galhadas enormes, aveludadas e cheias de ramificações, era por isso que minha cabeça pesava tanto. Vislumbrando meu reflexo na água, minhas pálpebras começaram a pesar, e só lembro de meu próprio reflexo desaparecendo, eu estava desmaiando.
Acordei. Minha cabeça doía. Pelo peso das galhadas e pelas sensações que eu sentia, era tortura conseguir sentir tantas coisas ao mesmo tempo. Senti algo quente tocando em mim. Virei meu rosto e notei que era um braço nu que estava servindo de travesseiro para mim.
- Orelhudinha? – Apenas por essa palavra eu já sabia quem era.
- Nevra? – Minha voz estava fraca, falei como que num sussurro.
Ele me olhou, como se achasse graça de minha surpresa por vê-lo ali, depois de eu ter cortado seu rosto com uma adaga. O machucado já havia parado de sangrar, e aparentava ter sido feito dias atrás.
- Por quanto tempo eu fiquei desmaiada?
- Menos de uma hora.
- Mas seu machucado...
- Eu sou um vampiro, além de ser lindo, me curo rápido.
Revirei os olhos, mesmo depois de um corte ele não havia deixado de ser convencido. Me ergui e me escorei em uma árvore. O bando de cervos continuava ali.
- Tentei te levar para o QG, mas seus súditos não deixaram.
- Súditos?
- Sim! – Ele me encarou dessa vez com uma cara de quem diz: não achava que você fosse tão burra – Aquele cervo enorme era rei deles, e agora o espírito dele está em você.
Era tanta informação, as sensações da floresta e de suas criaturas, o fato de um espírito de um cervo estar dentro de mim... eu precisava me situar. Me levantei.
- Pode me deixar sozinha um pouco?
Nevra não respondeu, apenas acenou com a cabeça. Me afastei dele e dos outros cervos. Fui novamente até o lago, a água cristalina brilhava como que por conta própria já que a luz da lua estava sendo parcialmente impedida pelas árvores. Era realmente um lugar mágico. Me agachei e bebi um pouco da água, tinha um sabor refrescante, como hortelã. Voltei a observar os cervos e Nevra de longe. Admito que o vampiro tinha pelo que se gabar quando se tratava de beleza. Seus cabelos negros eram sedosos e pareciam reluzir com a pouca luz da lua. Ele estava abaixado, acariciando um pequeno filhote. O braço que estava nu era musculoso, e seus dentes de vampiro ficavam para fora da boca quando ele sorria de forma natural e não maliciosa.
Ele notou que eu o observava.
Minhas orelhas se encolheram em meu rosto novamente e corei.
Salander in love, what a fucking joke - pensei.
Escreva sobre o primeiro momento romântico de sua Guardiã com sua paixão
O Natal estava chegando em Eldarya. Sim, pode parecer estranho, mas em um mundo tão diferente da Terra como Eel é, os Faeries comemoravam o Natal, não para celebrar o nascimento de Jesus, mas apenas como uma forma de celebrar. Uma faerie voltou do mundo humano e contou a todos sobre a celebração, e assim o Natal surgiu em Eel, nada de mágico ou estranho, sem papai noel e sem renas.
(primeiro beijo, encontro, confissão, etc)
A neve caía sem dó, e as chamas de todas as lareiras das casas dos faeries crepitavam. Sentei em frente à lareira que havia em meu quarto, o calor subindo de meus pés para o resto de meu corpo. Chermont se espreguiçava. Fiquei observando as chamas que a cada momento assumiam uma forma diferente. Galhadas de cervos, monstros, pareidolias que às vezes pareciam querer alertar sobre algo.
Alguém bateu na porta levemente, como se tivesse medo de interromper algo importante, só podia ser Keroshane, é claro.
- Alissa?
- Pode entrar – me desenrolei do cobertor macio em que eu estava aconchegada, Mery o havia me dado, era verde, com estampas tribais de cervos.
- Desculpe atrapalhar, m-m-mas... – Kero parecia distraído e envergonhado, sua pele estava corada.
- Que foi? – Pessoas gaguejando me davam nos nervos.
- É... que... que... – ele não terminou a frase, apenas virou os olhos para o lado e apontou para mim. Dei uma olhada em mim mesma e foi aí que percebi, eu estava usando meu pijama de seda, ele é um pouco... transparente.
Me enrolei novamente nas cobertas e assinalei para Kero continuar com o que estava dizendo.
- Bom, Nevra quer ver você. Ele está no quarto dele.
- Ele não pode vir aqui não? Estou com preguiça. – Kero me olhou com ar de reprovação.
- Ele me falou para você ir vê-lo, então acho que não.
Droga.
- Ok, já estou indo. Obrigada, Kero.
Ele saiu do quarto rapidamente, depois daquele momento constrangedor ele deve ter ido se esconder em algum canto para nunca mais me ver.
- Nevra maldito. – Praguejei comigo mesmo. Coloquei a roupa mais fácil de vestir, uma túnica de pele verde e botas, também de pele, e novidade, verdes.
Atravessei o corredor até chegar na última porta, o quarto de Nevra. Bati na porta com os nós de meus dedos. Bati seis vezes.
- Estou indo, estou indo! Nossa, porque a pressa? – Ouvi ele dizer algum xingamento baixinho.
A porta se abriu.
- Aí está você, orelhudinha! – Ele soltou um sorriso malicioso de alegria.
- Sim, aqui estou eu, ao invés de estar em frente à minha lareira, enrolada no meu cobertor de cervos.
- Uau, alguém acordou com a galhada esquerda.
Um trocadilho com minhas galhadas? Sério mesmo? Apenas o encarei porque não existia resposta no universo capaz de melhorar esse trocadilho.
- Ok.... Eu quero te mostrar uma coisa. Entre. – Ele abriu a porta totalmente e me deixou entrar.
O quarto de Nevra parecia mais um prostíbulo. Era escuro, com um sofá de veludo, cortinas vitorianas gigantescas de um vermelho vinho quase negro, apenas a luz da lua iluminava a cama.
- Antes de mais nada, só quero dizer que eu não faço nada de graça. – Segurei o riso, queria ver a reação dele.
- O quê?
- Nada. – Vampiro sem graça.
Ele pegou seu manto, que estava embolado em cima de uma mesinha, parecia que havia algo escondido dentro dele.
- Você vai adorar, é a sua cara, orelhudinha! – Quando ele falou, eu estava um pouco ocupada, observando seus braços nus. Eu não estava admirando nem nada do tipo, só para deixar bem claro, só estava pensando em como há bastante espaço para tatuagens neles.
Ele colocou o manto embolado em cima da cama.
- Desenrole ele. – Ordenou como se eu fosse uma escrava.
- Desculpa, mas não lembro da Miiko ter me vendido para você.
Ora, eu sou, literalmente, a Rainha dos Cervos! Um vampiro não pode simplesmente me dar ordens, como se eu fosse um animal acorrentado de circo.
Nevra apenas riu.
- Eu gosto quando as garotas me obedecem – disse em tom malicioso.
Desenrolei o manto de Nevra cuidadosamente. Aos poucos surgiram pequenas galhadinhas azuis, eram como a superfície de um lago congelado, eu podia ver meu reflexo. Pequenos pontinhos brancos enfeitavam as galhadas, como o mármore, que é uma mistura de vários minerais. Desenrolei mais um pouco e finalmente entendi. Era um ovo! Olhei para Nevra esperando uma explicação.
- Encontrei ele em uma de minhas missões, um Black Dog estava cavoucando uma toca, achei que poderia ser algum pequeno faerie escondido, mas era esse ovo. Como ele tem galhadas, a primeira pessoa que me veio na cabeça para cuidar dele foi você.
- Ele é lindo, mas eu já tenho o Chermont, Nevra. Não posso ficar com ele, você sabe que cada um só pode ter um mascote.
Chermont que estava ao meu lado, me cutucou com seu focinho. O acariciei e foi então que senti aquela mesma sensação que tive com o cervo cego. Era como um baque e de repente eu sentia como se algo estivesse perfurando meu peito. Não chegava a doer, apenas sentia uma ardência. Meus olhos começaram a pesar e como da outra vez, eu não via mais nada.
Abri meus olhos, enxerguei as cortinas escuras do quarto de Nevra, uma frestinha da luz da manhã atravessava toda aquela escuridão.
Virei meu rosto para o lado, a fim de fugir do pouco de luminosidade e me deparei com dois olhos acinzentados me encarando.
- AI CARALH*. – Afastei meu rosto daqueles olhos ferinos e hipnotizantes.
- Bom dia corça do dia! – Mais trocadilhos com cervos. Nevra sorriu, ainda deitado. Nós havíamos dormido na mesma cama?
Senti uma de minhas mãos tocando o lençol de seda, enquanto outra parecia tocar algo macio e sedoso. Mexi meus dedos e entendi que era cabelo.
- Não vou reclamar se você continuar, adoro cafuné.
Tirei minha mão rapidamente. Nevra aparentemente não se constrangia fácil ou estava acostumado com garotas desmaiando em seu quarto e acordando com uma das mãos agarrada em seus cabelos.
- Antes que me pergunte, você desmaiou e eu a coloquei deitada em minha cama, estava esperando você acordar, mas acabei dormindo.
- Oh, mas que bom enfermeiro que eu dei a sorte de encontrar. – falei em tom de deboche.
- Ei! Não tenho culpa, você começou a roncar e eu acabei ficando com vontade de dormir também!
- Eu não ronco!
- Ah, ronca sim!
- Você deve ter ouvido seu próprio ronco, de tão alto que deve roncar.
- Não mesmo, era o seu ronco.
Foi então que percebi que Chermont havia sumido.
- Onde está Chermont?
- Aí dentro – Nevra apontou para mim.
Foi então que senti Chermont. É difícil explicar, mas eu sentia sua presença, podia até entender o que ele estava pensando. Chermont sabia que estava na hora dele se desmaterializar e deixar outro mascote se aproximar, afinal, quanto mais criaturas estiverem conectadas comigo, mais forte eu fico.
Eu não sabia exatamente o que fazer. Nevra ainda estava deitado em sua cama e eu não poderia sair até não ter mais ninguém andando pelos corredores. Ou seja, eu estava presa.
- Você deveria voltar a deitar, não vai poder sair daqui tão cedo mesmo hehehe.
Senti Chermont rindo da situação.
Eu estava presa com Nevra, em seu quarto de prostíbulo. Estava começando a corar.
- Me dê um pouco das cobertas então. E não toque em mim.
Alguém bateu na porta enquanto dormíamos.
- Nevra! Nevra! Abra a porta! – Era Alajéa.
Eu e Nevra nos encaramos, eu precisava me esconder. Eu estava em pânico.
- Nevra! Acordeeeee! É urgente! – Alajéa batia na porta loucamente.
No desespero, desejei simplesmente virar um cervo para poder sair saltando dali. Nevra me encarou, boquiaberto.
- COMO VOCÊ FEZ ISSO? – Ele se segurou para não gritar.
Tentei perguntar o que, mas minha voz não saía, eu ouvia apenas assovios e urros. Nevra parecia estar vendo um fantasma. Ele pegou um pequeno espelho que havia em sua mesinha e virou ele em minha direção.
Não pode ser.
Eu era um cervo! Não, não uma rainha dos cervos, uma híbrida de cervos, eu era um cervo! Com bolinhas brancas nas costas, patas, cascos.
Alajéa continuava chamando Nevra e pedindo para ele abrir a porta.
Não havia outra escolha. Relutantemente ele abriu a porta. Eu me joguei no chão de patas estendidas e fingi estar morta.
Alajéa entrou. Ela me observava com atenção.
- Nevrinha! Que tapete lindinho! Não é de verdade né? – Ela se jogava para cima dele, encostava em seus braços musculosos.
Obviamente nervoso, Nevra foi direto ao ponto.
- O que houve que você estava tão desesperada batendo na porta?
A sereia com pernas ficou triste por ter sido cortada, mas respondeu.
- Aquela garota esquisita, que tem rabinho e orelhas, ela sumiu. Nem Valkyon sabe para onde ela foi.
Nevra pensativo começou a maquinar uma desculpa.
- Ela me disse que ia ver como os cervos estavam, eles são responsabilidade dela agora.
- Ahhh, obrigada Nevrinha! Você é sempre tão prestativo! – Ajaléa praticamente se esfregava nele e fazia de tudo para mostrar aqueles peitos enormes no decote.
Felizmente Nevra parecia não ter o menor interesse, e isso era bom para ele, se não o tapete de cervo ia fazer picadinho de sereia e de vampiro. Ér, quero dizer, não é bom para um líder de guarda se distrair com essas coisas.
Alajéa foi embora e Nevra finalmente fechou a porta.
Fiquei sobre minhas quatro patas novamente e lentamente fui voltando à minha forma normal (não que ter rabinho, galhadas e orelhas de cervo fosse muito normal, claro).
Quando a transformação acabou, comecei a sentir frio. Foi quando notei que eu estava nua. Nevra havia fechado os olhos assim que eu havia começado a me transformar, Faeries devem saber mais de transformações que eu. Minhas roupas deviam estar em algum lugar. Encontrei elas embaixo da cama.
As vesti rapidamente. Estava terminando de vestir a blusa.
- É uma bela tatuagem essa que você tem nas costas.
- É um belo tapa que eu vou te dar se você tiver visto mais que minha tatuagem.
- Eu não olhei nada. Sou um completo cavaleiro.
O corredor estava vazio, aproveitei minha chance e saí. Nevra havia posto o ovo na incubadora e ia me chamar quando a criaturinha estivesse nascendo.
A hora do ovo rachar havia chegado. Corri para o quarto que parecia um prostíbulo e ali eu e Nevra aguardamos. O ovo estremecia uma vez ou outra até que finalmente um pequeno casco dourado quebrou um pedaço da casca, logo em seguida a outra pata fez o mesmo, e então um pequeno cervinho havia saído do ovo.
Ele era branco, com pequenas manchas douradas que lembravam pepitas de ouro espalhadas por seu corpo. Seus olhos castanhos eram contornados por uma pelagem azul e seu focinho era de um azul bebê brilhante. Eu imediatamente o peguei no colo.
- Vou chama-lo de Vixen. – falei enquanto o acariciava.
Percebi que Chermont exalava uma pitada de ciúmes, mas também parecia contente por mais um cervinho para a família.
- Mais um mascote com nome de perfume. – Nevra falou debochando.
- Nome de perfume ?? Os nomes que eu dou são exóticos e bonitos!
- Chermont e Vixen parecem nomes de perfumes que a Alajéa usaria.
-Ah, claro, você deve sentir muito bem os perfumes que ela usa enquanto ela fica agarrada em você.
Ok, sou culpada, eu não queria alfinetar ele dessa forma, mas não pude conter minha língua afiada.
- Alissa também parece nome de perfume. – Ele disse, me olhando com um sorrisinho idiota.
- O quê? Claro que não!
- Deve ser por isso que você tem um cheiro tão bom.
O que posso dizer? As vezes que esse vampiro folgado me irrita não conseguem superar todas as que ele me encanta.
Conto do Sorteio Natalino
A floresta estava silenciosa. Só se ouvia o farfalhar da grama e a mastigação do bando ao pastar. A Menina Cervo apenas os observava sentada na relva. Um pequeno filhote se aproxima e deita em seu colo, a paz reinava ali.
Ao perceber a surpresa dos outros cervos, prostou as orelhas em riste e começou a ouvir passos pesados esmagando folhas e galhos secos pelo caminho. Se levantou rápida e silenciosamente, puxando as adagas da bainha do cinto de forma hábil.
- Você só pode estar brincando, Valkyon. Parece que está pisando no chão como se quisesse matar ele! – Alissa reconhecia aquela voz com alegria, apesar de não desejar admitir.
- Ora, qual o problema? Não estamos querendo emboscar ela, não? – Valkyon falava irritado.
- Calados os dois! Não queremos emboscar ninguém, mas também não queremos atrair Black Dogs atoa. – Era Miiko, com seu jeito autoritário de sempre.
Aguardando o pessoal da guarda, permaneceu de pé, com o bando inteiro de cervos atrás de si, apenas por precaução caso surgisse alguma ameaça.
E então, de trás dos troncos das árvores, surgiram Miiko, Nevra e Valkyon .
Nevra se aproximou sem vergonha alguma, fez um carinho nos cabelos de Alissa e foi para o meio dos cervos.
- Eles são perfeitos! Você tem que deixar! – exclamou o vampiro, com uma animação evidente.
- Nevra, primeiro devemos explicar para ela a situação... – continuou Valkyon, Miiko não teve paciência nem de abrir a boca, apenas revirou os olhos.
Totalmente alheia à situação, Salander – o nome que adotara como um substituto para seu verdadeiro quando chegou em Eldarya – os fitou desconfiada.
- Desembuchem.
Com toda sua “incrível” desenvoltura, Miiko foi em direção à menina cervo. Soltou um pigarro e parou, como se estivesse escolhendo as palavras certas.
- Bom, devido a todos os acontecimentos, a Hamadríade corrompida, os habitantes envenenados, a morte de Haglaé... Eu decidi que faremos algo especial para o... “Natchau”.
- Saúde. – Alissa disse zombando da líder de guarda.
Miiko apenas fechou os olhos e botou a mão na cabeça.
- Você me entendeu. Enfim, eu decidi que iremos recriar um Natal como o dos humanos, com os pinheiros, os enfeites, o Papai Noé...
- Pffffff – Segurando o riso, Alissa a corrigiu – O Papai Noel...
- Isso. – A Kitsune agora ignorava as provocações - O objetivo dessa festividade é melhorar o ânimo de todos, inclusive o nosso.
Nevra se meteu no meio e passando o braço pelos ombros de Alissa, falou:
- E é aí que você entra, orelhudinha. Ou melhor, os chifrudinhos ali – apontou para os cervos com um sorriso bobo.
Salander encarou Nevra, ainda sem entender. Mas se afastou dele e se manteve firme em frente ao seu bando.
- O que querem com eles?
- Calma aí ô bichinho selvagem, não queremos nada demais – Nevra riu, mostrando seus caninos afiados, mas ao mesmo tempo tentando conter o riso – Apenas precisamos de umas renas para o Natal.
Confusa, ela olhou firmemente para Nevra, olhou os cervos, olhou Nevra novamente (que tentava facilitar as coisas lhe mostrando um sorriso sedutor) e então olhou Miiko.
Valkyon, de braços cruzados como quem parecia estar entediado prosseguiu, tentando fazer tudo acabar o mais rápido possível.
- Basicamente é o que Nevra disse.
Encostando-se em um dos cervos, Alissa olhou para o céu, quase que coberto totalmente pelas copas das árvores, pensando.
- Tudo bem. Tenho os cervos perfeitos para isso.
Sem dizer uma palavra, parecendo ter se comunicado com eles por pensamento, oito cervos adultos se prostraram em fila, lado a lado.
- Esses são: Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Trovão, Relâmpago e Cupido.
Eram todos animais grandes, fortes e majestosos. Os pelos eram sedosos, chegavam a brilhar mesmo no escuro da floresta. As galhadas eram aveludadas, com bastante ramificações, o que significava que já eram adultos há bastante tempo.
- Posso emprestá-los por um dia inteiro, mais que isso seria uma ameaça para o resto do bando. São os mais fortes e rápidos, por isso os nomes das renas que rodam o mundo entregando presentes. – Sua voz aguda era gentil, Alissa falava quase sussurrando, mas os dois líderes de guarda e Miiko sentiam o tom de ameaça caso algo ocorresse fora do previsto.
Ela acariciou cada um dos oito, tocando a testa na deles. Como que expulsando os “invasores”, assentiu:
- Podem ir.
Nevra parecia querer falar algo. Mas Miiko que já estava indo em direção ao Q.G o apressou.
Já estava entardecendo, o sol se punha pintando o céu azul com um alaranjado caloroso e acolhedor. Sentada em um tronco velho, Salander se pegou pensando no Natal na Terra, sentindo-se nostálgica. Apesar dos claros problemas de convivência com sua família, o Natal era uma época boa, lembrando dos inúmeros amigos secretos e ceias que havia participado naquele mundo, ela sentiu falta daquela comemoração, porém era orgulhosa demais para ir até o Q.G e participar da festividade sem ter sido convidada.
Teve seus pensamentos bruscamente interrompidos por Nevra, que surgira na sua frente, quase que do nada.
- Fazem apenas algumas horas que eu saí e já está suspirando de saudades é? - Ele se agachou, olhando a expressão tristonha da menina cervo, ele botou a mão em seu joelho e olhou em seus olhos castanhos.
Ao perceber Nevra lhe observando, fechou a cara, disfarçando todos os seus sentimentos.
O vampiro fingiu não ter percebido a mudança da garota e começou a falar:
- Ocorreu um problema com os cervos, e acho que só você pode resolver...
Os olhos de Salander se arregalaram, começou a imaginar as situações mais terríveis e calamitosas e não pôde evitar sentir o coração saltando pela boca e o pânico tomando conta de si. Ela se levantou, soltou um assovio e todos os cervos se posicionaram, prontos para serem absorvidos pela líder. Espiritualizando todo o bando para si, correu com Nevra. Carregar tantos cervos em seu espírito era cansativo, afinal, podia ouvir os pensamentos de cada um deles, mas era uma emergência, ela não deixaria seu bando à mercê da sorte.
Os dois correram em direção ao Q.G, Salander não sabia o que esperar. Mas quando chegaram, ela não viu nada além de uma decoração de Natal magnífica, árvores enfeitadas por todos os lados, com bolinhas reluzentes e de cores caleidoscópicas, e mais a frente, embaixo de um arco decorado com azevinhos, estava um enorme trenó, e seus oito cervos todos posicionados, prontos para puxá-lo, Contudo, percebeu que um lugar à frente deles estava vago, como se ainda faltasse uma rena no arreio. Paralisada, como um cervo sob os faróis, Salander não conseguia processar tudo aquilo. Seus cervos estavam bem.
- Seu idiota, você quase me matou de susto! Eu quero bater TANTO em você, seu vampiro salafrário, seu, seu... – Salander deu um soco no braço de Nevra, enquanto ele caía na gargalhada.
- Desculpa, mas eu não queria estragar a surpresa. – Ele sorriu para ela, com os olhos fechados, numa expressão genuína de felicidade.
- Surpresa? – Ela não estava entendendo nada.
- Sabe, não pode haver Natal sem a rena do nariz vermelho para guiar o trenó. – Agora Salander entendia o porquê de haver um lugar vago nos arreios do trenó, mas não compreendia o porquê de ter sido trazida até ali.
- Nevra, eu não tenho nenhum cervo do nariz vermelho, não posso ajudar. Sinto muito.
Segurando o riso, Nevra tirou de dentro de seu manto um objeto que parecia um nariz de palhaço, era vermelho e brilhante.
- É aí que você se engana, minha cara orelhudinha. Eu vejo uma rena do nariz vermelho perfeita, bem aqui na minha frente.
Nevra colocou as mãos no rosto de Salander, ela não conseguiu evitar corar, um calor havia tomado conta de si. O vampiro ajeitou o nariz vermelho no rosto dela, era do tamanho perfeito, não era nem muito grande nem muito pequeno, fazendo parecer que realmente era o focinho vermelho da rena Rudolph.
Ela estava prestes a abrir a boca e comentar, mas Nevra a impediu.
- Ainda não terminei, seja paciente.
Novamente, de seu manto –que ela nem imaginava servir para guardar tanta coisa – ele retirou uma coleira com sininhos de Natal e duas presilhas de azevinho.
Colocou a coleira no pescoço da menina cervo, ela sentiu seus pelos se arrepiarem com o toque delicado do vampiro e logo depois pôs as duas presilhas, uma em cada orelhinha de cervo da garota.
- A rena perfeita! – Nevra piscou para ela.
Salander queria se ver em algum espelho para se certificar de que não estava ridícula, mas o vampiro havia garantido que estava linda.
- Ainda bem que você sempre anda vestida com essas peles, eu não teria maana para comprar uma roupa de rena!
Ela não sabia o que falar, não conseguia expressar o que sentia por Nevra depois de ter feito algo tão especial.
- Nevra... Eu...
Ele percebeu a timidez e o claro desconforto da garota, ela era um cervo, afinal, uma das criaturas mais tímidas que existem.
- Shhhh. Feliz Natal. – O vampiro acariciou a cabeça dela e deu um beijo em sua bochecha. – Vá fazer o seu trabalho, orelhudinha, meu Natal não seria o mesmo sem você.
Salander se pôs no arreio da frente, liderando as outras “renas” e iluminando o caminho com seu temporário nariz vermelho. Valkyon usava uma barba falsa e estava todo vestido de vermelho quando chegou para entrar no trenó e entregar os presentes.
Ela estava em casa, e era Natal novamente.
De como a Cervo e a Corvo se Conheceram (interação entre @Salanderinlove e @Holmes <3)
Salander: Miiko estava finalmente a par da transformação de Salander. A garota havia corrido atrás de um misterioso bando de cervos vindos da Terra que apareceram de repente em Eldarya. Ao voltar para o Q.G, a menina estava com galhadas na cabeça! Não apenas galhadas, mas orelhas e patas de cervo! Ela reclamava constantemente de não conseguir pensar, afirmando ouvir todos os sons da floresta e das criaturas ao seu redor, além de poder conversar mentalmente com seus mascotes e ouvi-los mesmo quando não queria. Talvez a garota estivesse louca, mas para descargo de consciência, a Kitsune decidira chamar alguém para ajudá-la. Se não funcionasse, pediria para que Ewelein criasse uma poção para dar fim à essa insanidade.
— Creio que eu conheça alguém que vai poder te auxiliar com essa situação… — Miiko estava prestes a dizer “esquisita” “louca” “irreal” mas se conteve — … fora do comum.
Salander sentia um pouco de prazer ao ver a líder arrogante se sentindo desconfortável com aquilo tudo, Miiko não compreendia o que ela era e o que estava havendo, tampouco aparentava ser capaz de descobrir.
— E quem seria essa pessoa capaz de algo que a maravilhosa líder da Guarda Reluzente não é?
— Essa pessoa é uma Necromante. Seu nome é Holmes. — Admitiu Miiko, com um gosto amargo na boca.
Holmes: Eram batidas distantes que lhe perturbavam o sono, porém Holmes as ignorou totalmente, o corpo entregue à dormência que rondavam as horas passadas no mundo de Morfeus, e queria continuar naquele lugar de sonhos. Mas alguém não inclinava-se à permitir, pelo visto.
—Holmes… acorde. — Era uma voz conhecida mas a consciência ainda distante não a deixou associa-la a ninguém. — Vamos, é preciso que acorde.
—Valkyon… sai do meu quarto… — Ela sussurrou em resposta com voz enrolada, e sem mover um músculo.
—Ah, quer dizer que o Valkyon é frequentador do seu quarto mocinha? — Perguntou Ezarel com um tom criticamente divertido.
—Ciúmes é defeito terrível Nevra… — A situação continuava a mesma.
—Ótimo, você vai trocar o meu nome até quando? Levante, eu não estou a fim de ter que te puxar da cama. — O elfo não estava colaborando, não na opinião da necromante que também não queria colaborar, se fosse qualquer outro já teria atendido mas o azulado merecia ter que atura-la em seu humor esquisito.
—Kero você está sendo mal educado. — Agora Holmes sorria, se recusava a abrir os olhos mas bem que gostaria de ver a expressão dele naquele momento.
—Ok, se você não quer saber das ordens da Miiko que envolvem a humana da qual você ouviu falar… — Ele virou as costas fazendo que ia sair do quarto.
—Parado! — Ela sentou-se imediatamente na cama. — Não ouse desobedecer a Miiko! A moça… como é mesmo o nome? Salander não é? Diga, que ordens eu teria relacionadas a ela?
Salander: Após o encontro com Miiko, Salander retornou ao seu quarto, no aguardo da Necromante. Estava ansiosa, para ela isso parecia como uma consulta médica, uma das coisas que ela mais odiava na Terra. Já começava a sentir calafrios, quando decidiu se distrair mimando seu Dalafa, Chermont. Com um pente começou a pentear suavemente os pelos ralos e alaranjados do mascote, apesar de sua fobia de borboletas, as asinhas insetóides dele não a incomodavam. Ela quase podia sentir o pente em seus cabelos, como se ela fosse o próprio Dalafa. Isso causava à ela uma gigantesca estranheza, fazendo-a sentir como se não fosse mais ela mesma e sim tudo, mas ao mesmo tempo, nada.
Holmes: Para Holmes aquilo seria interessante em diferentes níveis, de todas as formas lhe intrigava a condição da já dita humana a quem ajudaria como pudesse, afinal pelo que a kitsune dissera parecia ser mesmo “um problema” dentro de sua área. Depois de ouvir tudo o que acontecera, ou pelo menos o que acreditavam ter acontecido pelo testemunho do vampiro cafageste, foi mandada para o quarto e que “só saísse de lá quando estivesse com tudo resolvido”, Miiko era mesmo muito parcial às vezes, pensou ela enquanto andava procurando o quarto indicado. Chegou à porta e bateu, esperando ser atendida.
Salander: Ouvira passos se aproximando, suas orelhas de cervo ficaram em pé na hora, como que por instinto. Ela não conseguia se acostumar, suas orelhas humanas ainda estavam ali, uma em cada lado do seu rosto, mas acima de sua cabeça também haviam duas enormes e pontudas orelhas de cervo, com tufos brancos e fofos dentro. Penteando Chermont, falou:
— Está aberta, pode entrar! — Não queria se arriscar a ficar de pé, o nervosismo talvez a fizesse desmaiar, e com aquelas novas patas com cascos, ela não sabia quando conseguiria se erguer.
Holmes: Ao ouvir a resposta abriu a porta e adentrou o quarto lentamente, registrando brevemente o lugar para em seguida concentrar-se na moça que a esperava sentada na cama com um mascote ao qual dedicava atenção. Os cabelos verdes eram encimados por chifres e orelhas, o corpo com as características humanas isso até as coxas onde começavam pelos e terminavam em cascos. Eles podiam continuar a chama-la de humana o quanto quisessem, Holmes a via como faeliana, e o fato de ter vindo a pouco da Terra não diminuia tal verdade. De qualquer forma, a necromante tinha pensamentos bastante filosóficos sobre os homens, recusando-se a julgar pelo passado mas também recusando-se a esquece-lo.
—Olá. Salander, pelo que me disseram. Sou Holmes, você deve ter sido avisada também. Vou ajuda-la no que puder, tenha certeza. — Sua expressão antes contida e séria de sempre se abriu num sorriso gentil, imaginava que não estava sendo fácil nada do que ela passara até ali.
Salander: Ao ter respondido as batidas na porta, ela viu uma moça alta e esbelta adentrando seu quarto com certa cautela. Era pálida e com deslumbrantes olhos azuis, esses mesmos olhos eram contornados por uma espécie de sombra escura, coisa que dava uma profundidade ainda maior ao olhar da moça. Na cabeça possuía uma cartola, além de vestir uma espécie de blusa com mangas retalhadas e uma saia que ia até os pés, tudo nas cores preto, branco e cinza. Ela era realmente bonita, com seu olhar austero e sério e seu rosto contornado por cabelos negros curtos de forma repicada e com pequenas e delicadas tranças ao redor da cabeça.
— Olá! — Recebeu a necromante de forma tímida, se levantando e indo em sua direção. Chermont, como que querendo averiguar a visita, andava à frente de sua dona. — Não se preocupe, ele não morde, só faz pose. Miiko contou que poderia me ajudar, mas ainda não sei como. — Dessa vez não conteve o nervosismo, sua voz saía mais fina e baixa do que o normal, como se fosse um bichinho acuado falando.
Holmes: Observou a movimentação do Dafala e o jeito da jovem percebendo o desconforto que parecia ser compartilhado ali, era de se esperar dado à situação incomum, quando essa se ergueu notou que era bem mais baixa que si. Se aproximou ainda lentamente mais alguns passos olhos fixos nos castanhos e expressivos de Salander, embora relanceasse o companheiro desta também ocasionalmente, não com medo mas analisando o comportamento como era seu costume à praticamente todos com quem tinha contato. Parou à frente deles sem invadir o espaço pessoal.
—Você teve um contato espiritual incomum pelo que dizem. Eu tenho certas habilidades que podem ser úteis na compreensão do que isso tem resultado e de como pode ser controlado ou contido. A verdade é que ainda não sei bem, preciso entender tudo antes de descobrir qual é o melhor caminho a ser tomado. Tenho as descrições do que aconteceu mas preciso saber de você como se sente, como se sentiu quando entrou em contato com o cervo… Bem, de qualquer forma vai ser melhor se estiver à vontade, se quiser sentar-se novamente, talvez precisemos ficar aqui algum tempo.
Salander: Sim, acho melhor eu sentar — Ela olhou para seus cascos, havia comprado sapatos na loja da Purriry atoa, já que nunca mais iria usá-los. — Eu ainda não estou acostumada com essas patas. Agora entendo porque os pobres cervos empacavam no meio da estrada lá na Terra, é difícil se equilibrar com essas coisas. — Percebeu que estava saindo do assunto, e foi se sentar. Ao fazê-lo, começou a pensar no modo como descreveria o que sentiu ao tocar no cervo cego, ficou com o cenho franzido e puxando a pele dos lábios por alguns segundos, quando começou a sentir o gosto de sangue, falou:
— Bom, foi... Avassalador. Desde que me conheço por gente eu toco nos animais que encontro, se eles permitem, cães, gatos, vacas, até aranhas, e sempre me senti conectada com eles, mas não dessa forma. — Parou, buscando as próximas palavras, pois o que acontecera ao tocar naquele cervo era digno de um livro de fantasia. — Eu simplesmente fechei meus olhos, achei que fazer contato demasiado com ele o assustaria, e então ao tocá-lo eu senti uma dor no peito, como se alguém estivesse apertando meu coração com força e ele fosse explodir. Fiquei sem fôlego e suei frio, como se fosse desmaiar ou minha pressão estivesse baixando. Em seguida o desconforto simplesmente sumiu, e ao abrir os olhos o cervo também. Desde então eu não consigo mais ter apenas meus pensamentos, porque existem sons constantes indo e vindo, como se minha mente fosse um rádio. — Ela falou tudo de uma vez só e rápido, quase como se as palavras estivessem sendo jogadas para fora de sua boca. Respirou profundamente para se acalmar.
Holmes: Continuou de pé, os braços cruzados às costas, as mãos cada uma segurando o cotovelo oposto, sua atenção agora totalmente voltada à narrativa embora em algum canto de sua mente possibilidades começassem a surgir. Em momento algum interrompeu ou deixou de observa-la, notava o desconforto e deduziu que ela se sentia quase uma estranha no próprio corpo desde o ocorrido, por fim não sabia o que era um rádio mas imaginou que ela se sentia em meio à uma multidão muito barulhenta. Ao término da narrativa a necromante já havia erguido e eliminado algumas possibilidades, porém a análise ainda era rasa e baseada apenas no óbvio.
—Só posso dizer que parece um fato sem precedentes, pelo menos não que tenham sido registrados. Mas isso não significa que não haja solução, tenho certeza que encontraremos uma… e acredito que, no caminho, descobriremos a mistura faery que corre em seu cerne. — Achava muito descuido da guarda não ter se empenhado mais nisso, não ter pistas óbvias não significa não ter nenhuma. Claro que havia muito a ser resolvido para além da chegada da moça do mundo humano, porém ainda assim era parte das incumbências pois, como qualquer fio em um padrão de tapeçaria, teria sua função e suas consequências. — Com sua licença, agora preciso ver sua aura. Para você apenas vai parecer que estou lhe olhando como antes, acredito. — Apenas um piscar de olhos foi necessário para que uma nova visão fosse alcançada, e Holmes encontrou-se encantada com o que observou. — Realmente acredito ser uma situação sem precedentes… existem e existiram raças aqui muito ligadas aos animais porém, isso… Salander foi um encontro de almas. Como posso dizer…? Você e o grande cervo são um só. — Havia muito o que descobrir para além disso, e mais a explicar mas esperou que ela reagisse antes, talvez a jovem já soubesse. — Mas o que acontece é que é necessário uma adaptação, como sempre é, à qualquer mudança. É possível e talvez mais fácil do que parece no momento. — Havia outro caminho? Se os preceitos antigos de sua tribo lhe regessem Holmes deveria arrancar o espírito do cervo daquele corpo… entretanto isso lhe parecia absurdo, a comunhão que observava era linda, era como se fosse o que sempre deveria ter sido.
Salander: Ela estava empolgada com a notícia, sempre sentira uma presença lhe protegendo. Por muito tempo não sabia o que poderia ser, e era cética quanto à ela. Porém, depois de finalmente descobrir e adotar uma religião para si, passou a acreditar que era seu totem, um cervo, que a vigiava e regia. Explicou isso para Holmes, a garota parecia adorar adquirir novos conhecimentos, e Salander adorava falar sobre. — Eu quero aprender a lidar com tudo isso, sinto que preciso proteger aquele bando assim como eles irão me proteger, quando preciso. — Ela parou por uns segundos, aquilo era loucura, fora para Eldarya apenas para viver em um mundo como o criado por Tolkien, seu escritor favorito. Mas nunca imaginou que seria a “personagem principal” da sua própria história de fantasia. — Isso é f*da pra c***lho! Eu tenho um rabinho de cervo, eu SOU um cervo! — Era como se, após uma especialista confirmar, ela finalmente acreditasse naquilo tudo, e com animação, virou de costas e segurou seu rabinho de cervo, balançando ele para mostrar para a Necromante. De repente, percebeu que havia se passado perante à garota, não eram próximas e ela nem sabia se a moça se sentia à vontade com alguém gritando palavrões e balançando um rabinho felpudo na sua frente.
— Quero dizer, isso é incrível. Eu nunca imaginei que isso era possível, mas agora que o é, me sinto completa. — Agora ela falava num tom mais sério, voltando a falar baixo como quase sempre fazia.
Holmes: Ela gostaria que todos pudessem ver o que via naquele momento, porque noção de beleza física a necromante sabia que não tinha mas a beleza das auras, assim como a de personalidades, nunca lhe escapara à percepção, e a aura de Salander tinha um enquanto singular. Seria um dos seus conterrâneos capaz de tentar tirar dela o cervo? Não notariam o quanto aquilo seria uma grande violência? A missão era corrigir os erros, almas que perdiam-se de seu derradeiro caminho, porém à Holmes era claro que aquela estava onde realmente deveria estar, extraí-la seria o erro e provavelmente destruiria a moça no processo. Ouviu as demais explicações da jovem e sorriu de leve sem esconder o interesse genuíno, tudo que era ligado à Terra parecia muito intrigante, além do que a morena tinha uma visão aberta sobre religiões assim como era comum à sua tribo, não descartavam nenhuma mesmo aquelas que contradiziam sua própria espiritualização.
—Não se se você acredita em propósito, mas acho que uma coisa pode ser simples de crer: cada passo que deu em sua vida contribuiu para que chegasse àquele momento em que encontrou seu… outro pedaço. — Comentou e ficou quieta observando a explosão de alegria, entendeu que os receios passaram e sentiu parte daquela felicidade por ter conseguido ajuda-la. Em seguida pela pareceu achar que era melhor se conter, entendia afinal não familiaridade entre ambas e sabia que, ao contrário dos costumes da própria comunidade, ali havia aquelas “regras” de convívio. — Tudo bem. Eu compreendo, é realmente uma descoberta f***. Temos duas prioridades agora: ajuda-la a naturalizar-se com o alinhamento de almas e ajuda-la a lidar com sua ligação com os pensamentos dos animais. Tenho um ou dois planos que provavelmente serão úteis mas não nesse quarto. Há uma planície gramada aqui perto, me acompanha até lá?
Salander: Ela sorriu com o fato de Holmes ter falado um palavrão, não imaginava isso e acabou gostando mais ainda da necromante.
— Acompanho! Vou apenas colocar uma roupa adequada! — Ela estava vestindo roupas velhas que usava para dormir ou ficar no quarto. Como não queria pedir para a garota se retirar do quarto para poder se trocar, ela venceu a timidez e se despiu ali mesmo, se vendo apenas com suas roupas debaixo. Ficou de costas para não encarar Holmes em um momento tão vergonhoso. Então vestiu uma regata preta e um shorts da mesma cor com inúmeros rasgos, que ela adorava. Pegou um cinto feito com uma espécie de crânios de aves (sempre sonhara em vestir algo assim na Terra!) e nele colocou suas duas adagas, em seguida calçou botas de couro preto e estava pronta para sair com Holmes. Assoviou para Chermont que a seguiu. Ao saírem do quarto, se depararam com Nevra, Ezarel e Valkyon. Estariam eles tentando ouvir e espiar o que estava havendo? Salander ficou ruborizada só de pensar que Nevra poderia tê-la visto se trocando.
— É como dizer, as paredes têm ouvidos. — Se antes estava mais a vontade com Holmes, agora ela assumia uma posição evasiva e desconfiada devido à presença dos três líderes de guarda, que mal conhecia.
Holmes: —Claro. — Holmes notou a breve hesitação da moça antes de virar-se de costas e deu meia-volta também, outro costume que divergia dos seus, afinal, como Valkyon comentara uma vez que surgira o assunto em um grupo no qual ambos se encontravam de momento, “um corpo é apenas um corpo”, porém tinham que respeitar quem não sentia-se assim. — Gostei do cinto.
Disse a ela enquanto abriam a porta, mas ali, para sua surpresa, descobriram-se também surpreendendo três indivíduos indiscretos. Sorriu com o comentário de Salander enquanto balançava a cabeça.
—Olha só… quem foi que me disse uma vez que escutar a conversa dos outros não é educado mesmo Nevra? — Perguntou para o vampiro.
—Foi um deslize, mas garanto que posso pensar em formas de compensa-las. — Respondeu o mesmo sem perder o jogo de cintura ou o sorriso.
—Então Corvo, ela não tem salvação não é mesmo? Já podemos mandar Ewelein dar algo para turvar o cérebro dela? — Perguntou Ezarel com uma expressão extremamente trivial, como se tivesse na verdade apenas comentando que o tempo estava ameno.
—Sua compaixão é comovente Ezarel, mas não, ela na verdade não tem problema algum, acredito mesmo que nunca esteve tão bem. — E não acrescentou nada, aquele elfo merecia, mais uma vez.
—Como assim? — Perguntou Valkyon, que era o único que Holmes não entendia como tinha ido parar ali, afinal o líder da Guarda Obsidiana não costumava ter comportamentos à nível dos outros dois colegas de chefia. Talvez tivesse sido arrastado, talvez estivesse passando e fora chamado, ou… se preocupava mesmo. Bem, se fosse ser sincera sabia que, pelo menos um pouco, eles estariam todos sim preocupados por mais que não deixassem transparecer.
—Vou escrever um relatório sobre isso mais tarde. — A face da necromante se tornou solene novamente. — De momento lhes digo que estamos trabalhando para que ela se adapte à condição, que acredito que logo estará perfeitamente disposta e que temos pistas para descobrir a raça de Salander. E também digo que “ela” está do meu lado ouvindo tudo e também pode responder, acho que vocês as vezes se esquecem disso. — Era como se o fato dela ser uma recém chegada os fizesse achar que era como uma criança, ou algo assim, pelo visto. Holmes até chegou a se perguntar se haviam tratado Ridhwani daquela forma quando ele chegou também.
Salander: Ela agradeceu o elogio de Holmes timidamente com um sorriso breve, um fato sobre a Menina Cervo é que nunca aprendera a lidar com gentilezas. Ao ouvir o comentário bobo de Ezarel - que a irritava profundamente - respondeu:
— Meu cérebro está ótimo, e meus chifres bons o suficiente para furar elfos irritantes. Quanto a você, Nevra, eu passo. Sabe-se lá onde você meteu essas presas antes. — Valkyon era o único ao qual ela era indiferente e já começara a criar algum vínculo, por ser seu líder de guarda, contudo, por ambos não darem o braço a torcer um para o outro, sua relação era apenas de respeito. Ezarel ia responder a garota enquanto Nevra parecia estar pensando se deveria ficar quieto ou falar algo. Salander seguiu andando sem pretensões de ouvir o que quer que fosse ser dito. Ao passar por Ezarel, pisou “acidentalmente” no pé do líder da guarda Absinto, colocando todo seu peso em seu casco. Com um risinho baixo ela encarou o elfo e continuou seu caminho, apenas ouviu ele xingando em élfico - ela imaginava ser, pelo menos - No fim, falou para Holmes:
— Estou cogitando morar na floresta, Black Dogs seriam mais agradáveis, imagino.
Holmes: Ela assistiu à briguinha em silêncio, pelo visto Salander não gostava do senso de humor estranho do elfo, ao contrário da própria Holmes que conseguia se divertir com aquela forma incomum do mesmo de lidar com as coisas, sendo um… como descrever? Chato não era o bastante. Riu do comentário da moça porém antes que respondesse a voz de Nevra soou pelo corredor:
—A Miiko não tinha dito para você ficar no quarto até resolver?
—Diga a ela que estou indo para o possível novo quarto da Salander, já que o Ezarel a espantou. — Respondeu sem olhar para trás. Depois, quando haviam chegado ao salão das portas já achando seguro comentou. — Eles são diferentes quando se conhece melhor… bem, na verdade não tão diferentes mas eles tem mais do que isso que aparentam. Até o cretino do Ezarel. — Se lembrou de chama-lo de “cretino adorável” uma vez e o ver apenas resmungar algo incompreensível em resposta.
As duas caminharam atravessando o ambiente externo do QG, pensamentos diversos corriam pela mente da necromante sobre os rumos a serem tomados. Passaram pelos portões sem problemas embora os guardas diurnos olhassem sempre com estranheza para Holmes, afinal não era vista com muita frequência durante o dia. Ali seguiram um caminho à esquerda sem entrar na floresta, onde a campina tomava uma longa reta até finalmente voltar a encontrar-se com as árvores.
—Certo. — Parou e virou-se para Salander. — Agora este é seu ambiente, ou pelo menos parte dele, acredito que familiarizar-se seja o que falta para guia-la na adaptação. Você é um cervo, corra como um, sinta como um, pense como um… mas você também é parte humana, essa parte já é costumeira, a ela cabe aceitar o novo lado, a nova metade. Quero que corra nessa campina e que concentre-se no som da sua respiração enquanto o faz e nas sensações que tudo lhe trará. Abra-se a elas em vez de recuar e encontrará o caminho para o equilíbrio.
Salander: Ela não gostava do Elfo, mas tinha que admitir que desde o incidente na floresta, quando acordou nos braços de Nevra, o vampiro a deixava mais desconfortável que de costume. Não queria que Holmes achasse que ela possuía algum problema com o ele e sem conseguir controlar sua língua, comentou:
— O Nevra consegue ser agradável quando não está ocupado flertando por aí — deixou escapar um beicinho de irritação, mas se recusava a pensar que aquilo era ciúmes — Quero dizer, ele cuidou de mim na floresta quando desmaiei e isso foi… — estava quase dizendo “muito fofo” — ...Legal. Salander não estava muito acostumada com pessoas lhe observando, por isso antes de se soltar na campina, decidiu experimentar chamar o bando, talvez assim fosse mais fácil se comportar como eles. Não devia ser difícil, visto que com seu mascote a comunicação mental acontecia espontaneamente. Começou a mentalizar:
“Vamos lá Salander, é só se imaginar chamando eles… Mas será que eles vão saber o caminho? Não sei exatamente como explicar, sou péssima explicando as direções… Não, eu estou me distraindo…” Ela então notou que havia algo a incomodando. É claro! Estava usando botas, quando deveria estar usando apenas seus cascos! Ainda de pé, ergueu uma das pernas e tirou a bota, acabou quase caindo mas se equilibrou antes. Fez o mesmo com a outra perna e agora era mais fácil sentir a grama em seus cascos. Ela sentia os tremores na terra, quase como se sentisse outros cascos pisando fortemente na relva, ali perto.
“Imagino que agora eu vou conseguir. Ok, vamos lá. Vocês podem vir até mim?” mentalmente ela se imaginou fazendo uns estalos com a boca, os mesmos estalos que costumava usar para chamar animais que encontrava na rua de sua cidade.
Logo começou a sentir os tremores mais fortemente, via algumas pedrinhas e cascalhos saltitando no chão. Ela se ajoelhou para colocar as mãos na terra e aumentar a conexão com tudo aquilo e quando deu por si, ergueu o rosto e se deparou com o bando inteiro ali, a encarando. Salander se reergueu e todos eles fizeram uma reverência, estavam saudáveis, sem nenhum ferimento e pareciam bem alimentados, felizmente haviam se virado enquanto ela ainda se acostumava com sua nova condição. Olhou para Holmes, encantada por ter seus animais favoritos tão próximos dela e se dirigindo a eles, disse:
— Se importam se eu correr com vocês? — Se aproximou do cervo maior, que provavelmente era o que estava tomando conta do bando na sua ausência e fez um carinho em seu pescoço, não se aguentando acabou por passar um bom tempo acariciando ele, como que para agradecer por ter feito o trabalho que deveria ser feito por ela mesma. Salander praticamente havia esquecido que havia alguém a observando, e assim acabou entrando no meio de todos aqueles cervos e começou a correr. Sentir os cascos fortes ribombando pela campina era algo incrível, sentia o vento e o cheiro da grama, sentia também o cheiro de Almíscar que era secretado pelos cervos através de algumas glândulas perto da cauda, de repente percebeu que ela cheirava assim também, e ela gostava disso. Quando cansou, simplesmente se sentou na relva e instintivamente pegou algumas gramíneas com a mão e colocou-as na boca. Finalmente se deu conta de sua companhia, Holmes a observando, um tanto quanto surpresa, ela esturricou as orelhas e ficou boquiaberta ainda com grama na boca.
— Desculpe, me esqueci de você. — Pegou mais um pouco de grama e ofereceu para Holmes. — Parece estranho, mas não é ruim, tem gosto de alface. — Holmes provavelmente não sabia o que era uma alface, mas ela não lembrou disso na hora.
Holmes: Aquela resposta de Salander a fez pensar um pouco sobre Nevra, ela própria já tivera um… caso? Bem, não sabia como chamar seu breve encontro, mas a verdade é que não fora nada que nenhum dos dois levara a sério e nada que tivesse atrapalhado o relacionamento amigável que mantinham. Mas realmente, o vampiro podia ser bastante gentil, mesmo que gostasse de fingir ser apenas por ter segundas intenções.
Depois que explicou à moça o rumo à seguir, esperou pacientemente enquanto apenas observava, fazer tudo à seu tempo era parte importante do processo e jamais a apressaria estragando os avanços. A viu tirar as botas e sorriu de lado, ela realmente compreendera, não havia mais necessidade delas e pouco depois se surpreendeu com a chegada do bando, era uma cena incrível e também o era ver Salander entre eles, a conexão ali se fazia perceptível mesmo sem seu olhar específico. E quando a jovem lhe fitou ficou feliz ao notar o entusiasmo, tinha certeza que a Menina Cervo corria a passos largos para o seu verdadeiro eu completo e pleno, e não tardou que viesse a acontecer literalmente, o bando todo se movia e sua rainha estava livre entre eles, Holmes novamente piscou para poder ver profundamente o acontecer, encantou-se mais uma vez com a revelação, ela estava à vontade, abraçara a si mesma.
Esperou que eles parassem e então correu até lá, sabia que não conseguiria acompanha-los a menos que usasse de suas capacidades especiais porém o momento era deles assim como era de Salander, sua presença deveria continuar apenas de espectadora até que acabasse e tomou o parar da moça como um sinal de que havia acontecido. Quando a alcançou, ela estava sentada na grama com naturalidade e comia algumas folhas do vegetal, sentou-se ao lado dela e notou que a mesma parecia surpresa com seu próprio ato.
—Eu me surpreenderia. — Respondeu sobre o gosto aceitando a grama, sabia que não seria difícil de mastigar a si, afinal seus dentes eram pontiagudos embora do tamanho comum por isso não costumavam chamar atenção exceto quando sorria mais amplamente, o que não era tão fácil de acontecer, seus sorrisos não eram do tipo que mostravam os dentes. Mastigou com ela em silêncio e não achou ruim, embora não fosse também o tipo de coisa que gostaria de comer no dia a dia. — Obrigada. — Respondeu depois e observou o bando por alguns momentos antes de voltar-se para Salander. — Você está visivelmente bem… a sua essência foi difundida… Agora, sobre os pensamentos que escuta, acredito que fazer como fez durante a corrida, concentrando-se em algo lhe ensinará a agir sobre eles. Como estar em uma multidão falante, conversando com uma pessoa e focar apenas na voz dela, pode ser difícil mas sendo a voz a sua acredito ser menos custoso. E vendo como está tão livre consigo mesma acho que pode até ser mais fácil do que calculo.
Salander: Ela já considerava Holmes uma amiga, para Salander, amizades começavam dessa forma, das situações mais inesperadas e talvez difíceis, como alianças feitas em batalhas difíceis de serem vencidas. Não sabia como agradecer Holmes pela ajuda, principalmente depois de fazê-la comer grama. Então olhou-a nos olhos e com toda sinceridade do mundo a agradeceu:
— Obrigada, Holmes. Fico feliz por ter sido você, e não Miiko a me ajudar com esse conflito interno. No meu mundo você seria uma ótima psicóloga. — E então explicou para a necromante o modo como psicólogos ajudando os humanos com todas as suas crises existenciais e problemas do coração e da mente. Estava começando a se soltar com a garota, e depois de tanto tempo solitária no Q.G quis manter a companhia por mais um tempo. Através de sua conexão mental com os cervos, chamou dois filhotinhos para se aninharem no colo de Holmes, uma forma pequena de agradecer por tudo que havia feito. Os cervinhos eram novos, então vinham cambaleando em direção a moça, suas patas longas tremendo e seus olhinhos brilhantes olhando a nova “atração”, ainda não conheciam muito do mundo de Eldarya, assim como Salander, e também como ela, estavam na companhia de Holmes. Logo que se ajeitaram no colo dela, um deles colocou o focinho úmido em seu rosto e em seguida a lambeu.
— Tão novinho e já está distribuindo beijos por aí? — Salander olhou Holmes, esperando que ela gostasse da companhia dos dois filhotes. Ficou a mastigar mais algumas gramíneas - hábito que depois nunca mais iria perder - enquanto observava a garota que aparentava ser tão séria brincando com os dois cervinhos.
Holmes: — Está tudo bem, não precisa agradecer. Eu realmente fico feliz em ajudar principalmente quando envolve o uso dos meus dons porque acredito que é para isso que os temos. — Respondeu pensando por alguns segundos no que o isolamento da tribo os impedia de ter, entretanto logo tirou isso da mente, não gostava de ponderar mais do que o necessário, não podia fazer nada mais nesse sentido. A explicação sobre os tais psicólogos a interessou, realmente o mundo da Terra parecia sempre cheio de pormenores intrigantes. — O seu mundo é interessante, eu sempre gosto de ouvir sobre ele.
Quando notou a aproximação dos filhotes voltou a sorrir, eram tão pequenos ainda e tão bonitos, e então eles acomodaram-se junto a si, imediatamente levou as mãos à ambos os acariciando com cuidado, ainda sorrindo com a situação, adorando o contato com aqueles animais admiráveis que antes não tinha visto. Ao ouvir o comentário de Salander acabou rindo alto, o que sobressaltou os filhos.
—Desculpem. — Pediu controlando-se e esperando que aquietassem novamente para voltar a acaricia-los. — Mas bem, talvez ele esteja treinando desde cedo… cuidado, este pode vir a ser um Nevra. — O clima era aconchegante, como estar convidada para o ambiente de uma grande família e não sentia isso desde que partira de casa. A necromante distraiu-se com os pequenos até que eles voltaram a se integrar com os demais, voltou-se novamente para a moça a seu lado. — Falta ainda descobrir sua raça de faeliana… porém isso é apenas um pormenor em um dia de tanta conquista e temos uma biblioteca com bastante informação, combinando com o que me disse não vai ser tão difícil. — E não tão fácil, porém para Holmes seria uma satisfação como eram todas as pesquisas. — Se quiser podemos deixar para outro dia se preferir continuar aqui com eles. Eu mesma também posso cuidar disso se não se interessar por livros… eu confesso que os adoro, um dia ainda roubarei o cargo do Kero… ou não porque eu também preciso viajar, tem muito o que descobrir aqui fora também. — Estava gostando mais da companhia do que poderia ter previsto, não apenas pelo que ela lhe proporcionava em novas experiências, mas também porque Salander era uma pessoa interessante e sentia uma empatia.
Salander: Achou extremamente gentil o modo como Holmes se desculpou com os cervinhos quando se assustaram, era uma cena rara de se ver, com toda certeza.
— Talvez dessa forma eu possa ter um Nevra só meu — Salander disse fechando os olhos e ficando vermelha. — Quero dizer, porquê ele é mulherengo e… É só uma brincadeira, não que eu… Você sabe. — Colocou a mão na cara, como quem diz “Como você é idiota, Salander”.
— Não se preocupe, não vou te abandonar e deixar você pesquisar sobre minha espécie sozinha! Ler é uma das minhas paixões, vai ser ótimo passar um tempo na biblioteca com você! Falando nisso, tenho alguns exemplares de livros da Terra, trouxe os meus favoritos, talvez você goste, posso emprestar se quiser. — Já estava animada, pensando que finalmente teria alguém para discutir seus livros favoritos, coisa que não tinha nem na Terra. O jeito como Holmes se interessava por tudo, fascinava Salander, ter com quem conversar sobre os mais diversos assuntos não era ruim. Estava começando a imaginar a necromante devorando a trilogia de Senhor dos Anéis, ou de Os Homens que Não Amavam as Mulheres e assim descobrindo de onde ela adotou o famigerado Salander como nome em Eldarya.
— Eu não me surpreenderia se Kero perdesse o cargo para você. E ele poderia cuidar de tudo enquanto estivesse a fazer suas viagens — Não estava tentando fazer Holmes tomar o lugar de Kero, mas se sentiu livre para incentivar a garota, bibliotecas eram realmente lugares agradáveis, e dessa forma os livros não ficaram tão sozinhos, visto que Kero tinha inúmeros afazeres e às vezes deixava a pobre biblioteca de lado. Ter alguém para conversar e recomendar os livros seria maravilhoso. Não havia nada mais triste que uma biblioteca vazia, com tantos livros aguardando serem abertos. Pensando então quanto a sua espécie, ela percebeu que não estava tão curiosa, ela já se via como a Menina Cervo antes de chegar em Eldarya, e agora que era literalmente uma, essa nomenclatura não iria sair de sua mente tão fácil, porém a ideia de descobrir mais além era tentadora, principalmente com alguém tão adorável como Holmes lhe guiando.
Holmes: Ela olhou levemente surpresa ante a afirmação de Salander, Nevra tinha esse efeito sobre muitas moças, Alájea lhe veio à mente e mais algumas que diziam coisas no mesmo sentido. Notou também que ela ficou sem jeito depois de o falar então decidiu não especular sobre o assunto, afinal, mesmo sentindo que se davam bem e que gostaria de prolongar e aprofundar a convivência, respeitar a privacidade era até um passo nesse sentido.
—Venho de uma tribo em que a monogamia é raridade, por isso o que o Nevra faz não me soa estranho… mas gosto de mexer com ele por causa do jeito mesmo, ele tem todo um charme só para aplicar nisso.
Gostou de ouvi-la falar sobre os livros, sentia-se assim sobre eles também, e se animou ao ouvi-la dizer que podia lhe emprestar alguns que trouxera da Terra.
—Eu adoraria! Vou ficar feliz em ler seus livros, também me sinto assim sobre eles, é tanto conhecimento em uma fonte só e tantas histórias. — Notou que compartilhavam o entusiasmo naquele momento e sentiu-se mais próxima a ela, descobria-se a gostar da Menina Cervo e cada vez mais inclinada a prolongar o tempo na companhia da mesma. Talvez pudessem ser amigas. — Eu passo muito tempo nas viagens, não daria muito certo, acho. Meu trabalho é explorar as regiões e mapear ou remapear as áreas de Eldarya, já que agora estamos registrando tudo, o que é muito necessário na minha opinião. Também verifico a situação de vilas e cidades por onde passo informando os QG sobre isso, eu e Meia-Noite, a minha parceira Ciralak. De toda a forma, acho que Kero talvez não goste da ideia e eu me considero devedora a ele, foi quem me ensinou a ler e a escrever.
Deixou-se ficar mais um tempo ali, provavelmente Miiko estaria meio irritada por ter saído sem permissão mas lhe explicaria ser por uma boa causa, e curtir o momento também era uma boa causa afinal se a kitsune fizesse isso as vezes talvez não fosse tão sobrecarregada como era. Depois de algum tempo se pronunciou novamente:
—Podemos ir?
Salander - Ouviu Holmes falando de sua tribo e ficou extremamente interessada, em outro momento oportuno perguntaria mais para ela, culturas tribais lhe interessavam muito.
— Na Terra as coisas não estão tão diferentes nesse sentido, relacionamentos monogâmicos estão ficando cada vez mais… Obsoletos? É, pode-se dizer que sim. — Esse tipo de relacionamento poliamoroso não serviria para mim, o único poli que me encaixo é o “policervo” — Salander riu com o próprio trocadilho — Sempre terá espaço pra mais um cervo aqui. — Com um gesto rápido e singelo, ela apontou para seu próprio peito. Percebeu de cara que Holmes era uma aventureira, provável que as aventuras encontradas nos livros à ela não fossem suficientes. Adoraria fazer alguma viagem na companhia da Necromante.
— Adoraria conhecer a Meia-Noite! — Apesar de gatos não serem muito fãs dela, por algum motivo. — Concordo em irmos, Miiko não gosta muito que eu fique andando por aí, ainda mais agora que nem sequer sabe se sou uma humana ou uma faeliana ou uma aberração. — Salander parou para pensar na expressão de Miiko, provavelmente encasquetada com seu sumiço. Sorriu consigo mesma:
— Podemos andar bem devagar? Eu temia voltar para a jaula caso Miiko se irrite, mas agora estou disposta a correr o risco. — Desde que chegara à Eldarya, a Menina Cervo não aceitava o modo prepotente da líder da Guarda Reluzente, e provocá-la já estava se tornando um hobbie.
Holmes: Mais uma vez Holmes ouvia com interesse a explicação sobre a Terra, em sua visão amor e amizade eram sentimentos que carregavam o mesmo grau de grandeza e então fazia sentido que nenhum deles fosse direcionado à apenas um ser. Porém nada tinha contra visões opostas às suas. Acenou que entendia e sorriu acompanhando-a, depois passou os olhos pelo bando cuja visão harmoniosa condizia com a afirmativa de que mais um sempre seria bem vindo.
—Agora ela deve estar dormindo, mas com certeza as apresentarei. — Respondeu se levantando. Riu de leve com a pergunta, enquanto acenava uma despedida ao bando. — Claro que sim, e se não se importar, poderia me falar algo sobre a Terra durante o caminho? Acho que já percebeu mas sou bastante curiosa à respeito de aprendizado. Além do mais… eu descobri que gosto da sua companhia, rainha dos cervos.
Juntas elas seguiram sem pressa, o dia estava num clima agradável, Salander parecia ter recuperado sua paz e Holmes era mesmo o tipo chato para quem o copo está sempre meio cheio, por isso, já que acordara fora de hora, não havia nada melhor do que aproveitar o restante da tarde com uma boa pesquisa e uma nova amiga.
O Ferreiro e a Rainha (interação entre Salander e Ridhwani, o outro oc da @Holmes!)
Ridhwani:—... e disseram que não é nada de loucura, foi a fusão dela com o rei daquelas criaturas que a transformou na rainha deles, você não acha isso muito estranho? — Alajéa estava tagarelando com seu jeito animado de sempre enquanto caminhava ao lado de Ridhwani em direção à forja.
—Nem tanto. — Respondeu tranquilamente a olhou de relance. — Depois de tudo o que tem acontecido como podemos dizer que algo em particular é estranho?
—Você diz isso porque ainda não falou com ela, não é mesmo? Ela é bem… antipática. — Nesse momento estavam à porta da forja e ele a destrancava enquanto ainda ouvia a sereia. — Fui falar com ela, e ela...
A verdade era que no dia em que a “humana” chegara ele passara o tempo todo ocupado com seu trabalho, só ficara sabendo da história no jantar quando Ykhar sentou-se na sua mesa e o pôs à par. Imediatamente ele abandonou a mesa e foi até Miiko para falar com ela, aquela história lhe deixara enérgico afinal era análoga à sua, e sentiu uma necessidade de ir até à recém chegada e lhe dizer que… não sabia o que exatamente, mas de alguma forma lhe soava importante saber como ela estava, era uma “refugiada” em terras desconhecidas como ele já fora. Porém a kitsune lhe impedira, embora tivesse lhe contado tudo como pediu lhe disse que era melhor que não interferisse pois a humana ainda estava sobre observação, ela podia muito bem não ser como ele, podia estar mentindo e talvez pudesse até ser uma inimiga. Acabou tendo que prometer que não a procuraria, por enquanto, então no máximo já a vira à distância quando passara e depois ficara sabendo da história dela ter se tornado algo diferente.
—… não acha que foi muito grosseiro da parte dela? — Ouviu Alajéa perguntar e foi aí que notou que já estava dentro da forja, mais uma seu transtorno de atenção lhe impedira de acompanhar um assunto.
—Ela está em um mundo desconhecido Alajéa, deve estar em uma confusão de sentimentos não a julgue tão rápido. — Respondeu de forma generalizada para não a chatear por não ter conseguido acompanhar a história dela.
—Hn… não sei, talvez né? — A sereia pareceu um pouco pensativa, mas em seguida sorriu. — Vou te deixar trabalhar, tenho muito o que fazer e sei que você precisa acender esse fogaréu e não quero ficar desidratada aqui. Tchau Ridh.
Ela foi embora e Ridhwani voltou-se para seus afazeres, logo a forja estava realmente transbordando calor e ele pode começar a nova leva de espadas.
Salander: Após o incidente do cervo e do encontro com Holmes, Salander finalmente estava começando a encontrar seu lugar naquele mundo. O treinamento de batalha com Valkyon ficava cada vez mais complexo e extensivo, exigindo cada vez mais dela.
Suas armas eram duas adagas cujas lâminas eram de um reluzente verde-petróleo e a bainha de cor marrom com o formato da cabeça de um cervo, foram um presente de seu Líder de Guarda, ao descobrir depois de inúmeras tentativas com armas diferentes que adagas eram o ponto forte da garota.
Totalmente suada após o treino, Salander se pegou cogitando encontrar uma nova arma, uma que não apenas servisse para o ataque, mas que ela pudesse utilizar ao vagar pela floresta, assim como os magos andavam com seus cajados.
- É isso! Um cajado! - pensou.
Com passos rápidos - apesar de curtos - ela chegou no seu aposento o mais rápido possível, tomou um banho morno - sua avó sempre dizia que não fazia bem tomar banho gelado quando suada - e com o vapor morno sobre sua pele começou a pensar no design do cajado. De banho tomado, enfim cheirosa e relaxada, jogou-se na cama usando apenas uma regata e calcinha e com seu moleskine em mãos começou a desenhar.
- Droga! Nada me agrada, argh! - e arrancava as folhas e as jogava na lixeira próxima da cama, repetindo isso a cada rabisco finalizado enquanto bufava. Logo desistiu e pegou no sono.
Foi após o treino do dia seguinte que a Menina Cervo questionou Valkyon:
- Quem fez essas adagas, Valkyon? - questionou o homenzarrão enquanto empunhava as armas.
Valkyon observou aquela nanica magricela posando com suas adagas como se fosse uma amazona e não pôde deixar de achar graça:
- Vai me abrir no meio se eu não contar? - deu um leve sorriso, Valkyon não era de gargalhar muito ou rir. - Um artesão que mora aqui no Q.G quem fez, porquê? Já cansou dessas?
- O quê? Claro que não, elas são minhas preciosidades! - Salander segurou as adagas como se fossem filhotinhos que merecem ser protegidos e amados. - Na verdade… - Começou a matutar alguma desculpa, Valkyon era como um assessor de armas, se ela contasse que queria uma terceira arma, ele a questionaria sobre a necessidade da mesma, que valor estratégico ela possuía entre outros detalhes, e se tem uma coisa que Salander não gosta é de dar satisfação. - Eu queria um colar com um totem de cervo, apenas isso, não quero uma arma ou algo do tipo……. - Ops.
Valkyon encarou a Menina Cervo desconfiado, mas assentiu:
- O nome dele é Ridhwani, ele anda bastante pelo Q.G, pele escura, com um lenço azul na cabeça, se você perguntar por ele, irá encontrá-lo.
- Essa descrição extremamente vaga ajudou muito, Valkyon - pensou, revirando os olhos internamente, contudo achou divertido, ela sabia que seu Líder de Guarda não era muito de reparar nos detalhes físicos das pessoas.
- Vou atrás do meu futuro artesão!
Ridhwani: A manhã passara rápido, como de costume ele almoçou ali, encostado em seu balcão e acabou tendo uma longa conversa com Karuto, o mesmo raramente lhe trazia pessoalmente a comida mas quando o fazia gostava de bater um papo daquele seu jeito meio brusco, como se estivesse emburrado o tempo todo ainda que o assunto na verdade estive tranquilo, o cozinheiro tinha aquele gênio e o ferreiro não se importava pois o conhecia bastante bem depois de tanto tempo de convívio. Após a refeição o ferreiro decidiu esticar as pernas, pegou algumas coisas que talvez usasse, passou uma água no rosto no pequeno reservado que havia em uma sala próxima e então caminhou para fora, em direção aos jardins, o dia estava bastante fresco e nuvens cinzentas cobriam o céu, ele se perguntou se demoraria para a chuva chegar, seria bom para a terra que não se demorasse muito. Cruzou com algumas pessoas trocando cumprimentos de passagem e acabou passando do quiosque central e indo até mais adiante, não muito longe da fonte, onde se sentou contra uma árvore para descansar um pouco, tirou do bolso uma pequena faca e um pedaço de madeira de alguns centímetros e começou a talha-lo, faria um Kiampu para dar a um dos garotos do refúgio que lhe pedira isso no dia anterior. O entalhe era um hobby ao qual se dedicava com prazer.
Salander: Tendo a informação crucial sobre o artesão, Salander começou a vagar no Q.G em busca dele. Se deparou com Alajéa no corredor:
- Ei, você viu um homem com um lenço azul na cabeça?
A sereia fez uma cara feia, como se reprovasse a abordagem da Menina Cervo.
- Oi para você também! Está falando do Ridh? O que você quer com ele? Quer alguma arma? Um colar? Um presente para o Nevra? Bom, eu vi ele há um tempinho, estava na sala das portas e pelo que lembro foi para a forja…
Salander ficou perdida com o turbilhão de perguntas feitas por Alajéa, apenas agradeceu e ignorou as questões, especialmente a sobre Nevra e foi em direção à cozinha, sim, à cozinha, e não à forja, ela não confiava muito nas informações de Alajéa, então preferiu questionar Karuto.
Passou por vários habitantes do Q.G, a maioria deles a encarava de uma forma estranha. Pudera, uma humana, sem genética alguma de faeliano - ela havia feito o teste - de repente surge com galhadas enormes e cascos. Salander apenas os encarava firmemente nos olhos, até desistirem e desviarem o olhar.
Entrou na despensa e viu dois brownies - um guaxinim e uma rata - pegando pães, falou um olá baixinho e tímido e seguiu para a cozinha. Um cheiro semelhante à bacon e alho invadiu o local.
- Bom dia, Karuto! - ela se dava incrivelmente com o bode mau-humorado, podia-se dizer que seus santos batiam.
- Ora se não é a minha comparsa de chifres! Veio me incomodar por causa de panquecas novamente? - Ele bufou, tentando dar a impressão de que a visita era indesejada, mas Salander sabia que não era.
- Não são chifres, são galhadas, já te disse! Você é o único chifrudo aqui! - Riu.
- Eu vou te dar chifrudo, mas credo! - Karuto encenou como se fosse atirar um copo na menina - O quê você quer? Estou fazendo omelete com bacon!
- Estou procurando um artesão, o nome dele é Ridhwani, usa um lenço azul na cabeça e Alajéa disse que ele foi até a forja, mas não dou muito crédito para o que ele fala.
- Opa, respire um pouco - Karuto sempre reclamava que ela falava muito rápido - Ele realmente foi para a forja, eu mesmo levei meu delicioso omelete com bacon para ele provar hoje! - falou em tom de orgulho, com certeza o omelete era uma grande evolução se comparado com algumas comidas anteriores - Esse seu desgosto com a sereia te enganou dessa vez, se a tivesse ouvido já o teria encontrado.
- Você não pode falar nada visto que não gosta de ninguém - então parou, fitou Karuto e sussurrou - exceto eu - e piscou.
- Convencida! - Karuto deu um tapinha no ombro dela - Ele provavelmente já deve ter terminado a refeição, mas não deve estar muito longe, ele costuma ir para os jardins talhar coisas.
Salander roubou um pedaço de Bacon, agradeceu Karuto e começou a andar rapidamente até os jardins, seus cascos faziam plec, plec, plec no piso da sala das portas. Espiou a forja de relance e realmente, estava vazia. Então ouviu o que Karuto havia dito e foi até os jardins, onde Ridh costumava fazer seu trabalho.
Ao chegar ao jardim, com sua audição apurada conseguiu ouvir uma lâmina tocando na madeira, seguiu o som e encontrou o moço de pele escura e com o dito lenço na cabeça.
Percebeu que ele entalhava tranquilamente um Kiampu, ele possuía muita habilidade no manejo, e pôde ver cada detalhe do entalhe. Ficou receosa de atrapalhar, então disfarçou e seguiu em frente e materializou seu crylasm, Cernunnos, como se fosse dar banho nele. Torcia para que logo Ridhwani terminasse o entalhe para falar com ele.
Ridhwani: Confortável naquele lugar recostado à árvore, Ridhwani se encontrava alheio aos arredores e concentrado naquele afazer, habilmente dava forma à madeira e devido ao costume não se demorou a ter em mãos a pequena réplica já quase em pleno feitio. A ergueu diante dos olhos e a virou lentamente a fim de observar de todos os ángulos em busca de algum defeito, fez os ajustes necessários até se dar por satisfeito e então pousou a peça e a faca no chão, ainda faltava o acabamento o qual faria com a lixa que trouxera para dar uniformidade à superfície, entretanto antes de começar levantou os braços acima da cabeça se esticando e relaxando os músculos, em seguida passou os olhos casualmente pelos arredores. Foi quando a viu, à uns vinte passos de distância a beira do lago se encontrava a recém chegada àquele mundo, Salander, de quem Alajéa viera lhe falar aquela manhã. A moça parecia entretida com o mascote e ele a olhou por alguns instantes, nunca a havia visto tão de perto e ainda não havia encontrado depois da tão comentada história do encontro dela com o bando de cervos, a moça agora parecia ainda mais eldaryana que ele que já estava ali há tantos anos. Se perguntou como estaria a mente dela com tudo o que acontecera, questionara Holmes, a qual segundo era de conhecimento geral que havia ajudado a moça a se ajustar àquela transformação, sobre isso e a mesma dissera que a moça estava aceitando bastante bem e que era como se aquilo fosse o destino se cumprindo. Era bom que Salander estivesse bem com tudo, mas ao se lembrar de como se sentira ao chegar lá Ridh ainda sentia vontade de conversar com ela à despeito do que lhe recomendara Miiko… bem, prometera que não iria procura-la para conversar e cumprira com isso, porém não estivera a procurando e ela estava ali, pelo visto o acaso lhe trouxera aquela oportunidade.
Sorriu de leve, pegou a lixa no bolso, recuperou a estatueta e começou a lixa-la mas lançou novamente um olhar à moça e perguntou em voz alta:
—Ele gosta de entrar na água?
Salander: Disfarçando a sua vontade de interromper o artesão, começou a se entreter com seu crylasm, a estranha mistura de alpaca com cervo mergulhou as patas na água ao que Salander retirou uma pequena escova verde de um dos bolsos internos de sua capa para penteá-lo. Foi então que ouviu uma voz masculina com um toque de gentileza perguntar se a criaturinha gostava de entrar na água. Deu um pulo, assustada, por alguns minutos tinha esquecido da companhia do artesão e de seu objetivo, tentou disfarçar - coisa que provavelmente não deu certo - e então o respondeu:
— E como! Cernunnos não gosta muito do calor, por isso além de tosá-lo sempre o trago aqui para se refrescar. - fez um carinho no mascote, que baliu de satisfação. Em dúvida se falava o verdadeiro motivo de estar ali, Salander ficou alguns segundos em silêncio. Decidindo ser franca, deu um passo a frente e com suas orelhas enormes de cervo para baixo mostrando que estava um tanto quanto envergonhada, quase escondendo seu rosto, continuou:
— Mas sabe, eu não vim realmente para refrescá-lo… Eu vim…. Hm.. Nosso encontro não foi fruto do acaso. - respirou fundo — Não que eu estivesse te seguindo! - falou de supetão e colocou uma das mãos sob a têmpora como quem dizia: “Meu deus, você só fala bobagens” mas pensou que mais fácil do que falar, era mostrar. Habilmente desembainhou suas adagas verde-petróleo com os entalhes de cabeça de cervo.
— Foi você quem fez, não? - foi em direção ao artesão e mostrou as adagas de perto.
Ridhwani: A ouviu e acenou com a cabeça enquanto pensava em Xangô e a forma como lavava o alcopafel que não gostava de ser banhado, no fim ficava molhado também e o amigo se secava em um instante mas o encarava com uma expressão de acusação, como se se sentisse muito traído. O silêncio reinou enquanto ele pensava se devia ou não perguntar-lhe sobre a Terra ou sobre a situação dela, ficaria muito estranho abordar o assunto de modo repentino por serem totalmente desconhecidos, e não conseguia pensar em uma forma de o fazer… se é que deveria. Porém antes que tomasse alguma decisão, a moça voltou a falar, levantou uma sobrancelha intrigado por alguns instantes se indagando se ela teria então ficado sabendo de alguma forma sobre si para ter vindo o procurar, porém quando a moça mostrou as adagas Ridh percebeu que não, ela estava atrás do ferreiro pelo visto. Seria melhor assim? Ainda não tinha certeza, mas afastou o assunto e assentiu.
—Sim, são obras minhas. — Da lâmina ao cabo ele as moldara, tinha mania de dar algum estilo à elas mesmo que na prática isso não tivesse utilidade, Karuto uma vez bufara e lhe dissera que aí tem a diferença entre quem trabalha por trabalhar e quem o faz com arte e gosto. — Estão com algum problema? — Perguntou, eram bastante recentes e orgulhava-se em silêncio de que suas criações eram sólidas e resistentes, mas dependendo da forma como fossem cuidadas poderiam ter sido prejudicadas, nunca se sabe. No entanto à primeira vista pareciam tão bem quanto quando as guardada junto às outras. — Você as escolheu por causa do cabo, ou foi por acaso que acabaram com você? — Perguntou ao perceber que na verdade combinavam muito com ela.
Salander: Enquanto ficara em silêncio, percebeu que o ferreiro havia feito o mesmo e parecia estar pensando se falava ou não algo, exatamente como ela. Depois de ter falado o que queria, acabou ficando arrependida, queria saber o que estava na mente de Ridhwani.
— Não, elas são incríveis! Fáceis de manejar e lindas, as galhadas dos cervos nos cabos me dão firmeza na hora de empunhá-las! - disse animada, ela realmente gostava daquelas duas adagas, era um trabalho com qualidade, e após ter visto o ferreiro trabalhando, sabia que era um trabalho feito com amor.
— Quando cheguei aqui, acabei entrando na Guarda Obsidiana - sussurrou a frase a seguir:
— Mesmo que à contragosto de Valkyon. - deu uma risadinha baixa, quase inaudível e continuou:
— Ficamos muito tempo tentando descobrir qual arma seria a ideal para mim, espadas eram pesadas demais, para arco e flecha eu não possuía a mira necessária, martelos eram ruins de carregar por aí, o mesmo para machados. Então só me restou treinar com as adagas e Valkyon gostou do que viu, me presenteando com essas duas lindinhas aqui. - fez um carinho na cabeça de cervo do cabo de uma das adagas, ela realmente os tratava como se fossem vivos.
Ridhwani: Um sorriso de lado surgiu no rosto dele, satisfeito em ver que ela realmente gostava das armas, era prazeroso ter os feitos apreciados dessa forma.
—Obrigado. — Respondeu e pôs-se a ouvi-la, seu sorriso de alargou quando ela pronunciou sobre ter ficado na Obsidiana à contra-gosto do Valkyon, sabia que o chefe dos guerreiros se preocupava mais do que demonstrava com os que se encontravam sob sua supervisão, provavelmente via a garota vinda do mundo humano como alguém que daria muito trabalho já que o mundo de Eldarya trazia mais perigos do que se pode prever e ela não tinha nenhuma experiência nisso. — E elas parecem combinar muito com você. — Concluiu, estava aí uma das pequenas demonstrações de cuidado do albino que os desconhecidos não costumavam notar por o acharem sério demais e até distante. — Me lembro quando cheguei aqui eu fui parar na Guarda Absinto e parecia um grande erro porque até hoje sou bastante ruim preparando poções ou praticando feitiços, mesmo que tenha tido um professor muito paciente. Tive até sorte na época, se tivesse sido o Ezarel… — Se interrompeu, não gostava de falar dos outros e sua intenção com aquele assunto não era essa, apenas dizer a ela que no começo as coisas podem ser mesmo difíceis, e mesmo sem mencionar a Terra foi possível o fazer o que era melhor visto que ainda se decidira sobre falar ou não. — ...teria sido complicado. Mas com o Valkyon e com Jamon acredito que não vai ter problemas em avançar, ambos são bons professores. — Mas ainda restava uma questão, ela não lhe explicara então porque o estivera procurando. — Fico contente em saber que as adagas estão sendo úteis, mas suspeito que não tenha sido apenas para contar isso que me procurou, ou estou enganado?
Salander:
— Não é? - ela colocou a lâmina de uma das adagas próxima ao seu cabelo.
— É exatamente da mesma cor! - disse empolgada - nunca vi lâminas assim na Terra, quero dizer, mal vi lâminas além de facas e canivetes com meus próprios olhos.
Ouviu com atenção Ridh contar sobre sua chegada e como se adaptou à guarda Absinto, ele possuía um coração bondoso, não querendo falar mal nem mesmo de Ezarel, um dos integrantes do Q.G que ela não se dava muito bem.
— Aconteceu o mesmo comigo quando fiz o teste de Guarda, não sentia que me encaixa em nenhuma das três, para minha sorte o teste acertou na escolha. - disse orgulhosa, desde que começara a fazer os treinos da Obsidiana, nunca tinha desejado mudar de guarda.
— Jamon é a criatura mais doce do Q.G, quando treino com ele sinto como se fosse apenas uma brincadeira, apesar de vez ou outra sair um pouquinho machucada, afinal, a diferença de tamanho é grande - sorriu.
Ainda não havia explicado o motivo de ter ido atrás do ferreiro, e agora que ele havia lhe questionado, poderia o dizer.
— As adagas são minhas armas favoritas, não trocaria elas por nada, mas… Desde a transformação eu comecei a pensar na ideia de ter uma segunda arma, algo que eu pudesse usar nas batalhas, mas que ao mesmo tempo pudesse usar como cajado, com esses cascos é difícil andar em certas superfícies, pelo menos enquanto ainda não estou totalmente acostumada, e imagino que um cajado fosse me ajudar!
De um bolso, ela tirou vários papéis amassados, com designs e ideias de um cajado para si.
— Você não precisa seguir isso, são apenas… ideias, não estava inspirada e para ser sincera não sei bem o que quero. - e mostrou os rabiscos para o ferreiro.
Ridhwani:
Novamente acenou com a cabeça, realmente a cor era similar ao cabelo dela, isso somado ao seu acabamento realmente não poderia ter combinado mais. Em seguida refletiu brevemente, na Terra havia convivido com certa variedade de facas, facões e serras, nunca lá havia se interessado em como haviam sido feitos contudo de uma coisa tinha certeza.
—O processo de forja aqui envolve uma fornalha mágica, com certeza é diferente do da Terra. — Não sabia o quanto mas acreditava ser bastante diferente do atual, talvez se assemelhasse aos processos mais antigos. — Entendo. Já eu por muito tempo pensei que devia ter ido para Obsidiana, porém com a minha herança mágica descoberta ficou claro porque da Absinto. De qualquer forma, embora continue listado em minha guarda quase nunca sou convocado, acontece que eu faça meu trabalho se tornou mais necessário do que minha participação lá, pelo menos na maior parte do tempo. — Isso desde que o antigo mestre ferreiro se aposentou e passou para ele, seu aprendiz, o posto.
Um riso manso lhe escapou quando a ouviu descrever Jamon, era estranho que o ogro, mais alto e mais robusto que si para dizer o mínimo, fosse descrito como doce ainda que no fundo concordasse.
—Jamon não mede bem a própria força mesmo que esteja sempre tentando se controlar. Quando tem ciência da força do oponente mais ele se solta. Acredito que até hoje se formos treinar juntos em algum momento vou levar um golpe mais forte do que ele previu e acabar dolorido e talvez na enfermaria. Já o vi lutar a valer e é impressionante, e mesmo assim acho que nunca o vi dando tudo de si. — Não sabia se pelo lado gentil do grandão, ou se por ele não ter sentido necessidade.
Se concentrou nas explicações da moça, faziam sentido e, em sua visão, bom que ela não ficasse apenas no aprendizado do manejo das adagas, guardou sua escultura e a lixa de volta no bolso, estendeu a mão para pegar o desenho e estudou o traçado em silêncio.
—Você leva jeito com desenhos. — Comentou ainda sem levantar o rosto, depois de quase um minuto em silêncio imerso em reflexões, ele se levantou, ainda se fixando na folha. — Se quiser me acompanhar à forja, podemos estudar como faremos. — Voltou a olha-la com um ar quase clínico, Salander era pequena poderiam experimentar algumas das lanças já prontas apenas para ter uma ideia do peso e espessura com o qual ela se sentiria mais segura, para então colocar em prática as ideias que ela esboçara no papel. — Acho uma boa ideia, afinal as adagas são de curto alcanse e com um cajado ou similar você terá médio alcanse, uma atuação maior do que a da espada por sinal. — Ameaçou dar um passo e então percebeu uma coisa, e sorriu com o fato. — Ainda não nos apresentamos, sou Ridhwani. — E estendeu a mão livre para que se cumprimentassem.
Salander: Ficou feliz em ver ali mais alguém que viera da Terra para Elarya. Se sentia como se fosse a única imigrante por aquelas bandas e apesar de provavelmente terem vivido em épocas - já que o tempo em Eldarya fluía de outra forma - e lugares diferentes, terem dividido o mesmo mundo já era bastante coisa para os dois terem em comum.
— Tudo aqui é tão diferente… Imagino que até o processo para forjar armas seja algo completamente épico! Não é a toa que vim à esse mundo por minha própria vontade, meu instinto não poderia estar mais certo… - De repente se viu se abrindo e falando de seu passado com Ridhwani, coisa que não tinha falado abertamente com ninguém até então.
Atentamente ouviu Ridh falar sobre sua primeira impressão de que a Obsidiana seria o seu lugar, contudo, apesar do seu tamanho e de seu porte um tanto atlético provavelmente devido às lidas na forja, Salander não conseguia imaginá-lo na Obsidiana, parecia algo… Bruto demais, para alguém tão bondoso.
— Bom, imagino que à primeira vista todos achassem que você iria para a Guarda do Valkyon, não duvido que você tenha imaginado o mesmo. Mas como deve ter descoberto estando na Absinto, as casas mais grossas das árvores servem para curar. - o fato de Ridh não ser convocado tanto pela Absinto só demonstrava seu valor como um ferreiro importante, Salander admirava isso, podia notar que Ridhwani chegou em Eldarya e logo pôs-se à aprender com seu mestre, a ponto de construir uma ótima reputação como ferreiro e receber a confiança do ferreiro anterior para assumir seu papel no Q.G
— Se eu fosse o Ezarel não ousaria convocar alguém com seu talento e atrapalhar todo o seu trabalho! Pelo menos uma vez na vida esse elfo teve bom senso! - Apesar de ter visto que Ridhwani não tinha nada contra o elfo e que não tratava ninguém mal, a menina cervo não pôde evitar um certo desprezo na voz, ela e o elfo não se acertavam de modo algum.
Ao ouvir o riso do ferreiro, Salander não pôde evitar de soltar suas leves gargalhadas também, ela sabia que Jamon era amado por todo mundo do Q.G.
— Houve uma vez que ele chorou por ter me machucado, tadinho. Eu ainda não havia descoberto que as adagas eram as armas ideais e estava treinando com uma espada. É claro que não consegui erguê-la na hora certa e acabei levando uma bordoada do ogro. Desmaiei por uma semana e Ewelein me contou que Jamon ia me ver todos os dias, perguntando se eu não tinha morrido - Ela falava com um tom de graça e apego, Jamon era como uma criança, apenas tinha a carapaça um pouco grande perto das outras.
Salander ficou vermelha com o elogio, elogiar seus desenhos era o que mais a deixava contente.
— Obrigada! Mas não é nada perto do seu talento entalhando! Esse Kiampu parece que vai sair nadando por aí! - sempre agia dessa forma ao receber um elogio, tentava se diminuir ao máximo e elogiar alguma habilidade da pessoa que a elogiara, não sabia ao certo porque se comportava assim.
Ao ouvir o convite de Ridhwani para ir para a forja, aceitou na hora.
— Espero que esse cajado não se torne outra adaga devido ao meu tamanho - disse fazendo piada de si mesma. Estendeu a mão para Ridhwani.
— Isso sempre acontece, sei o nome dos outros, mas nunca digo o meu, talvez eu seja 10% da Sombra com essa cautela - sorriu:
— Sou Salander, é uma honra conhecê-lo - e apertou a mão do ferreiro com toda a força que podia.
Ridhwani: Foi apenas quando viu a expressão de compreensão no rosto de Salander que ele percebeu que, sem notar o que fazia, falara sobre a Terra com a familiaridade de quem era de lá, um escorregão que lhe causou um suspiro por já imaginar-se diante de Miiko com a kitsune lhe gritando coisas do tipo “o que foi que eu te disse? Ridhwani você havia prometido! Você sabe que pode ser perigoso que ela fique sabendo demais!” Bom, como diziam em casa, para o que não há remédio remediado está.
—Sim, e no começo tudo parece tão… irreal. — Lembrou-se de sua incompreensão lhe causar medo, medo de estar perdendo a razão. — Você escolheu…? Eu vim parar aqui por acaso, não sabia que Eldarya existia. Quando soube da sua chegada queria falar contigo mas Miiko não quis que eu fosse, achou arriscado e é a função dela proteger esse mundo. — Se ia ser advertido ou tivesse que pagar que fosse pelo erro todo não apenas pela menção, e a verdade é que sentia falta de falar com alguém que soubesse realmente o que era sua terra natal, não achava que jamais teria essa oportunidade.
Sorriu ao se lembrar que era bem mais magro quando chegara, ainda que já tivesse o corpo resistente e até razoavelmente forte já que sua vida desde bem novo envolvera trabalhos braçais. Pensou um pouco e achou que a comparação, ainda que gentila, não combinava muito consigo.
—Com o tempo ficou claro o porque da minha tal afinidade com a absinto, minha herança mágica me torna um decifrador de composição de feitiços e poções e também um desfazedor de maldições e encantamentos. — Ele riu de leve ao notar pelo tom que aquela moça também não gostava muito do elfo. — As vezes meus dons ainda são necessários, mas Ezarel mesmo sendo… Ezarel, é muito competente e por isso não é muito comum que precisem de mim.
Ouviu a história sobre Jamon e a achou bem a cara dele, talvez fosse por isso que ele andara muito inquieto à algum tempo mesmo não havendo nada de tão sério acontecendo nos assuntos do QG .
—Ele é um grande guerreiro mas detesta machucar qualquer pessoa. — As vezes se perguntava como ele se entendia consigo mesmo para conciliar sua natureza e seu dever. — Nada. Ah, obrigado também, são muitos anos de prática. — Balançou a cabeça em negativa, num novo sorriso. — Nem sempre a afinidade tem a ver com tamanho. Não se preocupe, com o material e os feitio certo será só questão de treino e adaptação. — Depois do aperto de mão soltaram-se e seguiram seu caminho, ele voltou a olhar para o papel. — Esse bastão sendo uma arma de médio alcance você o imagina mais como uma lança? Ou…? — Notou um dos desenhos, três pontas. — Um tridente? Acho uma ideia interessante.
Salander: Captou rapidamente um semblante de preocupação na cara do ferreiro, mas o mesmo rapidamente sumiu, dando lugar à uma feição de curiosidade, Ridh perguntara se Salander havia escolhido chegar à Eel.
— Isso! Estudei magia e herbologia por anos até conseguir criar o círculo de cogumelos perfeito para usar de portal, não é a toa que levei tanto tempo que até completei a faculdade! E não se preocupe, Miiko não vai saber nada de mim, mesmo que ela quisesse - falou demonstrando a clara inimizade entre ela e a Kitsune.
— Oh, então você é de Magias? - falou fazendo alusão à uma brincadeira na Terra, onde comparavam humanas e exatas. — Queria ter essa habilidade, mas como deve ter percebido, se isso estivesse no meu sangue eu não teria demorado tanto para chegar aqui.
— Eu nunca consigo imaginar Jamon lutando para valer, só consigo vê-lo querendo um dos meus bichinhos de pelúcia e dormindo abraçado nele - soltou um risinho de leve, uma cena dessas seria realmente fofa.
Estava começando a ficar empolgada com a criação do cajado. Ridhwani entendia de forja e se havia feito aquelas adagas à pedido de Valkyon - que provavelmente não se importava tanto com estética - e ainda assim haviam ficado a cara dela, tinha certeza absoluta de que tinha escolhido o ferreiro certo. Ridh mencionou um tridente, ela se aproximou dele e observou o papel que estava em sua mão, vendo seu próprio rascunho. Era o desenho de um tridente alongado, com três grandes hastes com pequenas ramificações cada.
— Eu não lembrava deste. Deve ter sido um dos primeiros rascunhos. Mas olhando agora… Me agrada bastante, tridentes me lembram galhadas de cervo - Então se deu conta de que: O quê não a lembrava de galhadas de cervo?
— Foi mal, desde que cheguei aqui, visualizo cervos em praticamente tudo, mais do que na Terra. O que acha? Um tridente ficaria bom?
Ridhwani: Ele ficou impressionado com aquilo dela ter estudado uma forma de chegar àquele mundo, ela devia ser muito inteligente não só havia “descoberto” Eldarya como também conseguira ir até lá.
—Agradeço se oferecer para omitir mas eu mesmo direi a ela… é melhor que fique sabendo logo, eu não sei direito esconder as coisas. — E, de qualquer forma, ele não esconderia afinal era sua chefe a quem não só devia obediência mas a quem admirava, notou que Salander não compartilhava da mesma opinião e não se surpreendeu afinal ouvira dizer que a primeira providência da kitsune foi coloca-la na prisão.
Riu da brincadeira mas em seguida negou com a cabeça.
—Nem isso, na verdade eu não sou é compatível com estudos. Só sou bom mesmo desfazendo feitiços, já praticando… — Ele fez uma careta. — Mesmo depois de anos tenho um nível básico. Mas minha herança só despertou devido à grande fluidez de maana em Eldarya, no nosso mundo ela estava adormecida. — Foi uma surpresa que lhe fez repensar seus questionamentos sobre a seleção e a compatibilidade com a Absinto. — Me satisfaça uma curiosidade, de que país você vem?
Acabou rindo novamente quando ela falou de Jamon.
—Até posso imaginar essa cena. — Comentou enquanto entravam na forja, ali mesmo havia um certo tanto de armas em seus variados suportes embora o GQ também tivesse um arsenal mais completo em outra localidade. — Acho sim que ficaria bom, a questão de qualquer arma de corte e é o equilíbrio, seu peso não deve pender no braço de quem empunha nem para o lado da lâmina nem para o lado do cabo, tem que ser uniforme. — Para exemplificar pegou um as espadas e a equilibrou horizontalmente sobre um dos dedos que posicionou logo após o cabo. A mesma ficou reta sem tombar para nenhum dos lados. — Compreende? Vem, vamos testar as lanças e ver com qual você se adapta melhor. — E passou para ela uma para que a experimentasse e descobrisse se o peso e a grossura do cabo lhe eram adequadas.
Salander:
— Você que sabe, mas se prepare para ouvir um sermão - Não entendia porque ele era tão leal a Miiko, mas não comentou sobre. Apenas riu sutilmente imaginando a cara da Kitsune ao ter sido desobedecida.
— Bem-vindo ao clube! Estudos não são muito minha praia, nunca mais quero estudar magia e herbologia, cinco anos em busca de Eldarya já foram o suficiente! - lembrara de sua época de escola, onde era uma péssima aluna, contudo mesmo não gostando muito de estudar, na faculdade ia incrivelmente bem e o mesmo acontecera nos estudos para a criação do círculo, imaginava que, como a maioria das pessoas, considerava estudar apenas aquilo que lhe pegasse na alma.
— Brasil! Não é um exemplo de país contudo... não era tão ruim, pelo menos tinha cervos! E você? - Não conseguia imaginar de que país Ridh seria, ela não conseguia visualizá-lo em nenhum outro local além de Eldarya, afinal, ele já fazia parte daquele mundo.
Riu ao ver que ele compartilhava o mesmo pensamento sobre Jamon.
— Já cogitei costurar uma pelúcia para ele porém não sou boa com agulhas. Sempre acabo com um dedo - ou mais de um - furado.
Ouviu o Ridh atentamente, ele falava com propriedade. Salander não entendia muito de forja e para falar a verdade, armas, tudo isso ainda era novo para ela, estava familiarizada apenas com as adagas, que para ela não eram tão diferentes de usar um canivete, coisa que ela carregava na mochila quando ia à noite para a faculdade.
Observou o ferreiro segurando a espada, apesar de não ser da Obsidiana, ele levava bastante jeito, fazia parecer que a espada pesa o mesmo que uma pena.
Acenou com a cabeça em sinal de afirmação e se aproximou, experimentando o primeiro cetro que viu. O cabo era um tanto quanto grosso e sentia o peso puxando seu ombro para baixo.
— Absolutamente, não é esse. - com um pouco de dificuldade, quase aos tropeços, ela pôs o cetro no lugar. Ao perceber o quanto estava sendo desajeitada, pôs-se a debochar de si mesma.
— Aposto que você não imaginava que a “Rainha dos Cervos” era tão desastrada assim, né?
Na segunda tentativa agarrou um cetro menor, o cabo não chegava a ser fino, mas à vista ele parecia pesar menos.
— Hmmm… Não está tão ruim, mas acho que pode melhorar.
Observou pela forja, até encontrar uma espada longa, mais alta que ela e com o cabo fino, não era um cajado, mas serviria como teste. Andou com ela pela forja como se fosse um mago vagando pela floresta com seu cetro.
— Bingo!
Apesar do tamanho, a leveza da espada era de se admirar, além de fazê-la se sentir imponente, visualizava perfeitamente um tridente parecido com a espada em suas mãos. Como forma de comemorar empunhou a espada, pensou que essa era a sensação do Rei Arthur ao retirar a espada Excalibur da pedra.
Ridhiwani:
—Já me acostumei. — Respondeu sentindo uma ligeira diversão carinhosa ao pensar na forma como Miiko comumente lidava com essas coisas.
Pelo visto então não estava sozinho nisso, Salander compartilhava daquele desgosto e foi bom sentir que tinham algo em comum… se bem que como ambos humanos vindos da Terra já sabiam que tinham bem mais em comum do que costumam ter duas pessoas recém conhecidas saberiam normalmente.
—Ouvi falar que é um lugar muito bonito. — Respondeu, o Brasil na sua imaginação soava exótico e abundante em recursos, embora pudesse ser uma falsa impressão já que a mídia sempre fantasiava muito as informações. — Zimbábue… a situação lá era difícil mas eu amava minha terra. Não faço ideia de como ela está hoje, se passaram dez anos desde que vim para cá. — Esperava que não tivesse se complicado ainda mais, a política parecia caminhar para fins cada vez mais rígidos, mesmo pessoas como ele que não entendiam muito do assunto sentiam na pele como as decisões dificultavam as coisas elevando o custo de vida.
Ele sorriu ante o comentário.
—Talvez seja questão de treino. Acho que Holmes sabe costurar… ela me disse que falou com você, perguntei a ela como estava porque me identifico com você, sabe, forasteiros da Terra e o modo como são vistos em Eldarya… mas o tempo ajeita as coisas, você verá. — Esperava que desse certo para ela como dera para si, porém se aquela garota fora obstinada o bastante para vencer as dificuldades nos estudos e assim criar uma forma de chegar ali ela tinha garra o bastante para vencer as dificuldades de aceitação.
A observou enquanto devolvia a espada para o lugar, a viu cambalear com o peso e deu um passo para ajuda-la, mas a mesma deu um jeito de recolocar no lugar a arma.
—Ah, eu sempre imaginei rainhas guerreiras e com certeza um dia elas já tropeçaram em armas pesadas demais. — Sua visão de infância era das tribos antigas que caçavam e guerreavam em sua terra. Mais velho e com acesso à tv vira versões de rainhas com grandes vestidos bufantes e cheias de maneirismos mas elas pareciam muito fantasiosas para si e por isso não as achava grandes coisas.
Assentiu em silêncio quando a viu testar e descartar um cetro, e então a viu se empolgar testando aquela espada.
—Parece que temos uma escolhida vossa alteza. — Levou uma mão ao peito e curvou-se numa reverência como já tinha visto à muito tempo. — Este seu servo fará o melhor que puder para que tenha o melhor tridente já visto. — E se endireitou sorrindo com a brincadeira, e caminhou até ela. — Posso? — Pediu esperando para pegar a espada, e então a passou pelas mãos e a empunhou gravando mentalmente o peso e a altura para ela. — Certo. — Devolveu-a para a moça e foi até a mesa para anotar tudo. — Tem preferência de cor? Existem metais mais claros e mais escuros, e colorações à serem integradas também. — Com o que ela demonstrara ali, tinha a impressão óbvia que ela gostaria de verde… e nesse momento uma pequena ideia surgiu na sua mente, se ela não escolhe verde tinha uma ideia de como fazer uma surpresa que provavelmente a agradaria.
Salander: Sorriu para Ridh, pôde perceber que ele não sentia coisas negativas pelos outros, pelo menos não na mesma intensidade que ela. Não conseguia entender o carinho que nutria por Miiko, afinal, pela Kitsune líder da Reluzente ela só conseguia sentir asco.
Como se não bastassem terem vindo da Terra, ambos não nutriam um grande apreço por estudos, ponto! Já tinham mais em comum do que com a maioria das pessoas da Terra, pelo menos para a Menina Cervo.
— Existem lugares incríveis lá, como a Amazônia, o Pantanal... - Lembrou com certa saudade do seu país. Porém ao mesmo tempo em que havia uma fauna e flora exuberantes, lembrou que nas cidades macacos eram mortos pela ignorância das pessoas, por acharem que eles eram transmissores de uma doença, a febre amarela e logo a saudade se transformou em melancolia, pensava em como estaria a situação dos seus pais, dos animais de sua Terra, afinal, bastante tempo já devia ter se passado, visto que em Eldarya o tempo corria de outra forma.
Ouviu Ridh falar sobre o Zimbábue. Salander sempre desejara visitar a África pelos animais e pelas tribos, gostaria de aprender sobre o xamanismo na África - apesar de lá não ter esse nome - e suas divindades, suas crenças. Ela torcia para que as coisas tivessem melhorado, tanto em seu país quanto no dele.
— Parece que as coisas não estão fáceis em lugar nenhum, não é? Até aqui em Eldarya. - suspirou, odiava soar tão negativa.
— Mas não há nada que não possamos melhorar! - Disse estalando os dedos, com uma animação repentina.
Holmes! Ridh e ela se conheciam então?
— Espera, você conhece a Holmes? - ficou curiosa, Holmes de início parecera tão fechada, contudo, conhecia bastante gente e parecia conquistar facilmente com seu jeito, pensou, ao notar que Ridh parecia ser bem próximo dela. Ficou contente por Ridh se importar tanto com uma mera recém chegada como ela, ao contrário de Miiko e dos outros, ele não a tratara como se fosse uma assassina de faelianos.
— Não se preocupe! - disse sorrindo - Desde que esse - ao falar isso, ela deu leves tapinhas em uma de suas galhadas - se fundiu comigo, qualquer lugar é meu lar, desde que essa minha carcaça de cervo me acompanhe. - Falou isso com o peito estufado, nada a deixava mais orgulhosa do que o fato de ter se fundido com o animal que mais amou a vida toda.
— Imagino que sim! - Salander sempre imaginara figuras monárquicas femininas mais ou menos como Joana D’arc, apesar da mesma não ser uma rainha, ela havia fixado a imagem da mesma em sua mente. Com armadura, morrendo queimada por suas convicções.
— Na Terra as rainhas atuais tropeçam em saltos altos, mas eu? Sou a primeira a tropeçar em cascos! - Tudo ainda era um tanto novo e empolgante para ela, sapateou batendo os cascos no piso da forja. Sempre se questionou como seria ter cascos e agora sabia.
Observou Ridh falando como falavam os atores em filmes medievais na Terra e achou divertido.
— Oh - botou a mão no peito, como rainhas faziam tentando demonstrar surpresa - Não se curve, meu querido! Você é tão Rei da Forja quanto eu dos Cervos! - e tomando cuidado para não acertar Ridh com suas galhadas, fez um cumprimento puxando os cantos das vestes como se fossem um vestido e se curvou.
— Cor? Hmmm…. Verde seria uma resposta muito óbvia? Vou deixar você escolher! Conseguiu fazer um trabalho incrível sem nem saber para quem seriam as adagas, imagino que agora que me conhece não terá dificuldades. Faça com o coração, sei que vou gostar!
Ridhwani:
Ele pensou um pouco nas imagens que já vira das selvas sul-americanas, elas sempre lhe pareciam muito exóticas e misteriosas e naquela época lhe lembravam mesmo lugares de mundos fantásticos inalcançáveis. Era nostálgico recordar da inocência do desconhecimento contida em seus pensamentos daquele tempo.
—Sim… a quebra do Cristal trouxe esse desequilíbrio. — Comentou com uma expressão preocupada, ele detestava ver seu mundo adotivo às voltas com tamanhas dificuldades causadas pela aparente loucura cruel de um indivíduo. — Torcemos que sim e trabalhemos para isso. — Afinal esperar cair do céu não ajudava em nada, fazer o melhor que pudessem, isso, para Ridhwani, era o que mais importava.
—Conheço… digamos que ela adora me importunar e eu adoro ser importunado por ela. — Um sorriso carinhoso apareceu em seu rosto, considerava a necromante talvez sua melhor amiga. — Fico feliz em saber, achar seu lugar é importante. — Realmente, ela se adaptara muito mais rapidamente que si e isso era bom.
Ele gostou do senso de humor do comentário sobre ela tropeçar em cascos e depois riu ao vê-la entrando em sua brincadeira.
—Fico honrado com suas palavras, mas eu não passo de um podre lacaio. — Comentou também dramatizando. Na verdade tinha lá suas ideias sobre ser rei, devia ser um cargo péssimo.
Ele sorriu satisfeito tanto com a confiança quanto com o elogio.
—Muito obrigada. Vou começar amanhã pela manhã, hoje ainda tenho um ou outro trabalho para terminar e assim que pronto eu lhe aviso, tudo bem? Pode ter certeza que vou caprichar Salander. — Garantiu ainda sorrindo.
Salander: Pegou-se a observar um Ridhwani pensativo, ele parecia estar em outra época, nostálgico.
- Não se preocupe, se depender de nós nenhum desgraçado tocará no Cristal! - socou o ar animadamente como que para demonstrar esperança e determinação.
- Holmes me ajudou muito quando fui… Possuída pelo espírito do Cervo Rei? - falou como se questionando, ela não considerava uma possessão, mas em termos técnicos basicamente o era - Acabamos nos dando bem, até combinamos de lermos Senhor dos Anéis juntas! - falou animada, era bom ter alguém para acompanhar suas nerdices mesmo em Eldarya - Se você quiser pode se juntar também. - E então fez uma cara maligna - Não ouse dizer não para Senhor dos Anéis… - falou de forma sibilante propositalmente.
- Foi fácil me adaptar, afinal, eu mesma me enfiei nessa enrascada, qualquer coisa que aconteça comigo aqui é resultado de minha busca - e falou isso de forma soturna, ela sabia das dificuldades que haviam em Eldarya, e apesar de não gostar de Miiko tudo o que lhe acontecesse nesse mundo seria responsabilidade dela mesma e não do Q.G, do contrário poderia muito bem ter continuado sua vida comum na Terra.
- Meu querido Ridhwani - disse pegando em suas mãos como uma Rainha - Todos somos podres e se alguém não o é, um dia será nem que à três palmos abaixo da Terra - ela realmente estava se divertindo com a encenação, mas imaginou que foi um tanto exagerada nessa fala.
Estava surpresa com a agilidade do trabalho de Ridhwani, ele fazia itens como ela fazia desenhos e isso a deixava boquiaberta, uma arma era muito mais complexa que um mero esboço.
- Sem problema! Aposto todas as minhas fichas em você - disse sorridente. - e então ficou um pouco perdida, não sabia se continuava ali, apenas jogando papo fora, mas não queria atrapalhar o artesão e se via em um impasse.
Quando a Cervo e a Raposa se Embebedam (interação entre Salander e @SkidThair!)
(capa diva para a interação feita pela @Skidthair <3 )
Skid Thair: Skid se encontrava já levemente — diga-se de passagem — sob o efeito da bebida alcóolica, era fraca para esse tipo de coisa e ela sabia disso muito bem, mas beber uma hora ou outra não mata ninguém, não é mesmo? A kitsune se levantou da cadeira que estava sentada, deixando o cara que estava tentando puxar conversa com a mesma sozinho. Porém, como era insistente e a beleza da garota claramente havia o interessado, seguiu a mesma até o barman, que já sabendo o que ela queria, encheu novamente o copo de álcool.
— Cara, você não vai largar do meu pé não? - Indagou um tanto enrolada por conta do álcool, sentindo perder a paciência e começar a se irritar com o infeliz.
— Uma beldade como você não deve ficar sozinha. - Proferiu com um sorriso malicioso se formando em seus lábios, arrancando um suspiro profundo da kitsune, colocando o seu copo em cima do balcão e se virando para o mesmo, com um semblante irritado.
O desconhecido havia levado um soco tão forte no nariz que foi literalmente jogado para trás, arrancando várias gargalhadas dos que estavam presentes na taverna. Skid suspirou mais uma vez e pegou o seu copo, se direcionando para a mesa que estava sentada, no entanto, acabou se esbarrando em uma garota, aparentemente, uma garota cervo que trajava vestimentas da cor verde, o que era até divertido.
Salander: Depois de um dia de ronda na floresta, cuidando dos cervos, Salander decidira beber alguma coisa. Para ser sincera, não era fã de bebidas alcóolicas, muito menos forte para aguentar beber. Um copo era suficiente para deixá-la o mais bêbada possível, mas às vezes sentia vontade de tomar uns goles. Sozinha - a companhia constante dos mascotes espiritualizados e dos cervos não contava - ela se dirigiu até a Taverna Runas de Rum, onde diziam que o hidromel era ótimo.
— Espero que tenham algo com menta. - falava consigo mesma, ir em bares não era algo que ela fazia com frequência, principalmente depois de sua transformação devido ao fato de que sua audição se tornou extremamente aguçada, mais do que antes - ela escutava muitíssimo bem para uma humana - e qualquer som lhe irritava. Os cervos a seguiam, os sons dos cascos dela e deles em uníssono.
Chegou na entrada do bar, as paredes do estabelecimento eram todas cheias de runas douradas - como rum - o que provavelmente originou seu nome. Um homem alto e musculoso ficava à porta, provavelmente preparado para separar brigas ou algo do tipo.
— Você não pode entrar com esses bichos. - falou grosseiramente com sua voz áspera e rouca.
— Oh - Ela sabia disso, nem haveria como mais de vinte cervos entrarem naquela taverna — Tudo bem, vamos garotos, para dentro.
— Mas eu acabei de dizer que eles não podem entra...
Salander fez um sinal de cale-se para o homem, e esticando a mão em direção aos animais os espiritualizou.
O homenzarrão à encarou, boquiaberto.
— Com licença. - disse a Menina Cervo, empinando o nariz e entrando na taverna, orgulhosa.
Ao entrar, sentiu o cheiro de álcool e até mesmo vômito, ora, um local de bêbados, não era de se surpreender. Pessoas gargalhavam e conversavam gritando, alguns homens discutiam batendo os canecos de hidromel nas mesas, moças bonitas com pouca roupa se aproximavam de caras procurando uma oportunidade. Dirigiu-se ao balcão, para pedir uma bebida, ao passar as mulheres lhe olhavam de forma estranha e os homens tentavam a todo custo encontrar uma parte descoberta de seu corpo para olhar, não deram sorte, Salander usava uma capa verde-petróleo e ainda estava de capuz. Vez ou outra batia suas galhadas enormes em alguém.
— Tome cuidado! - falou uma moça em um tom ríspido. Já a Menina Cervo apenas ignorava.
— Então...- o homem que preparava as bebidas parecia ainda não saber se ela era uma mulher ou um homem, Salander abaixou o capuz.
— O quê vai querer, Moça? - perguntou enquanto a observava de um modo que ela não compreendia, talvez a achasse uma criatura exótica.
— Hmm... Aceito um caneco de Hidromel, mas gostaria que pusesse hortelã nele.
— Hortelã? Não sei se tenho isso aqui. - o homem se curvou no balcão como se estivesse procurando.
Querendo sentar de uma vez, ela procurou por folhas de hortelã em seus bolsos. Tirou de um deles um saquinho de veludo preto e pegou três folhas de hortelã. Cutucou o ombro do homem.
— Não se canse, já encontrei. - o balconista pegou o caneco de hidromel e o encheu até a borda, entregando-o para a híbrida de cervo. — Obrigada.
Ele a encarou de modo enigmático, mas rapidamente Salander se afastou em busca de uma mesa. Haviam apenas algumas mesas vazias, sentou-se na mais distante dos homens que discutiam e das garotas frescas que reclamavam se uma de suas galhadas as tocasse. Colocou as três folhas dentro do caneco e aguardou a bebida pegar o gosto das folhas. Enquanto esperava, flagrou uma cena que lhe chamou a atenção. Uma mulher raposa alta, com seios de dar inveja às outras garotas que estavam ali, longos cabelos roxos que ultrapassavam os pés e uma cauda felpuda estava sendo incomodada por um homem qualquer, feio demais para ela. A moça se afastou e o homem continuou indo atrás, até que, irritada, ela meteu um soco na face do homem e o mesmo deu um salto para trás.
— Viu só? Se vocês não fossem meu cervos, era isso que ia acontecer se ficassem seguindo mulheres por aí. - disse para seus cervos espiritualizados, provocando-os. Voltou-se para sua bebida, provando-a, podia sentir o gosto suave da hortelã.
Concentrada em sua bebida, acabou sendo interrompida por alguém que havia se esbarrado nela. Sorveu mais um gole do Hidromel até perceber que era a garota raposa.
Skid Thair: A kitsune observou por mais uns minutos a menina cervo, que aparentemente amava a cor verde, pois além de trajar vestimentas da tal cor, seu cabelo inteiro possuía esse tom. O que era até cômico, pois a kitsune amava tanto a cor preta que se pudesse tingia o seu cabelo de preto, mas ela também amava o tom natural do seu cabelo e dos seus olhos. Apesar de estar fora de si, a mesma se curvou levemente para frente, como uma referência mostrando respeito. Skid havia pegado esse gesto assistindo animes e se aprofundando na cultura japonesa quando morava na Terra, e até hoje ela continua com isso com muito orgulho.
— Peço desculpas por ter esbarrado em você, aliás, estava falando com quais cervos? - Indagou em um tom claro de curiosidade, com suas bochechas obtendo uma coloração rosada.
Salander: A kitsune a observou por alguns segundos, Salander a olhava no fundo de seus olhos roxos, tentando estudar a alma daquela garota raposa, foi quando ela se curvou e a Menina Cervo não pôde deixar de notar seus peitos - muito maiores que os seus, diga-se de passagem - enquanto ela fazia a reverência. Agora Salander entendia o motivo do homem estar importunando a kitsune.
— Não precisa se desculpar, não sou como as outras frescas que tem nesse bar - falou de forma divertida. Tinha absoluta certeza que a resposta a seguir deixaria a garota confusa, mas falou mesmo assim:
— Com os cervos dentro de mim... - falou baixinho, esperando que a raposa a achasse louca ou algo do tipo.
— Aquele cara parecia realmente chato. E ele era feio, você viu a cara dele? Me lembrou um baiacu. - disse, apontando para o homem e riu, como forma de constrangê-lo. — E você tem um bom punho - finalizou, bebendo um gole de seu hidromel.
Skid Thair: — Fico até aliviada, céus, no mesmo momento em que pisei nessa taverna já senti que essas frescas queriam me matar. - Respondeu sentando na cadeira a frente da mesma, suspirando com o próprio comentário dando mais um gole em sua bebida, sentindo o álcool descer queimando a sua garganta. - Dentro de você? - A encarou levemente confusa, pendendo a cabeça para o lado. - Há, literalmente, cervos dentro de você? - Perguntou arregalando levemente os olhos, surpresa e até mesmo animada, amava saber sobre as habilidades dos outros.
Deu mais um gole em sua bebida, se ajeitando na cara enquanto cruzava as suas pernas, logo soltou uma gargalhada ao ouvir o comentário da garota que até então não sabia o nome, mas já considerava deveras.
— Fico feliz em saber que mais alguém se lembrou de um baiacu, além de feio, é chato pra um caralho! - Disse rindo, jogando a sua cabeça para trás, se divertindo com o diálogo que estava tendo. - Aliás, eu não sei o seu nome, o meu é Skid Thair, mas pode me chamar só de Skid, é muita formalidade falar o meu sobrenome, e eu não gosto tanto de formalidades desnecessárias.
Salander: A voz da raposa era sexy, um pouco rouca e suave, exatamente como ela imaginava que uma raposa falaria - sim, Salander imaginava vozes características para cada animal, por mais esquisito que isso seja - e além de tudo, possuía um senso de humor cativante. Tomou mais um gole do hidromel com hortelã enquanto escutava-a falar.
— Porquê as mulheres daqui são frescas assim? Imagino que devem pensar que as runas das paredes do lado de fora sejam de ouro e não de alguma tintura barata! - já esperava que a moça ficasse confusa, mesmo em Eldarya, criaturas que carregam outras dentro de si não eram tão comuns, pelo menos não no Q.G.
— Isso mesmo, dentro de mim - disse apontando para sua cabeça. E continuou:
— Sou capaz de materializar e desmaterializar criaturas que se conectam comigo, geralmente cervos. - sorriu e mexeu a cabeça, dando destaque às suas galhadas. Nesse momento, bateu uma delas novamente em uma moça.
— Olha por onde mete esses chifres, esquisita! - a mulher era híbrida de Sapo, como uma híbrida de cervo poderia ser mais esquisita que ela?
— Não se olhou no espelho ainda pererequinha? Acho que o Príncipe não te beijou direito, ainda está com cara de sapa.
Ultrajada, a sapa virou a cara para Salander e se afastou.
— Como você pode ver, mesmo quando não espiritualizo eles na frente de ninguém, ainda sou estranha - disse rindo para a raposa, ser uma estranha num mundo tão mais estranho a fazia se sentir honrada.
— Me chamo Alissa, mas Salander é o nome que adotei ao chegar nesse mundo. - estendeu a mão para a raposa, num cumprimento.
— É um prazer, moça raposa. Ou melhor, Skid.
Skid Thair: — Pior que nem eu mesma consigo pensar em um motivo para elas serem tão frescas, deve ser tanta atenção que faz elas se sentirem as donas dessa taverna. - Proferiu brincando com uma de suas madeixas, rodeando o fio capilar em seu dedo, olhando para um ponto qualquer, mas logo tratou de voltar a encarar a garota a sua frente, completamente surpresa com a capacidade da jovem. - Isso é incrível! - Disse sorrindo, logo voltando a rir ao ouvir o comentário da menina cervo direcionada a híbrida de sapo, ela tinha humor, e Skid apreciava isso.
Um biquinho se formou nos lábios rosados da kitsune ao perceber que sua bebida havia acabado tão rapidamente, todos se espantavam com a incrível mudança de humor da mais nova, mas com o tempo acabaram se acostumando.
— Nem liga para isso, até hoje sou vista como uma anormal por ser uma kitsune e ter a capacidade de me transformar, e ser mais forte que os infelizes dos kitsunes das Terras de Jade do Norte. - Confessou sorrindo de forma divertida, enquanto cruzava os seus braços. - É um prazer te conhecer também, Salan.
A mesma novamente se curvou na cadeira, mantendo o seu sorriso em seus lábios, desfazendo o cruzamento dos seus braços.
Salander: Ficou contente ao ver a Kitsune sentando-se em sua mesa, ela era uma boa companhia. Não pôde deixar de notar o quanto ela bebida rápido e ainda não estava tão bêbada assim. Salander não havia bebido nem metade de seu hidromel mentolado e já estava se sentindo um tanto grogue e solta, talvez por isso estivesse conseguindo conversar tão facilmente com uma moça que há pouco era uma estranha.
— É uma habilidade deveras incrível, admito. Foi tudo graças ao cervo rei. - tentou falar de sua habilidade orgulhosamente, sem parecer arrogante e demonstrou carinho ao mencionar o cervo que havia lhe dado todas as suas habilidades. Reparou que a Kitsune fez uma expressão decepcionada ao ver que sua bebida havia acabado.
— Vai querer mais? - com o efeito do pouco de álcool que havia bebido surtindo efeito, Salander pôs um dos seus cascos sobre a superfície da mesa, fazendo um estrondo, todos os olhos voltados para ela. Espichou o braço, apontando para o balconista.
— Ei, minha amiga, a Rainha das Raposas, quer mais uma bebida. Traga-a! - gargalhou como uma hiena, sua risada aguda e estridente. Ainda com um dos cascos sob a mesa e de pé na cadeira, Salander se curvou para a Kitsune, com a mão cobrindo a boca e cochichou:
— Vamos mostrar que além de ser mais forte que Kitsunes ridículas como a Miiko, é forte para virar a noite! - pegou o caneco de hidromel e bebeu um gole gigantesco - para ela mesma, claro - e depois mascou uma das folhas de hortelã que boiava no hidromel.
Skid Thair: — Deve ser uma maravilha ser a rainha dos cervos, não é mesmo? - Indagou sorrindo grandiosamente, sentindo o efeito da bebida alcoólica se realizar mais rapidamente em si, ficando mais solta e até mesmo mais animada, deixando transparecer a sua verdadeira personalidade. - Com certeza! - Novamente não se conteve e soltou outra gargalhada com a ação seguinte da Salander, adorando passar aquele tempo na taverna com a garota, fazia tempos que não se divertia tanto assim, até batia uma sensação de nostalgia.
O balconista veio até a kitsune e encheu novamente o copo da garota, logo se retirando sem dizer mais uma palavra, até porque não era necessário, porque diabos ia bater boca com os bêbados? Perda de tempo!
— Assim que eu gosto! Sabia que o rei me desafiou para uma luta, mas perdeu de forma humilhante? Aposto que até hoje ele se arrepende de tal decisão! - Proferiu rindo alto, tendo a atenção dos outros voltados para si e para a menina cervo.
A mesma foi interrompida em sua conversa animada com Salander pelo mesmo infeliz que havia levado um soco na fuça por ter perturbado a kitsune, o mesmo segurava com toda a sua força o braço da menina de cabelos longos, mas para ela, sentia apenas um formigamento, como se ele fosse um mero inseto pequeno.
— Você vai me pagar pelo maldito soco, você e essa escandalosa da sua amiga!
Salander: Não ia mentir, adorava que a chamassem de Rainha dos Cervos, afinal, seus animais favoritos! Seu totem! E ela era, literalmente, a rainha deles, de um bando todo!
— É muito! Meus cervos são os melhores “súditos” que se pode ter - nesse momento fez um carinho no cervo que havia na sua tatuagem de totem no antebraço esquerdo, já que seus cervos estavam desmaterializados.
— Mas deve ser ótimo ser a Rainha das Raposas, não? - falou para Skid, toda cheia de pompa pela nova amizade ser alguém tão poderosa e incrível.
— Se o rei perdeu, imagino o que você seria capaz de fazer com Miiko! - riu ao imaginar a líder da guarda Reluzente apanhando, Salander definitivamente amaria presenciar essa cena.
Só então percebeu que o homem que antes importunava Skid estava voltando, as ameaçando como se ele realmente fosse capaz de derrotar uma Kitsune e uma híbrida de cervo ambas treinadas pelo Q.G. Salander revirou os olhos, só a voz do homem a irritava.
— Desculpe, a mesa dos homens com egos feridos é para lá. Essa aqui é apenas nossa. - e apontou para onde estavam aqueles homens que discutiam e gritavam batendo os canecos.
— Pois vou deixar essa mesa livre de vocês já. - o cara de baiacu estava vindo em direção às duas, com uma faquinha de bolso, suas mãos tremiam, e Salander sabia que não era de raiva.
— Pois acredite se quiser, isso não vai acontecer. - a menina cervo ficou de pé na mesa novamente e puxou a menina raposa consigo. Esticou uma de suas mãos e alguns cervos surgiram ao redor de toda a mesa, tornando a taverna mais apertada do que já era. Eles bufaram em uníssono batendo os cascos no chão de madeira, que agora tremia.Todos eram animais gigantescos e fortes, cervos machos que protegiam o bando de qualquer perigo. As outras pessoas do estabelecimento observavam a cena assustadas, as bebidas balançavam nos canecos devido ao tremor.
Skid Thair: — Tirando as responsabilidades e os baba ovos é realmente ótimo ser a Rainha das Raposas. - Proferiu rindo dando um gole enorme em seu copo. - A Miiko que se cuide!
Skid estava perplexa com tamanha ousadia do desconhecido, detestava esse tipo de coisa e ela não iria deixar barato, ah mas não ia mesmo. Assim que Salander ficou de pé e puxou Skid consigo, notou que o homem carregava uma faca de bolso em sua mão, como se aquilo fosse o bastante para amedrontar as duas, se é que isso algum dia iria acontecer. Um sorriso de satisfação e felicidade surgiu ao ver a menina cervo esticar a sua mão, e assim, cervos machos surgirem ao redor de toda a mesa, que bufaram em uníssono enquanto batiam os cascos no chão de madeira, fazendo todo o estabelecimento tremer.
Mas Skid não iria ficar fora da brincadeira, logo, a jovem de cabelos longos ergueu a sua mão destra com a palma aberta, criando as suas chamas fazendo as mesmas rodearem o corpo de Skid com um sorriso divertido fixado nos lábios da garota.
— Você realmente acha que uma simples faca de bolso irá te proteger? - Indagou com desdém enquanto uma raposa se formava pelas chamas de Skid, rosnando para o infeliz a sua frente como um verdadeiro predador.
Salander: Skid estava ao seu lado em cima da mesa enquanto os cervos ainda bufavam e batiam os cascos. Ela viu a Kitsune abrir a palma da mão e uma raposa de chamas roxas surgir da mesma, ela tremulava, reluzente, mas ao mesmo tempo formava solidamente uma raposa selvagem e feroz, os pêlos de fogo roxo dela se eriçaram e ela rosnava constantemente para o homem.
À essa altura, todos da taverna estavam em pânico, a situação já tinha se elevado e as moças do bar estavam encolhidas atrás dos homens agressivos de antes, que agora estavam congelados de pânico, sem saber o que fazer.
— Não ouse pensar que você é páreo para a gente, inseto. - Salander era uma criatura geralmente gentil e reservada, mas quando o ódio tomava conta de si, tratava aqueles que mereciam com desprezo.
Um outro homem havia se metido no meio, o mesmo que servira as bebidas para Salander e também para Skid quando a de antes havia acabado, era o balconista.
— Tudo bem, tudo bem, vamos nos acalmar, essa brincadeira já está passando dos limites. - sem saber como se dirigir àquelas duas garotas raivosas, o balconista tentou ser respeitoso:
— Rainha dos Cervos, você pode, por favor, “sugar” seus amigos de volta? - falou cuidadosamente, como se um dos cervos pudesse perfurá-lo com suas galhadas à qualquer instante.
— E você, Rainha das Raposas, pode fazer a gentileza de guardar suas chamas e sua raposa flamejante? Não queremos nenhum inocente ferido, certo?
As duas acataram a situação e fizeram o que o balconista pediu.
— Iremos nos comportar normalmente, se tirarem essa praga daqui. - Salander disse, exigindo a expulsão daquele homem repulsivo que não aceitava um soquinho por ter sido extremamente chato.
O balconista assentiu:
— Mas é claro, não há porquê ele ficar aqui provocando as moças.
Skid Thair: — Nem se dêem o trabalho, eu mesma faço isso. - Proferiu se referindo ao fato de tirar o desgraçado da taverna, logo, novamente ergueu a sua mão destra, e com apenas um gesto a porta se abriu em um estrondo e diversas e enormes raízes de madeira surgiram, e rodearam o corpo do homem que se encontrava assustado e perplexo com a situação.
Em seguida, o mesmo foi levado para fora pelas raízes e uma delas havia fechado novamente a porta, deixando todos ainda mais assustados e surpresos.
— Tô aprendendo a controlar a terra, por isso dá pra notar que uma das minhas mechas está ficando marrom. Eu nem sei porque isso ocorre. - Proferiu com tanta naturalidade que o balconista estava boquiaberto, mas logo engoliu em seco tratando de fechar a sua boca.
— Er, com licença, preciso voltar ao meu trabalho. - Após dizer isso, se curvou para frente em sinal de respeito e voltou para trás do balcão.
Salander: Skid se encarregou de mandar para fora o homem incomodativo e com apenas um gesto e uma voz majestosa, invocou raízes que o arrastaram para fora, com o pânico tomando conta de seu ser. Salander bateu palminhas para mostrar o quanto estava agraciada com aquela cena toda.
— Agora poderemos beber em paz! - a Menina Cervo sorveu o último gole de seu hidromel, nunca havia bebido um caneco inteiro. E ainda estava com vontade de beber mais, estava estupefata.
— Hmm... - ficou encarando o caneco vazio por segundos, antes de decidir que ia continuar a beber.
— Vou pegar mais bebida!
Se levantou da mesa e foi até o balcão. Quando ela passava, alguns eldaryanos se afastavam, enquanto outros observavam interessados.
— Vai querer mais bebida, moça dos cervos? - o balconista sorriu para ela, provavelmente a estava tratando bem por medo dela materializar novamente aquele bando enorme de cervos.
Ela assentiu e entregou mais folhas de hortelã para ele.
— Pode me dar mais dois canecos? Assim não precisaremos vir até aqui por um tempo. Pelo menos eu, a Skid bebe mais rápido!
O balconista entregou os quatro canecos, e Salander se viu quase sem mãos para carregá-los. Segurou um deles na mão direita, enquanto segurava os outros apertando-os com o braço contra seu peito.
Skid Thair:
— Tudo bem! - Respondeu observando Salander se levantar da mesa e ir até o balcão para pegar mais bebidas.
A kitsune não conseguiu conter a sua risada quando alguns eldaryanos se afastaram, tomados pelo medo com a situação que acabara de ocorrer. Não podia negar que aquele dia foi extremamente divertido, além de ter feito uma nova amizade, conseguiu quebrar o seu limite de bebidas, afinal, havia tomado mais de 5 copos e não estava rindo de forma escandalosa. Em outras palavras: não estava bêbada a ponto de sentir a sua cabeça explodir no dia seguinte e ter que suportar sermões baratos de Nevra.
Salander:
Ela voltou à mesa com os quatro canecos de Hidromel e pôs-se a beber com a Kitsune. É claro que isso não iria dar muito certo, Skid bebia rapidamente e apesar de no início não estar ficando grogue e bêbada, já estava ultrapassando seu limite quando os quatro canecos foram esvaziados. Salander, que era extremamente fraca para bebida - e nunca havia bebido tanto - já estava sem o senso do ridículo. Elas amanheceram bebendo e só saíram da Taverna quando o balconista as mandou para fora - para você ver ao ponto em que elas deviam estar, já que ele superou o medo e as colocou para fora - e Nevra veio buscá-las, carregando Salander aos tropeços toda contente e saltitante e Skid agarrada nele, com raízes surgindo no chão atrás dela por todo o caminho até o Q.G.
A Cervo e a Xamã (interação entre Salander e @Shaman!)
Shaman: Eu sempre cuido dos jardins do QG, é um hobbie que sem querer virou uma das minhas obrigações, eu constantemente cuido das flores e as troco e replanto durante as estações, se não fosse minha alta posição, muitos iriam rir de mim na minha cara por ser a louca que conversa com as plantas. Isso é algo que fiz instintivamente desde criança, a única diferença que agora em Eldarya eu consigo ouvir elas respondendo.
Se bem que com ou sem magia, todo mundo na aldeia falava que as plantas cresciam rápido na minha mão... Será que era por isso que eles me davam o trabalho de colher? Vai saber, ninguém confia em contar as coisas para a criança. Esse hobbie de cuidar das plantas virou uma espécie de medicina pra mim também, depois de eu e as meninas verem os efeitos de acumular Maana no corpo, agora costumamos ser mais ativas também, então ficou mais raro o fato de eu deixar uma trilha de grama alta na floresta ou a Kimy andar queimando a grama (Algo que eu odeio em níveis infinitos).
Era mais um dia normal, estava indo cuidar da Cerejeira e... Que estranho... Porque esses galhos caíram com flores bem aqui?
Então eu vi duas orelhas brancas se movendo. Huh, um Pimpel? O que ele faz aqui.....
Eu não acredito que ele acabou com minha jardineira... Eu não acredito... Eu ia fazer perfume de "Lírios" com isso... Esse coelho vai se ver comigo agora...
Eu peguei essa pestinha no colo e ela ainda me arranhou e me mordeu... Eu não acredito...
No primeiro corredor eu achei a dona dessa pestinha...
— Oh minha nossa, obrigada, estava procurando ela já a um tempo...
— Então você é a dona dessa peste?
— Oi?
— Essa coisinha fofa aqui, acabou com um dos meus canteiros...
— Eu sinto muito não vai se repetir...
— Então, você é a famosa Menina Cervo?
— Digamos que sim...
— A floresta lhe assiste bem de perto, só uma pessoa com um bom coração poderia cuidar daquelas criaturas, então... Eu gostei de você... — A coelha dela rosnou pra mim e senti meu olho brilhar de volta pra ela...
— Você é a tal da Shaman então?
— Sim sim... É estranho ouvir isso ainda de quem eu não conheço... Gostaria de um chá? Talvez eu tenha uma planta da terra que possa lhe agradar.
Salander: Estava há procura de Lisbeth, sua Pimpel fujona que adorava se aventurar pelo Q.G e infernizar os outros. Andou pelo Q.G inteiro, procurou em seu quarto, embaixo das cobertas, dentro da lixeira, dentro dos vasos de flores, mas nada. Prosseguiu em busca de Lisbeth pelo Q.G, ela não estava roendo o Cristal, não estava na despensa tentando escalar nos chifres de Karuto, não estava fazendo xixi nas poções do Ezarel…
A Menina Cervo então decidiu procurá-la nos jardins. Lá pôde ouvir uma voz feminina brigando com a Pimpel. Ouvir Lisbeth se colocando sendo punida era divertido, mas sabia que teria que se desculpar com a moça que falava.
Chegou até a moça e a agradeceu por ter encontrado Lisbeth, ao mesmo tempo que já de desculpava pelo incômodo e pela bagunça daquela malditinha mascote.
A garota era Shaman, uma moça que ela já havia visto pelo Q.G e havia ficado curiosa para conhecer, perguntando sobre ela para outros eldaryanos. Tinha cabelos castanhos repicados, um pouco abaixo do ombro, perto das têmporas haviam mexas trançadas e seus olhos eram verdes como limões prontos para serem colhidos, porém, um era um pouco mais escuro que o outro. Tinha feições delicadas, lábios pequenos e aparentava um ar de bondade e de estranheza, coisa que automaticamente fez Salander gostar dela. Pessoas estranhas gostam de outras pessoas estranhas.
Shaman questionou se ela gostaria de um chá, ao que Salander respondeu:
- Adoraria! O chá de Karuto é um tanto amargo! - se aproximou da garota que já considerava como uma amiga, curiosa para saber sobre a planta que ela havia mencionado.
Shaman: A garota cervo era definitivamente interessante, já tinha visto um dos membros da sua manada perto do meu querido esconderijo, a primeira vez eu me surpreendi, mas um cervo curioso demais é o primeiro a cair na armadilha do caçador. Outra situação é que eu a vi junto a sua manada na planície enquanto saia do lado mais fechado da floresta com Mint (Meu mascote e da Kimy praticamente), era uma imagem fofa, acho que ela não me ouviu, nem eu conseguia me comunicar com as plantas ali.
Quando eu olho pra ela eu sempre lembro da White, você sabe, galhadas e as duas andam como um Veado com os joelhos indo alto, ambas fazem o mesmo som quando andam, é o mesmo ritmo de estalo ao ouvir um cavalo, isso me irritava no laboratório antigamente. Essa garota usa uma capa de penas na cintura com um “botão” feito com um crânio de pássaro, que fofo; sua saia é rasgada, ela usa um top listrado de verde água escuro e verde esmeralda, o cabelo dela também é verde esmeralda e ela tem olhos castanhos, nesse sentido entre olhos e cabelo somos o oposto... É uma aparência interessante, WhiteMask com certeza gostaria de desenha-lá.
— Então bem vinda ao meu quarto, eu divido ele com uma garota chama “Kimy Foxy”, ela é conhecida como a “Falsa Raposa” de Fogo, por isso ele é meio quente comparando com o ar de fora, usei isso pra cultivar coisas que só nascem com clima quente. Por fim… — Coloquei uma das minhas jardineiras em uma grade no chão… Pobres flores. — Quero te conhecer melhor…
— Então, porque estamos no seu quarto?
— Pra pegar um atalho… — Senti meu olho claro arder, era normal quanto ele brilhava ao começar a realizar magia, pouco tempo depois, senti a maana fluírem nos meus braços e as marcas das tatuagens arderem um pouco, indicando que também brilharam, ao juntar as mãos para começar a recitar o feitiço vi algo curioso, a Menina Cervo não era exatamente uma entidade, eram duas, uma ‘humana’ e um espírito dentro de um corpo em uma harmonia perfeita...
Era tão bonito...
Shaman... Se concentra...
Conforme o brilho se tornava mais uniforme, vinhas translúcidas envolviam a gente e quando a cápsula de espinhos se desfez, estávamos em um dos corações da floresta, também conhecido como meu esconderijo...
— Onde nós estamos agora? Estávamos no seu quarto a alguns minutos atrás. Eu nunca vi essa parte da floresta em nenhum mapa da guarda.
— Bem... Você não é a única que esconde algumas coisinhas da Guarda pelo o que os boatos dizem... — Disse isso enquanto puxava uma pequena cortina revelando um pequeno estoque de ervas e mel dentro de uma árvore oca... — Fiquei sabendo a alguns dias atrás por uma estrelinha que você gosta de Chifres de Veado, eu achei uma muda do outro lado alguns dias atrás...Eu lhe ajudo a plantar.
Salander: Continuava curiosa com a tal planta misteriosa. Via Shaman andando graciosamente, usava uma longa e esvoaçante saia marrom que parecia dançar com a brisa. Nos pés, calçava uma sandália com enormes folhas nas canelas, seus passos eram suaves e silenciosos. Podia sentir de longe a conexão que Shaman tinha com a natureza e principalmente com as plantas, a moça cheirava à flores e ao orvalho que cobriam as folhas na manhã, era um aroma bom. Estava seguindo a moça há algum tempo e se perguntava para onde estavam indo.
Foi quando se deu conta de que haviam chegado ao quarto de Shaman.
- Kimy fox é um belo nome! Agora entendo porque a chamam de raposa de fogo! - arfando com o calor, Salander tirou seu cinto de penas - É realmente quente aqui! - Imaginou-se dormindo ali no inverno, deveria ser aconchegante.
Observou o quarto de Shaman e Kimy, haviam plantas por todas as partes e o quarto não poderia ser mais bonito. Salander amava estar rodeada de plantas.
- Adoraria conhecê-la melhor também! Não é sempre que encontro alguém tão interessante! - disse carinhosamente.
Ouviu ela falar em um atalho, sua curiosidade aumentava cada vez mais.
Riu ao ver que assim como ela, Shaman possuía seus segredos, ambas eram independentes do Q.G e isso era ótimo.
Shaman havia puxado uma cortina, e de dentro dela surgiu um buraco em uma árvore oca, cheio de ervas, especiarias e mel.
- É minha planta favorita! - Olhou para Shaman entusiasmada e surpresa, como ela tinha descoberto? Não importava, o que importava é que Shaman não apenas aparentava ser dona de um coração bom, ela realmente o tinha e podia ver isso em seus olhos heterocromáticos brilhantes.
Carta do Concurso de Valentine's Day para o Chat Sala de Star
Carta de Valentine's Day
De: Salander
Para: Cryllis
Cryllis, espero que goste dessa carta de Valentine's Day. Não me entenda errado, por favor.
Quando criança, meu pai sempre me dava presentes nesse dia, não por sentir paixão por mim, mas por sentir o mais puro e paternal amor. Deixei minha família para trás assim que decidi vir para a Eldarya por conta própria, e cá nesse mundo ermo, me deparei com uma figura inusitada - e um tanto peluda - que acabou por se tornar um pai para mim.
Assim como meu pai me dava presentes nesse dia tão doce quanto frutinhas do bosque, eu, como sua filha de consideração, gostaria de lhe dar essa cartinha e continuar essa tradição que ele criou desde minha infância.
Quem disse que não podemos fazer algo assim? Existem diferentes formas de amor, algumas mais fortes que outras, mas todas necessárias para aquecerem nossas almas e creio que não importa o tipo de amor que você queira compartilhar nesse dia.
Desculpe, eu tendo a explicar as coisas demasiadamente e acabo perdendo o fio da meada.
Você foi desde o início, a criatura do Q.G mais próxima de mim, por mais silencioso que fosse, o fato de compreender meu amor pela floresta e querer deixar de lado toda a confusão feita pelas más escolhas de Miiko era mais reconfortante que qualquer outra companhia, inclusive a de Nevra, que você vivia dizendo para eu criar coragem e confessar os sentimentos por ele. Nunca o fiz, meu amor pela floresta e pelos cervos sempre fora maior, e eu sacrificaria todos os amores românticos do Universo por eles.
Você me adotou como sua protegida, me ensinou todos os caminhos dos bosques de Eldarya, me fez capaz de reconhecer as pegadas mais estranhas, diferenciar os frutos venenosos dos comestíveis e fez inúmeros amuletos contra pesadelos para mim, até que cada noite ruim se dissipasse em meu passado.
Por isso, nesse envelope você encontrará um filtro dos sonhos, uma espécie de amuleto da minha terra natal que também previne contra sonhos maus. Você nunca reclamou de noites mal dormidas, mas você não é de falar muito, não é? Eu também nunca falei o quanto você é importante para mim, Cryllis, como um guia, como um amigo e como uma figura paterna protetora e sábia. Contudo eu sentia mesmo assim, e suponho que com pesadelos não deve ser diferente.
Com amor, de uma criatura cuja única paixão é a floresta, para outra.
O Dia em que a Cervo se deparou com a Diabo (interação da Salander com a @Diabo!)
Diabo: Ela se impressionava cada vez mais com a flora e a fauna daquele lugar. Tudo era tão cativante e mágico, que as vezes a dava impressão de estar dentro de um dos seus livros infantis. Enquanto observava as árvores, caminhava lentamente através da trilha que havia sido feita a partir de outras excursões, quantos outros exploradores passaram por esse mesmo caminho, e se indagaram a mesma coisa que Dia... Quem seria o responsável por tanta glória? Estonteada por seus próprios pensamentos, aprofundou-se um pouco mais na trilha, até deparar-se com uma planta que lembrava muito uma que havia na terra. Ela era como uma orquídea, porém, suas folhas eram transparentes como vidro, e seu cheiro era muito desagradável. Sem pensar duas vezes, Dia retirou sua caderneta da bolsa, e fez um pequeno rascunho da mesma, anotando suas características visuais e definindo seu odor. Era como um queijo bem velho, que havia ficado em conserva por muitos anos.
Salander: Como quase todos os dias após sua transformação em cervo, Salander passava o dia na floresta com seu bando. Corriam entre as árvores em busca de gramíneas mais saborosas e árvores frutíferas, para que aguardassem os frutos caírem. Muitos exploradores se surpreendiam com a vista da Rainha dos Cervos e seu bando com mais de 20 animais, era uma situação completamente nova em Eldarya, e Salander preferia se manter segura nos segredos do bosque, evitando caçadores. Ouvia poucos sons na floresta além dos feitos por outras animais e do canto dos pássaros, a floresta em si era silenciosa, trazia uma paz reconfortante. Porém, vez ou outra acabava escutando vozes faelianas, algum integrante da Guarda da Sombra fazendo a ronda - ou até mesmo a espiando, visto que Miiko ainda duvidava de seu caráter - ou procurando algo que os Purro’s necessitavam, também ouvia mapeadores, faelianos responsáveis por desenhar mapas e descobrir novas rotas também eram comuns, bem como integrantes da Absinto procurando por ervas medicinais e outros ingredientes, nenhum desses configurava ameaça, então ela simplesmente os observava e deixava seguirem em frente.
Enquanto comia blueberrys e outras frutinhas do bosque, suas orelhas se empinaram. Sons de papel sendo rabiscado. Seria um mapeador? Vez ou outra ela fazia contato com eles, interessada por seu trabalho de desenhar mapas, querendo inclusive, aprender mais sobre os traços dos mapeadores. Sendo assim, fez sinal para o bando ficar alerta e seguiu o som.
Após passar um riacho, cuja água reluzia como um espelho devido ao sol que brilhava intenso aquele dia, ela encontrou - do outro lado - uma moça anotando algo, enquanto observava uma flor que ela chamava de “Orquídea de Orvalho”, continuou observando a moça, camuflada pelos arbustos do local. Não pôde deixar de perceber como a moça era, tinha cabelos negros que iam para além dos ombros e ornavam um rosto alongado e pálido. Seus olhos lembravam os de um gato, ferinos e cor de âmbar além das pupilas serem em formato de fenda. Usava uma espécie de coroa prateada na cabeça que era quase que toda coberta pelas madeixas escuras e carregava consigo uma bolsa e uma caneta-tinteiro com uma pena enorme, de cor bege. Sua saia amarela chamava bastante a atenção. Um tanto quanto curiosa, ficou ali à espreita, sabia que espiar não era certo, mas era divertido.
Foi quando um dos seus cervos, o mais curioso, - que ela apelidou de Focinhudo por sempre meter o nariz onde não era chamado - simplesmente pulou entre os arbustos e a empurrou para frente, suas pernas bambearam e os galhos caídos no chão estalaram ao serem pisoteados por seus cascos, provavelmente a floresta inteira havia escutado. Ao ver que a moça provavelmente a notaria, congelou. Ficou parada em frente ao riacho como um cervo na estrada ao se deparar com os faróis de um carro.
Diabo: Dia anotava mais características, quando um ruído chamou sua atenção. Olhou para o riacho, e próximo aos arbustos avistou uma criatura, um cervo. Ela paralisou por um instante enquanto observava o animal, ambos se olhavam fixamente por uns segundos, era notável a recíproca da curiosidade. Nesse momento, um turbilhão de perguntas passavam por sua mente, “O que olha com tanta cautela”, “Será se pensa que irei machucá-lo”, sem pensar muito, ela decidiu se levantar e ir devagar até a margem do riacho, não pensou em se aproximar mais, pois o cervo poderia se assustar e fugir. Ela sentou-se junto a margem, e colocou sua bolsa ao lado. Olhou de volta para o Cervo, que parecia ainda mais curioso sobre o que ela estava fazendo. Percebendo isso, ela tentou demonstrar serenidade em seu olhar. Passou a folha com o desenho da orquídea para uma vazia, e concentrou-se ao máximo nos traços do animal. Desenhou o mesmo não muito bem, não costumava retratar animais tão fielmente em suas anotações, mas com muita prudência fez seus traços calmos e singelos. Não por nunca ter visto um antes, mas por sentir que os olhos daquele, em especial, adentravam sua alma e recolhiam o que tinha de límpido e natural nela, fazendo-a sentir pela primeira vez desde que havia chegado em Eldarya, ternura.
Salander: Ao ser pega no flagra, Salander decidiu se aproximar, a garota agora estava na margem do riacho, ela havia dado o primeiro passo para a aproximação, Salander daria o próximo. Focinhudo, o cervo curioso a observava, com medo por ter aprontado e perplexo, ela não era de fazer contato facilmente.
Começou a andar em direção a moça, atravessando o riacho que não era fundo. Suas pernas longas que eram humanas da cintura até as batatas das pernas e então se transformava em pelos e cascos ao invés de pés andavam facilmente pelo riacho, ao ficar frente a frente com a moça, baixou o capuz preto que cobria seus cabelos e parte do rosto e de um de seus bolsos na parte interna da capa retirou um pequeno caderno e lápis.
- O seu é para desenhar ou anotar? - questionou - Adivinhe o meu! - sua voz fina ficava quase que inaudível ao sussurrar, mas devido à sua timidez só falava desse modo, temia estar sendo muito entrosada ao falar com a garota e isso não agradava todo mundo.
Diabo: Dia só conseguia esboçar a expressão de surpresa, ela não imaginaria que a Cervo se aproximaria com tanta facilidade dela. Quando a mesma perguntou sobre sua caderneta seus pensamentos tornaram-se inaudíveis, e a única resposta que conseguia formular era o quanto sua nova companhia era majestosa.
- Eu… os dois. - Foi a única resposta que conseguiu dar somando-a a um sorriso sem graça. - Eu não imaginava que você também possui um... mas, eu tenho a impressão de que você gosta de retratar momentos agradáveis com algo mais além dos próprios olhos. Estou certa?
Salander: Ao notar a expressão de surpresa da moça, ela riu.
- Pareço tão antipática assim? - disse, logo rindo novamente com sua risada aguda e ao ouvir a pergunta da garota, com sua voz suave e um tanto grave, exatamente a voz que ela imaginava que uma deusa ou outra divindade teria - Oh sim! E não só retratar momentos como criar! - Folheou algumas páginas do caderno mostrando alguns desenhos que mostravam cenas típicas de um livro de fantasia e criaturas inimagináveis que nunca havia visto em Eldarya, pelo menos por enquanto, não duvidava que seria possível encontrar criaturas que ela imaginou naquele mundo mágico.
Salander geralmente não mostrava seus desenhos, mas sentiu-se à vontade na companhia daquela estranha, provavelmente por sua calma e pela sensação de segurança que ela transmitia.
Diabo:
Dia olhava encantada os desenhos que a moça lhe mostrava, ela retratava figuras inimagináveis que só Eldarya poderia fornecer, mas que ainda não havia tido a oportunidade de conhecer.
- Os seus desenhos são fantásticos... fico grata por me mostrar. - Dia a olhou com ternura e deu-lhe um sorriso sincero. - Eu me chamo Dia, qual o seu nome?
Salander: Ficou feliz ao ver que a moça havia gostado de seus desenhos, estava curiosa para ver os dela porém não sabia como abordá-la.
- Obrigada... - ela olhou para baixo, envergonhada, elogios sempre a deixavam sem reação. - Me chamo Alissa, mas pode me chamar de Salander. É um prazer conhecê-la, Dia! - Estendeu uma das mãos em forma de punho para ela, aguardando para ela bater seu punho no dela. Uma tentativa estranha de ser amigável.
Focinhudo que antes estava acuado depois de sua façanha, surgiu do nada, tentando agarrar o caderno de Dia com a boca.
- Focinhudo! - deu um leve tapinha na bunda dele, como castigo, mas mentalmente o agradeceu, ela também estava curiosa, torcia para que a garota não suspeitasse.
Diabo:
Dia observava a menina cervo brigando com o colega que parecia ser um travesso, ela riu com a cena, ele não parecia sentir a menor culpa sobre o que havia aprontado. Dia abriu levemente os lábios e a olhou:
- Não brigue com ele. - Falou olhando com carinho para o Focinhudo - Eu já ia mostrar a você mesmo os meus desenhos… eu catalogo coisas nessa caderneta, pensei que se sentisse interessada em vê-las. - Disse pondo as mãos em conjunto para trás. - Estava agora mesmo admirando essa flor que encontrei, ela é belíssima e digna de um rascunho.
Salander:
Sorriu com a gentileza que Dia tratava o arteiro cervinho.
- O Focinhudo é uma praguinha! Está sempre aprontando por aí! Uma vez ele tentou comer uma das caudas da Miiko e é claro que sobrou pra mim!
Ao ouvir o nome “Miiko” Focinhudo se encolheu, ele não tinha boas lembranças com a Líder da Guarda Reluzente.
Observou os desenhos da moça. Ela desenha bem e com um detalhismo impressionante, Salander podia ver até as ramificações das folhas.
- Que planta é esta? - colocou o dedo levemente em uma das páginas apontando para uma flor que era marrom e possuía pequenas pintinhas brancas - Parece que foi feita com a pele de um cervo!
Diabo:
Dia aproximou-se na moça e virou a cabeça para ver o desenho o qual a mesma se referia:
- Oh, essa eu chamei de “Folha de cervo”, de fato me lembrou bastante… - Falou abrindo um sorriso. - Você deveria vê-la, ela tem um cheiro maravilhoso, e totalmente natural. Eu pensei em colher algumas para fazer uma colônia… mas eu não consegui mais achá-la... - Dia olhou para as folhas das árvores, o vento soprou a medida com que ela falava. - É como se, ela apenas tivesse deixado ser encontrada por mim...
Salander:
- Bem, não é a toa que ela se parece com um cervo, é arisca como um - disse rindo. Então pensou que, assim como Diabo havia encontrado a Folha de Cervo, havia encontrado Salander, e não havia acaso nisso. Continuaram ali, na floresta, dividindo conhecimento sobre plantas e criaturas o resto do dia, rodeadas pela brisa fresca da primavera e o cheiro doce das flores. Quando a fome batia, devoravam algumas frutinhas silvestres e continuavam a conversa animadamente. No fim da tarde, se despediram e cada uma seguiu seu caminho.
- O Diabo não é ruim como dizem... - comentou divertida.
Conto para o concurso Copa de Eel, no chat da Guarda Invernia
O clima festivo pairava sob a atmosfera da pequena cidadela de Eel. Times de todos os territórios de Eldarya vinham em comitivas, montados em mascotes, dentro de pequenas ou enormes e extravagantes carruagens, trazendo suas equipes e torcedores para participarem da Copa de Eel, evento que ocorria há cada quatro anos, nunca sediada no mesmo local.
------
— Meu Santo Oráculo, logo esse ano tínhamos que ser sorteados??? — Miiko resmungava mau humorada. — Temos tantas coisas… O problema com o Mascarado, os pedaços de cristal corrompidos, a humana que…
— Miiko, não comece! Vai ser divertido! E justamente por estarmos com tantos problemas que um evento desses fará bem à todos nós! — Huang Hua, como sempre, sendo a voz da sabedoria e o anjinho amigo sentado no ombro da Kitsune.
As duas líderes estavam reunidas na Sala do Cristal, conversando.
— Bem, chega de enrolação — Miiko saiu pela porta e pediu para que Jamon chamasse os rapazes, que um tempo breve depois, surgiram. Contou-lhes sobre a Copa e observou sorrisos surgirem em seus rostos de orelha à orelha.
— Não fiquem tão animados, não quero corpo mole. Vou deixar com Ykhar o que cada um deve fazer logo logo, enquanto isso quero que reúnam todos do Q.G para eu dar o aviso oficial e começarmos com os preparativos.
Os sorrisos, um à um, foram murchando, mas obedientes e dedicados, Ezarel, Nevra, Leiftan e Valkyon seguiram para sua tarefa.
------
Os habitantes do Quartel General de Eel e arredores estavam todos em polvorosa, curiosos e até um pouco reticentes quanto ao aviso que seria dado por Miiko. Entre eles, estava Salander, líder da Guarda Cervidae, que apesar de estar morando na parte profunda da floresta e de ter opiniões um pouco fortes (e nem sempre boas) sobre a Guarda Reluzente, e mais, sobre Miiko, não deixou de se fazer presente. De pé, com os braços cruzados e os cascos batendo no assoalho do Salão das Portas, encontrava-se ao lado de Ewelein.
— Não faça essa cara, eu prometo que você vai gostar da notícia! — A enfermeira e elfa abriu um sorriso otimista para a menina cervo.
— É claro… Seria ótimo se fosse um novo problema entre Balenvia e os Myconides… Me animo só de pensar… — Comentou ironizando.
Tampouco Ewelein teve a capacidade de responder pois Ezarel apareceu, intrometendo-se.
— O que essa chifrudinha está fazendo aqui? Não contou para ela, Ewelein? A notícia vai ser sobre a Copa de Eel, nada que uma perna de pau, ou melhor, casco de pau como você, vá se interessar. — Ácido como sempre e provocativo, o elfo dono de uma cabeleira azul não poupou a má língua.
Salander não podia negar, futebol, copas e esportes no geral não lhe interessavam, mas o orgulho da rainha dos cervos era tanto que não negaria revidar Ezarel.
— Quem disse? Me interesso por qualquer coisa que eu possa humilhar você, ainda mais na frente de uma platéia! — Não hesitou, fazendo beiço e empinando o nariz na hora em que falou.
— Isso está me soando como um desafio…
— É sério? Parem. Discutam e façam suas apostas depois. — Ewelein comentou bufando.
— Aposta? Eu pensei em algo um pouco mais complexo que isso. — Complementou o líder da Absinto.
— Pois desembuche, seja lá o que for, eu topo! — Bateu os cascos com força no piso, dando um leve tapa no ombro do elfo, alguns faelianos viraram na direção dos três, curiosos e também irritados, Miiko já estava dando o aviso.
— É sempre um desprazer falar com você, pode continuar me aborrecendo depois que esse aviso oficial acabar. — Bocejando, Ezarel se mandou, não sem sair dando risadinhas.
------
Após o anúncio de Miiko, gritos de animação ecoaram pelo Q.G, era nítida a necessidade dos pobres Faerys de esquecerem dos problemas e festejarem uma vez que fosse, apesar da grande enrascada em que Eldarya cada vez mais se metia.
— E não se esqueçam! — Bradou Huang Hua — Todos podem formar um time e participar! Vocês poderão jogar e enfrentar os times mais famosos e quem sabe vencê-los e ficarem com troféu?!
Mais gritos foram ouvidos, quando os times famosos foram mencionados, uma cacofonia tomou conta.
— Vocês ouviram? Vamos poder mostrar nosso potencial! — Cochichavam alguns adolescentes faerys.
— Estou tão ansiosa para conhecer os jogadores, imagina se algum se apaixonar por mim? — Uma brownie leoa falou e recebeu resposta de inúmeras outras moças, que desejavam que o mesmo ocorresse com elas.
Porém, sem interesse algum na Copa em si, mas extremamente atenta ao que havia sido dito por Ezarel, Salander começou a procurá-lo. “Onde aquele cabelo de caneta BIC se meteu, ora essa!” ela resmungava enquanto tentava passar pela multidão que havia se aglomerado, sem nem se desculpar quando pisava no pé de alguém ou empurrava.
— Onde a orelhudinha pensa que vai, tão apressada, sem ser para me ver? — Uma voz conhecida falou perto de uma de suas orelhas de cervo e ela pôde sentir uma mão puxando a para si.
— Nevra, agora eu não tenho tempo. Preciso encontrar Ezarel, AGORA! — Disse num tom ríspido. — Quero dizer, desculpe, só é…urgente.
De olhos arregalados e com uma expressão de espanto no rosto, Nevra demorou alguns segundos para se recompor.
— Ezarel??? Eu nunca imaginei que em toda minha vida ouviria você dizer que precisa encontrar ele desse modo tão desesperado. Eu perdi alguma coisa? — E dessa vez a menina cervo notou que o vampiro parecia um tanto magoado.
— Vem, você vai entender. — E apressada pegou o vampiro pelo pulso (nunca pela mão, a timidez não lhe permitia) e saiu para fora daquela confusão toda.
------
Nevra e Salander vagaram por todo o Q.G à procura do elfo que à princípio, parecia ter desaparecido.
— Ele deve estar atazanando alguém para lhe dar mel com mais uma de suas chantagens. — Nevra falou e não de forma pejorativa, tinha uma boa amizade com Ezarel.
— O problema é, onde? Nós já olhamos no refeitório e na despensa.
— Karenn me contou que vai haver uma cerimônia de abertura na praia, devem estar todos ajeitando os preparativos lá, e onde tem gente…
— ...Tem Ezarel incomodando-as. — Completou e saiu arrastando o vampiro em direção à praia.
------
— Na mosca, Nevra! Se eu pudesse te daria um beijo! — Soltou, entusiasmada.
— Eu não sei porque não poderia… — Totalmente vermelha, Salander não respondeu ao gracejo de sua (secreta) paixão.
— Você! — Chegou apontando para Ezarel — Me propôs um desafio e agora quero saber qual é.
Ezarel estava conversando com Valkyon, e ao ouvir a voz fina, e para ele, irritante, da híbrida de cervo, ele virou para trás, com um olhar completamente blasé.
— Eu não sei, acho que você não dá con… — A gola de seu traje foi puxada bruscamente.
— Não me venha com desculpas, ficou com medo da Miiko descobrir mais uma de suas brincadeiras bobas? — Salander era muito mais baixa que ele e o havia puxado para baixo com a gola, sem rodeios, agora estavam em posição igualitária, com os olhos de Ezarel na altura dos seus.
— Ei, ei, ei, Nevra, pode segurar essa criatura selvagem por favor? — Terminou a frase sorrindo. Nevra puxou Salander para perto de si, afastando-a do colega.
— Sabe, todos podem criar um time, certo? — Ela assentiu — Já que você afirma com tanta veemência que não é uma perna de pau, que tal um time meu, contra um seu? Eu mexo uns pauzinhos e faço nós dois disputarmos na primeira rodada. Se você vencer, coisa que não vai acontecer, você escolhe algo lá do laboratório de Alquimia que queira. Já se eu vencer, o que não é preciso ser vidente para saber que é certo, você pega o delicioso mel das colméias dos Bugbears e traz para mim, que tal? — Ezarel esticou o braço, esperando o aperto de Salander.
— Não acredito, era por isso que você queria TANTO ver ele?? — Nevra comentou embasbacado.
— Vocês dois parecem crianças — Comentou Valkyon indiferente — Salander, eu já me meto em problemas o suficiente cuidando desse moleque, não vou assumir suas burradas também.
Ignorando o líder da Sombra e da Obsidiana, ela somente esticou a mão, apertando a de Ezarel com força.
------
— Para começo de conversa, você nem tem um time! E só para finalizar, você me disse que nunca jogou futebol! — O vampiro estava p da vida. — Eu não creio que você caiu nos papos furados do Ezarel! Não é possível que você seja tão orgulhosa! — Ralhou com Salander.
— Isso vai dar confusão… Mas ela não tem um cargo importante e cobiçado na Guarda, diferente de você, que sendo líder da Absinto, deveria se portar como tal. — Valkyon falava tranquilamente com o elfo, como se aquilo fosse uma conversa banal. — Você vai colocar a confiança de Miiko, a transparência da Copa e a animação dos outros faelianos em cima de um desafio que foi feito para seu próprio benefício, de verdade?
— Bla, bla, bla, vocês dois são muito moralistas. — Disse a menina cervo, dando meia volta, já começando a pensar em um uniforme, um nome e o essencial: membros para o time.
— Infelizmente eu tenho que concordar com ela — Continuou Ezarel. — Me dêem licença, tenho que me preparar psicologicamente para o mel dos bugbears que vou ter em mãos.
— Vá sonhando. Eu que logo terei uma bomba de poeira arcana todinha pra mim.
------
As primeiras partidas, incluindo a dela contra Ezarel, seriam dali há dois dias, tempo o suficiente para ela estar com tudo pronto.
Se retirou para a floresta onde começou a desenhar um uniforme, deixando de lado até mesmo a necessidade de jogadores para o time.
— Hmmm. — balbuciava, com o lápis na boca. — Talvez verde e marrom? É, poderia até confundir os jogadores do time oposto, com certeza o uniforme ia se misturar com grama e terra. — Suspirou — Nah, muito sem graça, todo mundo sempre me vê vestindo essas cores… — Arrancou a página com os rabiscos de forma agressiva. De repente, teve uma ideia, partiu para a próxima página e começou a rabiscar, rápida como um foguete.
Ainda com seu caderno de rascunhos em mãos, com a ideia do uniforme já pronta, ela começou a pensar num nome.
— Cascos firmes? Cervo Real? — Se pegou fazendo uma cara de desgosto — Não, credo, parece nome de escola de Samba.
— E que tal, Time do Nevra? — Ao erguer o olhar visualizou a figura já tão conhecida por ela. — Acho que você vai precisar de uma ajudinha e nem estou falando dos nomes para o time, que se me desculpar, estão péssimos.
— Nevra! — Se ergueu animosamente mas pôs-se a se conter, não querendo demonstrar alegria por tê-lo ali com ela. — Confesso, não sou boa com nomes…
— Nem com futebol, nem com lidar com gente infantil como o Ezarel, nem com não se meter em confusão uma vez na vida, nem com… — O vampiro nesse momento estava anunciando uma lista.
— Nem com encontrar um time completo? — Finalizou, implorando para que ele parasse de jogar na cara onde ela havia se metido.
—Não faça essa cara, o Nevra chegou para salvar o dia! — Se prostrou fazendo uma pose heróica.
— É um começo faltam “só” dez jogadores.
------
O resto do dia de Salander e Nevra fora desperdiçado buscando membros para o Time do Nevra, que, na falta de um nome melhor, havia ficado com este mesmo.
Contudo, a busca fora em vão. Convidaram Ewelein, que cogitou participar mas recusou, visto que seria responsável por tratar as contusões. Tentaram Karenn, que somente disse:
— Futebol? Ew, eu quero é estar ouvindo todas as fofocas lá nas arquibancadas.
Ajaléa foi recusada assim que Nevra sugeriu, devido à desentendimentos entre Salander e ela. Jamon não podia nem cogitar o que Ezarel e a híbrida estavam aprontando, Miiko muito menos. Huang Hua tinha cara de quem se divertiria jogando, mas a coitada estava sempre responsável por ficar ao lado de Miiko, como anfitriã.
Salander pensou em convidar Cryllis, mas sabia que Ezarel falaria sobre o mel dos bugbears assim que o visse. Enthraa, que era uma das suas melhores amigas e totalmente esportiva, atlética e forte, não saía da água nunca, não precisando de poção para trocar sua cauda por pernas. Colaia ainda tinha medo de tudo e todos, Ykhar e Keroshane sabiam tanto de futebol quanto Salander e seus cervos.
Plim!
— Meus cervos! — Gritou ao lado de Nevra. — O resto do time estava na frente do meu nariz esse tempo todo! — Começou a saltitar, abanando sua pequena cauda e suas orelhonas.
Nevra a olhou confuso:
— Você sabe que… Cervos não jogam futebol, mesmo em Eldarya, né?
— São os cervos ou o Ashkore e seus aliados, qual você prefere? — Falou irritada.
— Então o Time do Nevra, virou o Time dos Cervos?
— Não se preocupe, vampirinho lindo — Disse sarcástica, apertando as bochechas de Nevra — Você não vai perder o prestígio de ter seu nome no time.
— Bem é que é um pouco estranho, ter meu nome num time cheio de veados. Acho que o Ezarel nunca vai esquecer disso e nunca vai parar de me provocar… — Falou coçando a cabeça, envergonhado.
— AH MEU DEUS! — Salander tinha entendido. — Desculpa mas acho que eu nunca vou esquecer isso. — Começou a gargalhar. — Desculpa, desculpa, pffffffffffffffffffffffffffffffff — Salander parou por alguns minutos, rindo a ponto de sua barriga doer. — Não acho nada demais, mas tive uma nova ideia para o nome do time, sim.
------
Finalmente, a Copa de Eel começou. Todos os times, torcedores e moradores de Eldarya se reuniram na praia, para a abertura. Miiko e Huang Hua fizeram um discurso sobre unir todos os povoados de Eel para celebrarem e se divertirem, juntos, ignorando as diferenças de raças e crenças, que se na Terra já eram extremamente variadas, num mundo mágico como Eldarya seriam muito mais.
— Que comecem os jogos! — Ambas ergueram a taça da copa e as celebrações de abertura começaram.
Houveram inúmeras apresentações antes dos jogos realmente começarem, e o mascote da Copa desse ano era Alajéa vestida de gnomo, coisa que Salander não deixou de guardar bem na memória para relembrar e rir nos dias ruins.
Cinco times jogaram antes da partida que decidiria o campeão da aposta entre Salander e Ezarel.
Miiko e Huang Hua eram as comentaristas, falando através de uma espécie de alto falante alimentado à magia, invenção de Guinevere, uma engenheirazinha que vez ou outra trabalhava para o mercado negro secretamente, mas era uma inventora oficial da Guarda de Eel.
— E agora... dois times que eu nunca esperava ver disputando... — começou Huang Hua.
— ...Algo que me parece muito suspeito, inclusive... — continuou Miiko.
— Melzarel... — Huang Hua segurou a risada — ...e Bambil!
Miiko revirava os olhos, aquilo soava como uma piada de mau gosto.
— Para descargo de consciência, nós, da Guarda de Eel, não fomos responsáveis pela criação desses times, ambos são de total responsabilidade dos DONOS. — Miiko fuzilou Ezarel e Salander.
— Aliás, Miiko — Huang Hua tentava amenizar a situação — Me contaram que o nome Bambil surgiu da mistura de um filme de um famoso cervo da Terra, e de uma seleção de lá também, o Brasil!
— Uaaau, Huang Hua, muito interessante… — A Kitsune disfarçou um bocejo.
— Quanto ao nome Melzarel, acho que todos de Eldarya conhecem o apreço do nosso querido líder da Absinto por mel! — A Fenghuang continuou, tentando tratar toda aquela marmota de forma descontraída.
— E conhecido também pelo seu PÉSSIMO gosto para piadas, não é mesmo, Ezarel? Mas enfim, vamos começar essa partida para que ela acabe logo!
Risos foram ouvidos por toda a arquibancada.
Os dois times entraram em campo. Ezarel ao lado de outros dez elfos, todos de porte atlético que nem mesmo Nevra conhecia.
Salander entrou ao lado do Vampiro, somente eles dois.
— Opa! Parece que temos um problema! O time Bambil tem somente dois membros! Isso não é contra as regras, Miiko?
— É sim, Huang Hua — A líder da Reluzente soava como se estivesse sendo torturada e coagida a estar ali, narrando tudo.
— Nosso juíz, Jamon já está tomando conta da situação!
Ezarel gargalhava como nunca antes:
— Nem para trazer um time completo você não prestou?
Jamon estava em meio de campo, prestes a tirar satisfações com Salander.
— Você acha mesmo que eu não faria uma entrada triunfal pro meu time? Eu não tenho culpa da sua falta de carisma, Ezarel.
Nesse momento ela esticou a mão direita, gesto que fazia sempre ao invocar algum dos seus mascotes ou seu bando, vultos de cervos marrons começaram a sair da sua palma, flutuando, mudando de pequenos para enormes, até se materializarem à sua frente, todos com camisetas amarelas e verde, fazendo alusão à seleção brasileira e justificando o nome do time.
— Ohhhhhhh, que cena! — Huang Hua berrou animada e foi seguida pela arquibancada.
— Que cena… que cena… — Continuou Miiko em seu ânimo de velório.
Jamon assoprou o apito e o jogo começou.
------
A partida que se seguiu só pôde ser denominada com uma palavra: desastre.
Na metade do primeiro tempo, jogadores elfos já estavam com seus uniformes perfurados por chifres e a bola acabou furando depois que um dos cervos de Salander tentou fazer um gol usando as galhadas.
O juíz fez o apito soar novamente e a partida foi tida como um empate, antes que alguém saísse machucado e outra bola fosse furada.
— Mas que partida foi essa? — Huang Hua continuou na sua animação de sempre — Que loucura! Nunca, em nenhuma copa tivemos um jogo desses! Quanta ação! Quanta competitividade motivando os times! Me pergunto o que foi capaz de alimentar tamanha rivalidade!
— Eu também. Agora me dêem licença, preciso conversar com os criadores dos respectivos times… — Disse Miiko, já se levantando.
Presentinho feito pela @Laizah <3
Última modificação feita por Salanderinlove (16-11-2018, às 01h16)
Offline
#50 18-01-2018, às 18h32
menina, adorei a história, você tem muita criatividade ^^, tenho quase os mesmos gostos músicais que você e também (denovo) a sua história tá muito criativa ^^
Offline
- Início
- » Seres de Eldarya
- » A Guardiã dos Cervos por Salanderinlove